Imagem Blog

Tudo sobre Mindfulness, por Luiza Bittencourt

Continua após publicidade

Mindfulness no tratamento da esclerose múltipla

Por Luiza Bittencourt
15 ago 2024, 16h20
Entenda a relação entre os exercícios físicos e o tratamento para esclerose múltipla
Entenda a relação  (prostooleh/Freepik)
Continua após publicidade

O Dr. Marcos Alvarenga, mestre e doutor em Neurologia e especialista em Neuroimunologia explica: “A esclerose múltipla é a doença neurológica que mais incapacita adultos jovens no mundo. Estima-se um número global de pacientes em aproximadamente 2,5 milhões de casos, principalmente na Europa e na América do Norte. No entanto, no Brasil são estimados 50 mil pacientes de acordo com diversos estudos epidemiológicos nacionais.

A doença afeta principalmente a mulheres entre 20 a 30 anos de idade e tem como base uma alteração imunológica que agride o cérebro e a medula espinhal, causando inflamações que se repetem ao longo da vida e geram sintomas neurológicos como perda da visão, formigamentos e perda de força nos membros, visão dupla, dificuldade para controlar a urina e muitas vezes comprometimento cognitivo.

O mais importante é ter o diagnóstico definido de forma rápida para que os tratamentos atuais possam estabilizar o sistema imune e impedir que mais inflamações ocorram no sistema nervoso central. Impedindo assim o acúmulo de incapacidades.

A maioria dos pacientes sofre de ansiedade e depressão frente a esta enfermidade que de forma inesperada pode voltar a “atacar” e gerar sequelas neurológicas permanentes. O paciente com essa condição deve seguir algumas recomendações: alimentação saudável, fazer atividades físicas, cuidar de sua saúde mental e ser medicado com o tratamento correto de acordo com a avaliação do neurologista. Seguindo essas regras habitualmente a doença é controlada e o paciente adquire qualidade de vida para conviver com o problema.”

Continua após a publicidade

Mindfulness pode ser uma terapia de apoio não apenas para os sintomas mentais e emocionais, mas também no lidar direto com os sintomas físicos da EM.

Um estudo que apareceu no BMC Neurology [Burschka, Keune, Oy, Oschmann, Kuhn (2014). “Mindfulness-based interventions in multiple sclerosis: beneficial effects of Tai Chi on balance, coordination, fatigue and depression”.], revela que um programa de tai chi chuan de duas sessões semanais de 90 minutos durante seis meses, “mostrou significativa melhoria no equilíbrio, coordenação e depressão nos pacientes de esclerose múltipla”.

O tai chi chuan é considerado um movimento consciente, uma parte integrante e importante do treinamento em Mindfulness, que trabalha de várias maneiras com consciência corporal.

Outro estudo, [Mills & Allen (2000). “Mindfulness of movement as a coping strategy in multiple sclerosis: a pilot study”.] revela melhorias significativas e diminuição da deterioração dos sintomas relacionados ao controle de movimentos, como melhoria no equilíbrio, na distância que se aguenta caminhar, na redução do enrijecimento nas juntas e melhor controle da bexiga. Se intervenções breves já demonstram resultados muito positivos, a meditação praticada consistentemente, por períodos mais longos, revela um aumento da rede neuronal em diversas áreas do cérebro, o que é de grande interesse já que pessoas sofrendo de esclerose múltipla têm uma maior tendência à neurodegeneração que a população geral [Luders, Toga, Lepore, Gaser. “The underlying anatomical correlates of long-term meditation: Larger hippocampal and frontal volumes of gray matter”. Neuroimage, Vol 45, Issue 3, 15 April 2009: 672–678; e Lazar, Kerr, Wasserman, et al. “Meditation experience is associated with increased cortical thickness”. Neuroreport 2005; 16(17):193-197]

Continua após a publicidade

As primeiras pesquisas sobre mindfulness no Ocidente, na década de 80 com Jon Kabat Zinn, foram justamente sobre pacientes com doenças crônicas, tendo revelado efeitos significativos no sistema neuroendócrino, imunológico e neuroplástico, melhorando sua qualidade de vida. São décadas de estudo sobre Mindfulness no apoio do tratamento e melhoria da qualidade de vida naqueles que sofrem de doenças crônicas, dor e ansiedade.

Nos programas de mindfulness, compaixão e aceitação são partes integrantes também do treinamento: o paciente desenvolve uma relação mais saudável consigo mesmo,lidando melhor com a culpa e autocobrança em excesso.

Um estudo publicado no British Journal of Health Psychology [Bogosian, Hughes, Norton, Silber, Moss-Morris. “Potential treatment mechanisms in a mindfulness-based intervention for people with progressive multiple sclerosis”.], mostrou que, no caso das pessoas com condições crônicas progressivas, “as intervenções baseadas em mindfulness podem ser mais benéficas focando em ajudá-las a aceitar os desafios diários e ensiná-las a reconhecer seus pensamentos e sentimentos, permitindo um tempo para a aceitação e a autocompaixão se desenvolverem. Dinâmicas grupais também têm um papel fundamental no sucesso das intervenções baseadas em mindfulness”. Ensina o paciente a evitar remoer o passado ou se preocupar excessivamente com o futuro. E é muito mais simples do que se imagina, é para todos e basta praticar para sentir os benefícios. Assim como podemos mudar nosso corpo com exercícios físicos, podemos mudar nossa mente e nosso emocional com as práticas de Mindfulness quando realmente implementadas na rotina.

Uma aluna minha diagnosticada EM deu seu depoimento:
“O Mindfulness mudou muita coisa na minha vida. Tanto sobre a minha saúde mental como física. No mundo moderno em que vivemos, não há que não sofra com ansiedade em algum momento da vida. E para nós, portadores de esclerose múltipla, a ansiedade e o estresse são fatores desencadeadores de crises que podem nos trazer sequelas físicas irreversíveis. Lógico que nao podemos ser 100% imunes ao estresse e aos problemas do dia a dia, mas o mindfulness me ajudou a entender que só posso lidar com o aqui e o agora e que preciso estar presente agora para que o meu eu futuro possa ser a minha melhor versão. É preciso plantar agora para colher depois. Eu escolhi cuidar todos os dias da minha saúde física e mental para poder envelhecer da melhor forma que for possível. Na minha concepção, esse autocuidado é essencial para uma vida leve e mais feliz. Com isso, já estou ha 5 anos sem nenhuma crise! “Isabela Rodrigues

Continua após a publicidade

Cuide do seu corpo e da sua saúde física, mas não esqueça das suas emoções e da sua mente. Merecem o mesmo cuidado. @luizabittencourtmindful

Publicidade

Essa é uma matéria fechada para assinantes.
Se você já é assinante clique aqui para ter acesso a esse e outros conteúdos de jornalismo de qualidade.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.