O fim das dietas
Quando me formei na faculdade de nutrição, no final de 2008, eu não conseguia compreender como muitos insistiam em dietas padronizadas e que não davam resultado a longo prazo. Eu observava as pessoas começando e recomeçando novas restrições dia após dia, as impedindo de aproveitar uma happy hour ou até de comer uma fatia de bolo no dia do próprio aniversário, na busca de um milagre nutricional.
Hoje, quase 15 anos depois, eu compreendo a necessidade de se submeter a essas odisseias nutricionais. Existe a pressão estética, a gordofobia, o culto à juventude e, por último, a preocupação com a saúde. Com todos esses pesos para carregar, nada mais justo que perder alguns ou vários quilos na balança.
Mas será que essa fórmula chamada ‘dieta’ dá certo?
Foi com esse questionamento que comecei a expor minha forma de pensar sobre nutrição e alimentação. Através de um blog chamado Não Conto Calorias eu decidi alertar as pessoas sobre os riscos que as dietas restritivas ofereciam, e mostrar que a comida é algo muito maior que somente um emaranhado de calorias e nutrientes. E foi ali que descobri que tem muita gente cansada dessa angústia de não conseguir se manter em nenhum regime.
MAS SEM A DIETA, COMO FAZER?
Entendo que é difícil encarar a alimentação sem a velha dicotomia do “isso pode, isso não pode”, sem um papel ordenando o que se deve comer. A medicalização da nutrição aliada a padrões estéticos cada vez mais duros faz com que as pessoas busquem formas bem autoritárias de consumo alimentar.
Para não pegar o caminho da dieta restritiva, é importante ter alguns pontos em mente. O primeiro passo é entender que dieta boa é aquela que você consegue aderir e sustentar a longo prazo. Uma restrição pode até fazer você perder alguns quilos de maneira rápida, mas ela só será eficaz se você conseguir mantê-la por muito tempo, caso contrário, a balança volta a subir junto com o fim da dieta. Alguns estudos mostram que 80% das pessoas que fazem uma dieta restritiva reganham o peso, podendo inclusive atingir um valor maior do que o inicial.
O segundo passo é entender porque você está numa dieta. Se alimentar bem é realmente fundamental para uma boa saúde, mas será necessário tentar se encaixar nos padrões estéticos atuais para se tornar saudável? Na busca pelo corpo ‘perfeito’, nós adoecemos mais do que nos curamos. As insatisfações físicas que muitas vezes nos levam para o consultório do nutricionista não se resolvem com dieta: na verdade elas podem até piorar, já que dietas restritivas são fatores ‘gatilho’ para o surgimento dos transtornos alimentares.
E por fim, é importante entender que não fazer dieta não significa comer de tudo, como se não houvesse o amanhã. Comer bem depende de escolhas, mas escolhas que consideram aspectos da nossa vida que vão além das calorias: cultura, vida social, saúde mental, tipo físico e muitos outros detalhes que não cabem apenas num plano alimentar.
Hoje existem diversas ferramentas para ajudar quem precisa mudar a relação com a comida mas não aguenta mais viver sob a angústia que as dietas provocam. E é para ajudar você a encontrar o melhor caminho nutricional que eu inicio minha jornada aqui, nessa coluna Nutrição Sem Restrição.
A partir de hoje, vamos falar sobre aspectos nutricionais além das calorias e das dietas da moda. Quero te ajudar a encontrar uma forma de se alimentar traga saúde aliada ao prazer em comer. Fácil não é, mas tenho certeza que o resultado é libertador.