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Saúde sem estresse, por Regina Chamon

Regina Chamon une a medicina com as práticas de bem-estar para te inspirar a cultivar corpo, mente e coração mais saudáveis

Fingir de morto: uma reação natural frente ao estresse?

Por Regina Chamon
Atualizado em 21 out 2024, 22h28 - Publicado em 28 mar 2022, 18h44
medo
O medo te persegue? (Klaus Vedfelt/Getty Images)
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Ah, como eu precisava daquele descanso! Há tempos vinha sonhando com esse fim de semana na pousada no meio do mato. Tomei um banho quente demorado, coloquei um roupão fofinho.

Deitei na cama, pronta para dormir, virei a cabeça para o lado e meu coração pulou: uma aranha enorme caminhava ao meu redor. Gritei pedindo socorro ao namorado que de pronto começou a arquitetar o plano de caça ao inseto. Pegou um copo para usar de arapuca. Um copo de vidro, com grandes chances de acidente, sabemos. Mas na hora do estresse o forte não é o planejamento racional!

A aranha percebeu a tramoia e paralisou. Não mexia nem um pelinho da pata. Totalmente imóvel na quina da parede, quase invisível. Ficamos os três muito atentos, respiração curta, cada um se preparando para sua ação.

O copo foi lançado, a aranha ficou encurralada, colocamos uma folha embaixo do copo para ela não sair e a devolvemos na natureza. Respirei aliviada. Pela aranha, e pelo copo.

Mas o comportamento da aranha ficou me rondando. Em uma teia sem fim me peguei pensando em todas as vezes que me fingi de morta diante da vida. Porque passava por uma situação que imaginei não ser capaz de enfrentar, por medo de tomar uma decisão, por indisposição para encarar uma mudança.

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Aquela resposta ao estresse que aprendemos no passado a chamar de Resposta de Luta ou Fuga hoje ganhou mais um sobrenome: Resposta de Luta, Fuga ou Paralisia. Pois é, quando o estresse aparece podemos lutar com o que nos ameaça ou fugir. Mas quando o estresse é demais também podemos congelar frente ao que nos desafia.

O Dr Hans Selye, grande estudioso do estresse, dizia que não é o estresse que nos mata, mas a nossa reação a ele. Essa reação está intimamente ligada com a maneira como percebemos a situação.

Se nos sentimos capazes de lidar com o desafio, se já vivemos experiências prévias positivas ou se confiamos na nossa capacidade de agir, respondemos de maneira a nos adaptar à situação. Entretanto se nossas experiências anteriores foram negativas ou traumáticas, se nos sentimos sem recursos para lidar até mesmo com situações simples do dia a dia isso pode nos paralisar.

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Construir um repertório com diferentes de recursos físicos, emocionais, espirituais, dar um novo significado a experiências desconfortáveis, criar uma nova narrativa para as nossas memórias, tudo isso permite aumentar a nossa capacidade de adaptação à adversidade. Muitas vezes é preciso um acompanhamento com profissional de saúde e uso de remédios sim, mas essa é apenas uma parte do cuidado e não a única.

Um olhar mais amplo para o que nos assusta aos poucos permite que a gente dê pequenos passos em direção ao desconhecido. Com isso vamos saindo da teia que nos paralisa e deixamos de nos “fingir de mortos” frente ao maravilhoso desafio que é a vida.

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