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Mulher adotou esporte como terapia para superar a perda do pai

Isabela do Valle, estilista de 38 anos, deu a volta por cima com o hipismo

Por Marina Oliveira (colaboradora)
Atualizado em 28 out 2016, 17h08 - Publicado em 23 dez 2015, 09h43

“A morte do meu pai foi a pior coisa que aconteceu na minha vida. Tinha 15 anos quando um problema cardíaco o levou à UTI, de onde ele nunca mais saiu. Passei o ano todo introspectiva. Cavalgar foi a minha terapia. Não sei o que faria se não tivesse o hipismo para me agarrar. Era como se, em cima do cavalo, os meus problemas desaparecessem. Eu, meu animal e a natureza éramos um só. Na época, eu já participava de algumas competições por hobby, mas decidi competir para valer. A partir daí, se não me encontravam na hípica, era porque estava dormindo ou na escola. Por alguns anos, fui uma garota muito fechada. Não conseguia compartilhar a minha dor com ninguém – não queria que as pessoas tivessem pena de mim. Acho que só o meu cavalo sabia o que eu sentia. Esses animais conseguem perceber o nosso estado de espírito. É uma troca. Para ensinar a ele os movimentos, preciso entender como ele está por dentro e por fora. Na última conversa com o meu pai, ele me disse: ‘O que está fazendo aqui, no hospital? Não quero que deixe de montar por minha causa’. No dia seguinte, ele partiu. Aquela conversa foi como um recado: ele tinha orgulho do que eu fazia. Toda vez que recordava essa cena, lembrava que havia mais motivos para seguir treinando. Em 2015, conquistei o Campeonato Brasileiro na categoria amador top e fiquei em primeiro lugar no  ranking de adestramento da Confederação Brasileira de Hipismo. Uni a minha paixão por cavalos ao meu fascínio por moda e criei uma marca de roupas equestres.”

Isabela do Valle Arenzon, 38 anos, estilista, São Paulo.