Fitness Mental: a nova tendência que prioriza o bem-estar da mente
A ideia do "mental fitness" é nutrir hábitos que sejam benéficos para a saúde mental
Tendências comportamentais são muito comuns e surgem o tempo inteiro, mas uma delas chamou a atenção da nossa redação: a chamada “mental fitness”. Curiosamente, o termo não é novo – ele surgiu em 2017, quando um evento global previu que as preocupações com a saúde mental cresceriam exponencialmente nos próximos anos.
Outro dado interessante é que, mesmo antes da pandemia de coronavírus, a Organização Mundial da Saúde já previa também que, até 2030, a maior ameaça à saúde humana não seria a obesidade, mas, sim, a depressão – hoje, diz-se que mais de 300 milhões de pessoas convivem com a doença no mundo.
A ideia do fitness mental, então, é ser como os exercícios físicos são para o corpo: oferecer uma série de hábitos benefícios que garantem um bom estado da mente.
“Uma boa saúde mental é mais que apenas a ausência de um transtorno. É, principalmente, um estado de bem-estar onde o indivíduo se sente bem e funciona bem no mundo”, explicam Tatiana Pimenta, CEO e cofundadora da Vittude, e Fábio Camillo, responsável técnico e head de psicologia da health tech. “De acordo com a Organização Mundial da Saúde, boa saúde mental acontece quando as pessoas conseguem lidar com o estresse normal da vida e trabalhar produtivamente.”
Nesse sentido, uma pessoa que tenha boa saúde mental provavelmente é capaz de sentir, expressar e gerenciar uma gama de emoções positivas e negativas. Além disso, ela também consegue realizar tarefas diárias e cuidar de si mesma. Isso pode incluir dieta, exercício, sono, limpeza, trabalho, aprendizado e atividades sociais. Em geral, participam de atividades que gostam e conseguem construir e gerenciar relacionamentos saudáveis com os outros indivíduos.
OS PILARES DO FITNESS MENTAL
Com esse conceito de saúde mental em mente, o que o movimento de mental fitness defende é a adoção de uma série de hábitos que colaborem para a manutenção do bem-estar mental. São eles:
1Alimentação adequada
“A relação entre nossos hábitos alimentares e nossa saúde mental é complexa. No entanto, algumas pesquisas mostram uma ligação direta entre o que comemos e o funcionamento cerebral”, dizem os profissionais.
Comer regularmente, por exemplo, pode impedir que nosso nível de açúcar no sangue caia, o que pode provocar sensação de cansaço e mau-humor.
Além disso, beber 2,5L de água não é uma recomendação somente para uma boa saúde física, vale também para a saúde mental. A desidratação leve pode afetar o humor, o nível de energia do corpo e até mesmo nossa capacidade de concentração.
“Ingerir um equilíbrio certo de gorduras também é importante”, dizem. “Nosso cérebro precisa de gorduras saudáveis para continuar funcionando bem. Elas são encontradas em alimentos como azeite, óleo de colza, nozes, sementes, peixes oleosos, abacates, leite e ovos. Também vale dizer que evitar gorduras trans – muitas vezes encontradas em alimentos processados ou embalados – é essencial para uma boa saúde mental, pois estes elementos podem ser ruins para o humor e a saúde do coração.”
E não é “só” isso: é preciso pensar também na saúde intestinal. O intestino, chamado de segundo cérebro, pode refletir na forma como estamos nos sentindo: ele pode acelerar ou desacelerar os efeitos do estresse. Por isso, priorizar alimentos que sejam bons para o nosso intestino, como frutas, legumes e probióticos, é essencial.
“Resumindo, não existe saúde mental sem uma boa alimentação!”, explicam.
2Busque uma rotina de exercícios físicos
“Pessoas que se exercitam regularmente têm melhor saúde mental, maior sensação de bem-estar e menores taxas de doença mental. O exercício físico também é importante para pessoas que estejam convivendo com uma doença mental, pois contribui para a melhora do humor, concentração, estado de alerta e condição física geral”, explicam Tatiana e Fábio.
O exercício não precisa ser extenuante, estruturado ou levar muito tempo para trazer benefícios. Qualquer atividade física é melhor que nenhuma, mas os especialistas recomendam que adultos sejam ativos na maioria dos dias, visando um total de 2,5 a 5 horas de atividade física moderada ou 1,25 a 2,5 horas de atividade física vigorosa por semana.
3Priorize o sono de alta qualidade
“O sono funciona como restaurador do nosso corpo e mente. Nosso cérebro precisa descansar e o sono é fundamental para isso. Quando não dormimos bem, no dia seguinte podemos ter prejuízos cognitivos como dificuldade em nos concentrarmos e também na memória. Além disso, é comum que possamos nos irritar com mais facilidade”, relembram.
Dessa forma, essas alterações podem ser prejudiciais tanto do ponto de vista individual, quanto coletivo, interferindo na nossa capacidade laboral e nos nossos relacionamentos – isso sem mencionar acidentes e outros problemas que a falta de sono podem ocasionar.
É durante o sono que ocorrem o crescimento muscular e o fortalecimento do nosso sistema imunológico, além da regulação de apetite. “Logo, dormir bem contribui para um peso mais adequado, regulação do humor, diminuição do adoecimento físico e também mental”, dizem.
4Estabeleça limites claros
Cada pessoa reage de maneira diferente às situações, e o que pode ser prejudicial para algumas pessoas não necessariamente é para todas as outras. Por isso, o primeiro passo é se conhecer.
Entender que seus limites são diferentes dos das demais pessoas e que não faz bem algum se comparar aos outros é parte desse processo. “É importante aprender que se dizemos sim a alguém, mas isso é um não a nós mesmos, estamos nos desrespeitando. Estabelecer limites significa saber o que te faz bem ou mal e buscar formas de lidar ou evitar situações que possam trazer prejuízos ao seu bem-estar”, complementam.
Isso vale para as relações interpessoais, para o trabalho e para a vida como um todo. Quando não paramos por livre e espontânea vontade e nos sobrecarregamos física e/ou emocionalmente, a vida tende a cobrar seu preço e acabamos sendo parados por ela. Nesse sentido, contar com o auxílio da psicoterapia é fundamental para entendermos quais são os nossos limites e a melhor forma de lidar com situações que os ultrapassem.
5Valorize os momentos de descanso e ócio
“No mundo atual estamos hiperconectados e tendemos a ver o descanso e o ócio quase como algo negativo, improdutivo. Porém, diversos estudos comprovam a necessidade de descansarmos para inclusive sermos mais produtivos e motivados”, contam Tatiana e Fábio. “No ambiente de trabalho, por exemplo, quando mergulhamos em uma situação ou problema sem dar um espaço para enxergar isso de fora, acabamos nos desgastando e nem sempre encontrando uma solução adequada.”
Uma técnica que pode ser empregada, nesses casos, é a de focar na situação por um tempo, sem distrações, depois se distanciar dela e dar tempo ao cérebro para que você possa ter insights e soluções mais criativas.
Já na vida pessoal, de forma geral, o ócio e o descanso nos permitem ser menos suscetíveis ao estresse, produzir hormônios relacionados ao prazer e à felicidade e nos renovarmos para lidar com nosso dia a dia.
“É importante, porém, entender que de nada adianta encher seu tempo de descanso com outras atividades pelo receio de parecer improdutivo. Por isso, desconectar-se por um tempo das redes sociais, praticar esportes compatíveis com seu corpo, interagir socialmente, ler, ouvir música, meditar ou qualquer outra atividade que seja prazerosa são formas de nos reenergizamos. E mesmo o ‘fazer nada’, quando nos permitimos a isso, tende a apenas nos fazer bem”, finalizam.