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Grazi Massafera: força e fragilidade

Capa de dezembro de Boa Forma, atriz fala da conexão com a natureza e a volta às novelas para interpretar sua primeira vilã

Por Juliany Rodrigues
8 dez 2025, 12h00
Grazi Massafera
Grazi Massafera (Fernando Tomaz (@fernando_tomaz)/BOA FORMA)
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Força e fragilidade. Dois termos que, apesar de parecerem opostos, convivem em Grazi Massafera. A atriz não tenta mais separar uma coisa da outra — e entende que é justamente essa mistura que fez ela se tornar a mulher que é hoje.

Grazi aprendeu a reconhecer (e acolher) suas próprias vulnerabilidades, e mostra que elas não diminuem em nada a sua potência e a sua vontade de seguir mudando.

“O que te sustenta para que o espelho não te consuma, principalmente nos tempos de hoje, em que todo mundo consome beleza? Para mim, é o que você transforma, o que você amadurece, o que você reverbera, o que te engrandece”, declara, à edição de dezembro de Boa Forma.

Em meio à gravações, maternidade, demandas pessoais e exposição pública, a mãe de Sofia, de 13 anos, se esforça para encontrar o bem-estar em pequenos detalhes do dia a dia — seja passando tempo com a filha, cuidando dos animais de estimação ou até mesmo pisando na grama.

Seu vínculo com a natureza, aliás, é um dos pilares que fazem com que ela se reconecte com o presente. Natural de Jacarezinho, no Paraná, a atriz carrega raízes do interior e encontra no contato com o ar livre um lembrete poderoso de que tudo tem seu tempo.

“A natureza faz você voltar a entender que existe um tempo das coisas acontecerem. Ela é o contraponto das máquinas. Ela faz eu me lembrar que sou humana. Eu lembro de onde vem o ar que eu respiro.”

Estrela da nossa última capa de 2025, Massafera, que está no ar com a personagem Arminda, em Três Graças (TV Globo), fala, em entrevista, sobre autocuidado, volta às novelas e mais. Confira a seguir!

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Grazi Massafera
Grazi Massafera (Fernando Tomaz (@fernando_tomaz)/BOA FORMA)

O que você considera essencial no seu autocuidado hoje, não por obrigação, mas porque te faz bem de verdade?

Levar minha filha na escola, brincar com os meus pets. Acho que essas coisas são essenciais para mim. Eu considero isso um autocuidado na minha vida.

Estar com a Sofia, para mim, é um autocuidado. É um carinho no meu feminino, no dela, é um envolvimento de mãe e filha. É o hormônio do amor, da ocitocina. E os meus bichinhos me trazem muita serotonina, me trazem felicidade.

Aquele momento de manhã em que eu acordo e os pets aparecem correndo para dar bom dia. Eu amo isso. Eu sou doida por animais. Então, para mim, autocuidado é tirar 5 minutinhos para cuidar deles também. Colocar a comidinha, limpar uns cocôs (risos).

A gente está perdendo esses hormônios em meio ao trabalho e à correria. A rotina é puro cortisol (hormônio do estresse).

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Em relação ao autocuidado estético, acredito que uma rotina de skincare e de hidratação também fazem a diferença no meu dia a dia. Passar meus cremes à noite, beber água… Tudo isso ajuda a evitar a sensação de ressecamento no corpo.

A natureza parece ter um papel muito especial na sua vida. Quando você pensa na sua relação com o ar livre — o que isso representa pra você hoje?

É conexão, que eu acho que é algo que a gente vem perdendo ao longo da vida, porque a gente vai se preocupando com tantas outras coisas e acaba esquecendo da importância disso.

A natureza faz você voltar a entender que existe um tempo das coisas acontecerem. Ela é o contraponto das máquinas. Ela faz eu me lembrar que sou humana. Eu lembro de onde vem o ar que eu respiro.

Então, eu preciso pôr o pé na grama. Para mim, é como se eu estivesse me recarregando. A natureza entra na minha espiritualidade também.

Quando eu fico muito tempo sem tomar um banho de mar, de cachoeira, sem essa conexão, eu vou me perdendo até de quem eu sou. Natureza me faz lembrar que tudo exige um tempo de cura nessa vida.

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O que você faz para preservar a sua saúde mental? Tem algo que virou a sua “válvula de escape”?

Fazer uma respiração de yoga me ajuda muito, assim como as sessões de psicanálise, em que eu não posso faltar.

Também preciso tirar o sapato e pisar na grama. Esse é um recurso rápido para mim. Às vezes, estou em uma situação em que preciso resolver algo, e a respiração começa a ofegar, começa a vir uma certa ansiedade, e aí pisar na grama acaba oferecendo um certo alívio imediato para mim.

Grazi Massafera
Grazi Massafera (Fernando Tomaz (@fernando_tomaz)/BOA FORMA)

Como a chegada da sua filha, Sofia, mudou a sua forma de viver, trabalhar e cuidar de você mesma?

Era só eu e minha família. De repente, tinha um ser pulsando dentro de mim. E aquilo me deixou muito insegura, em um primeiro momento.

Mas, ao mesmo tempo, parece que me despertou uma força de leoa, e eu passei a fazer coisas por ela que eu nunca tinha feito nem por mim. E, a partir disso, eu comecei também a fazer por mim, eu comecei a me respeitar mais, a estudar mais, a ver o mundo de outra forma.

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A gente sabe que nós, mulheres, neste mundo, temos um exercício de força em todos os quesitos. É um mundo muito mais masculino, em que a gente tem muita violência e abuso. Então, como criar uma menina nesse cenário?

Todas essas questões me fizeram buscar um tipo de conhecimento que se transforma em maturidade. Porque é uma escolha.

Esse amor absoluto fez eu me mover de forma ainda mais intensa na minha vida. Ele me transformou. Eu venho me tornando uma mulher muito mais especial nesses sentidos todos.

Pessoalmente, como você se sentiu ao sair do loiro e passar para um tom mais castanho acobreado? Como foi a sua reação ao se ver com o novo visual?

Eu estranhei à princípio, mas eu achei que tinha tudo a ver com a personagem e criei uma paixão por esse tom. Ele faz toda a diferença na construção da Arminda, de Três Graças.

Tirou a minha loirice e, agora, eu tenho que fazer manutenção todo mês. Eu já teria que fazer isso de qualquer forma, porque vai começar a vir os meus branquinhos (risos).

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A verdade é que ver o meu cabelo tão liso assim, para mim, é mais chocante do que a mudança da cor. O cabelo da Arminda é muito liso e, em mim, eu gosto de mais movimento. Eu gosto de deixar o cabelo mais natural, tenho preguiça de fazer escova — que, agora, estou fazendo todos os dias.

Como você lida com a exposição ao público e as expectativas em relação a sua aparência – principalmente agora, em um momento de mais maturidade e autoconhecimento?

Eu venho transformando isso. Não vou dizer que eu já estou totalmente transformada, mas eu acho interessante esse processo começar ainda, porque beleza é perecível.

Então, eu venho pensando e me movendo em relação a isso. Porque existe um lugar de mover, um lugar de autoestima. É aquele papinho de “beleza interior”, que, apesar de ser clichê, é muito real.

O que te sustenta para que o espelho não te consuma, principalmente nos tempos de hoje — em que todo mundo consome beleza? Para mim, é o que você transforma, o que você amadurece, o que você reverbera, o que te engrandece.

Yoga é uma prática que, para mim, toca em um lugar também muito espiritual. Quando não tenho tempo de fazer, confesso que até fico um pouco angustiada.

Ela ajuda a tirar esse foco do exterior e colocar ele nessa transformação interna. A consciência vai mudando em relação a tudo. Essa transformação está acontecendo, e eu tenho buscado por ela.

Tem muitas mulheres que estão envelhecendo que me inspiram. A gente está, cada vez mais, verbalizando isso e dando luz à questão da maturidade feminina.

A minha aparência não é o que me representa totalmente. Eu agradeço, e eu amo ela, mas não é o que me representa. O que me representa sempre foi muito mais do que isso. Até na minha época de miss, eu já pensava assim, mas acho que estou amadurecendo ainda mais com o tempo.

Quando eu perdia um concurso, eu saia de lá feliz pela vitória de outra pessoa, pois isso não me menospreza em lugar nenhum.

Eu sabia quem eu era, eu sabia para onde eu estava voltando, eu sabia que eu queria tentar de novo. Nunca foi por um lugar de mérito. Eu acredito que é assim: tem dia que eu estou mais brilhante, de dentro para fora e de fora para dentro.

Eu estou vendo meu pai e minha mãe passando pelo envelhecimento. São pessoas extremamente ativas, e aí a atividade corporal e os músculos vão diminuindo. E eu tenho pensando muito mais nisso, no fisiológico, do que na beleza hoje em dia, para ser muito sincera.

Quando você se olha no espelho hoje, o que mais te chama atenção na mulher que você é — por dentro e por fora?

A minha força e a minha fragilidade. Olha como contrapõe. Eu me olho no espelho e vejo no meu semblante, no meu corpo, a minha força. Mas, nos meus olhos, eu consigo enxergar a fragilidade.

Grazi Massafera
Grazi Massafera (Fernando Tomaz (@fernando_tomaz)/BOA FORMA)

Como está a sua relação com o treino hoje? Quais modalidades têm feito parte do seu dia a dia?

Eu amo a atividade física. Meu dia perfeito é se eu conseguisse malhar, fazer uma ioga e tal.

Confesso que eu não tenho conseguido fazer, principalmente por conta da correria da gravação. Não estou tendo muito tempo para os treinos, e eu estou ficando um pouco mexida, porque os treinos me fazem feliz.

Se eu não malho, meu corpo sente. E não é estético, é físico. Malhar, para mim, é uma questão de circulação sanguínea e de humor. Às vezes, vou me movimentar estressada e volto muito mais tranquila e feliz.

Desde criança sempre fui muito ativa. Vôlei, ginástica olímpica, eu sempre fazia de tudo. Tudo que aparecia eu fazia. Eu gosto de desafiar meus limites. E isso vai no mental e no físico.

Como começou a sua relação com yoga?

Eu fui atrás de yoga porque eu descobri que era bom para melhorar o estresse. Aí eu comecei a fazer com uma professora e simplesmente detestei.

Mas resolvi insistir na prática. E, aos poucos, eu fui entendendo que o yoga ia para além do exercício físico, ia para um lugar que transcende isso.

No ioga, você faz uma terapia no tapete praticamente. O processo da respiração e do alongamento do corpo te ajudam a perceber sua rigidez e os seus próprios limites. Quando você extrapola os seus limites, você sente dor.

Junto com a prática, eu aprendi os mantras. Então, para mim, yoga tem muito a ver com a espiritualidade, com uma filosofia de vida. Sem o yoga, meu psicológico fica abalado.

O que te motiva a movimentar o seu corpo hoje? Quais são os seus objetivos com os exercícios físicos?

Tentar preservar a massa muscular. Já estou com mais de 40 anos e, nessa fase, é normal a massa muscular entrar em decadência. E não é a todo custo.

Eu não uso produtos para conseguir atingir determinado objetivo estético. Não sou refém disso. O que eu priorizo hoje é uma mulher 40+ que cuide da sua perda muscular, que é algo que acontece naturalmente.

Grazi Massafera
Grazi Massafera (Fernando Tomaz (@fernando_tomaz)/BOA FORMA)

E sua alimentação? Você costuma seguir alguma dieta mais definida ou prefere escutar o seu corpo e ajustar conforme a fase?

O que tem sido difícil para mim é a redução do açúcar. Eu consegui parar por um tempo, um mês. Aí eu quase surtei. Voltei a comer meus doces. E essa diminuição do açúcar que eu busco não é motivada por estética ou por uma dieta específica. É uma questão de saúde.

O açúcar é um um vilão em várias questões físicas. É proliferador de inflamações, favorece o surgimento de doenças neurológicas, muitas coisas. Essa tem sido uma guerra que eu quero vencer.

Eu sempre vou escutando o meu corpo e vou negociando. Eu gosto de me alimentar bem e de forma saudável, mas eu também me dou o direito de comer umas coisinhas mais gostosas.

Quando eu vou fazer cenas difíceis no meu trabalho, por exemplo, não dá para almoçar muito. Eu tenho que dar uma balanceada. Não gosto de gravar de barriga cheia, barriga pesada. Um detalhe: eu levo a minha comida para o estúdio, até por questão de tempo, traz uma certa praticidade.

Mas, assim, eu gosto de comer rabada, gosto de comer pé de galinha, gosto de comer de tudo. Frutas, verduras e legumes fazem parte da minha alimentação. Agora, tem um problema: eu costumo esquecer de beber água.

Você saiu de uma exposição enorme no BBB e construiu uma carreira muito consistente depois disso. Quando você olha pra toda essa caminhada, como sente que aquela experiência influenciou quem você é hoje — como mulher e como atriz?

Eu acho que o que influenciou foi o pós-BBB. Eu fui aproveitando bastante o que eu pude, tanto em relação à exposição quanto às oportunidades.

O tamanho da exposição, você só percebe quando sai. Então, quando eu saí, foi um susto e eu saí feito uma desesperada com os diferentes tipos de oportunidade que eu pudesse ter e com o quanto isso iria mudar a minha vida. Essas oportunidades de trabalho poderiam ser só por um ano, por exemplo. No próximo ano, tinha outro Big Brother e esqueceriam.

Aí veio a oportunidade de trabalhar como atriz e, mais uma vez, eu fui para cima, com muita vontade e com muita responsabilidade. Eu mergulhei nisso.

Grazi Massafera
Grazi Massafera (Fernando Tomaz (@fernando_tomaz)/BOA FORMA)

Como foi a sua preparação para viver a sua primeira vilã, a Arminda, em Três Graças? Você sente que esse papel mexeu com alguma camada sua, algo que você não tinha explorado ainda?

Eu acho que a minha “preparação” ainda está sendo construída, porque a obra é aberta. Toda semana eu recebo um bloco. Então, eu ainda estou conhecendo a Arminda.

A Arminda é um resultado do autor em conjunto comigo e com a direção. Eu acredito muito nesse trabalho coletivo. Toda semana eu recebo um bloco. Então eu tô conhecendo a Arminda. A Arminda, ela é do autor em conjunto comigo e direção. Nenhum personagem é “só meu”.

É uma personagem que exige de mim uma energia densa o dia todo. Eu não tenho tempo de chegar em casa e fazer esse processo todo de autocuidado que conversamos no início. Trabalhar em novelas é extremamente exaustivo. É algo que vai ao ar de segunda a sábado. Todo dia.

A gente fala que quem faz novela não transa praticamente (risos). O que eu quero dizer é que eu não tenho muito tempo para regular essa minha energia interna.

Mas tem uma equipe muito gostosa de trabalhar, a direção é muito atenta. O pessoal é muito querido. E eu tenho contato com pessoas incríveis diariamente, o que é muito prazeroso. Eu aprendo e estou sempre atenta a cada um para ver como eles estão criando os personagens no dia a dia.

Os tempos mudaram, a TV mudou, a internet entrou vorazmente. Tanto é que as audiências diminuem. A gente vê a novela sendo bem recebida, hoje, na internet.

Esse é um assunto que eu posso ficar horas falando. Eu não faço uma novela inteira há 6 anos. Está sendo uma experiência doidona.

Quais são os maiores desafios que a Arminda traz pra você, tanto como atriz quanto emocionalmente?

A Arminda tem uma energia muito alta e é extremamente egocêntrica. E isso é um lugar que eu preciso trabalhar. Ela não é uma personagem convencional. Tem um pé no cartoon e um pé no overacting. Quando eu saio da Arminda, eu tento dormir, para tentar fazer ela “sair” de mim.

Apesar de ser uma ficção, a personagem acaba mexendo comigo, com as minhas emoções. E é difícil para o nosso corpo compreender o que está acontecendo.

O que você mais gosta em estar de volta ao horário nobre da televisão brasileira?

É ver as pessoas e os comentários. Eu gosto de ler os comentários, adoro os memes, adoro essa troca com o público que a novela proporciona. É uma troca imediata. O capítulo vai ao ar e as pessoas já começam a fazer publicações nas redes sociais. Eu acho isso engraçadíssimo.

Grazi Massafera
Grazi Massafera (Fernando Tomaz (@fernando_tomaz)/BOA FORMA)

Fotos: @fernando_tomaz
Beleza: @henriquem85
Styling: @giusepebotelho
Set Design: @jeanlabanca
Nail design: @robertamunis
Camareira: Reni Gaia
Assistentes de beleza: @juliocardim_beauty e @shady_jordan
Assistentes de Foto: @narebaa, @franckwillianfoto e @gianfranco.vacani
Produção executiva: @fernandasa.ag
Assistente de produção: @xjessicamedeiros
Tratamento de Imagens: @studiobrunorezende
Coordenação: @trigocomunica

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