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Letícia Sabatella recebe diagnóstico de autismo. Entenda o transtorno

A atriz revelou que tem um grau leve de autismo, o qual só foi descoberto aos 52 anos

Por Juliany Rodrigues
Atualizado em 22 set 2023, 15h43 - Publicado em 22 set 2023, 15h07

Recentemente, a atriz e cantora Letícia Sabatella divulgou ter descoberto aos 52 anos o diagnóstico de um grau leve de Transtorno do Espectro Autista (TEA), caracterizado como um distúrbio do desenvolvimento neurológico, relacionado à dificuldades comportamentais, de comunicação e de socialização.

“Ainda é um pouco antecipação eu falar, porque ainda não estudei o suficiente para falar sobre isso, mas já sei que é, descobri com investigação de uma psiquiatra e neurologista que é muito séria”, disse em entrevista ao podcast Papagaio Falante.

A seguir, especialistas do Centro de Estudos e Pesquisas “Dr. João Amorim” (CEJAM) esclarecem os principais mitos e verdades sobre o tema:

1

Existem diferentes tipos de autismo

Verdade.

Segundo a psicóloga Ana Paula Ribeiro Hirakawa, que atua no Centro Especializado em Reabilitação IV M’Boi Mirim, gerenciado pelo CEJAM em parceria com a Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo, há quatro tipos de déficits, que se diferem entre si, e englobam comunicação, interação social, repertório restrito e comportamentos estereotipados e repetitivos.

Além disso, ela destaca que o autismo também se dá em diversos níveis. “Existem três níveis de gravidade dentro do espectro autista, dos quais serão avaliados os prejuízos na comunicação social e os padrões de comportamentos restritos e repetitivos, sendo eles: nível 3, exigindo apoio muito substancial, nível 2, exigindo apoio substancial e nível 1, exigindo apoio”.

2

Toda pessoa com TEA tem inteligência acima da média.

Mito.

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Considerando que o autismo pode apresentar uma grande diversidade de sintomas e níveis, a profissional destaca que existem pessoas com TEA que possuem habilidades direcionadas para algum assunto de interesse, mas não são todas.

3

É possível ser diagnosticado com autismo depois de adulto.

Verdade.

De acordo com a psicóloga, muitas vezes, os sintomas do autismo podem não ser percebidos, ainda que eles comecem a aparecer nos primeiros anos de vida. “A pessoa com TEA pode se adaptar como qualquer outra, mas pode seguir apresentando dificuldades que interferem no seu dia a dia – por exemplo, nas relações sociais – porém, que não foram investigadas e acompanhadas anteriormente”.

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Não há um exame específico para detectá-lo, ou seja, o diagnóstico é clínico e, em boa parte, depende da observação do paciente. Alguns dos sinais que podem indicar o transtorno são: atraso na fala, dificuldade de socialização e de participação de atividades em grupo e interesse compulsivo por determinados assuntos.

“A observação clínica se mostra importante para o diagnóstico, em que se considera a singularidade e subjetividade de cada sujeito, lembrando que é preciso ter cuidado para classificações generalizadas e banalizadas. Não é possível fazer um diagnóstico somente com um checklist obtido na internet”, alerta.

Ana também destaca que é fundamental fazer uma investigação adequada para excluir outros possíveis diagnósticos.

4
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O tratamento para o autismo é multidisciplinar.

Verdade.

O tratamento do autismo pode envolver a ajuda de diversos profissionais, entre eles, terapeutas ocupacionais, fonoaudiólogos, fisioterapeutas e psicólogos. “É sempre importante utilizar atividades de interesse e escolha do paciente, para uma maior vinculação terapêutica, protagonismo na atividade e melhor desempenho no processo terapêutico”, afirma a Vivian Ogawa, terapeuta ocupacional do CER IV M’Boi Mirim.

A terapeuta ocupacional ainda ressalta o papel da família no progresso do tratamento, praticando a inclusão e empoderando o indivíduo. “É essencial que a família insira o paciente em todas as atividades e rotina da casa, e nunca fazer por ele, mas sim auxiliá-lo a fazer e participar, mesmo que seja uma tarefa simples ou de forma adaptada”.

O QUE É O TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA?

Dados do CDC (Center of Deseases Control and Prevention), órgão ligado ao governo dos Estados Unidos, apontam que, hoje, existe um caso de autismo a cada 110 pessoas, e estima-se que o Brasil possua cerca de 2 milhões de pessoas com a condição.

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O autismo se caracteriza como um transtorno que afeta a comunicação, a interação social, a linguagem e o comportamento da pessoa. Na maioria das vezes, o diagnóstico ocorre na infância, porém também pode ser descoberto em adultos, embora haja algumas dificuldades em confirmá-lo nesta fase.

É importante lembrar que indivíduos com TEA podem apresentar outras doenças concomitantes, incluindo epilepsia, depressão, ansiedade transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH).

TRATAMENTO

Apesar do autismo não ter cura, algumas crises e comportamentos podem ser melhorados significativamente por meio da primeira linha de medicação e de outras alternativas, como o canabidiol, que vem sido estudado nos últimos anos. O Dr. Rubens Wajnsztejn, médico neuropediatra e presidente da Associação Pan-Americana de Medicina Canabinoide (APMC), comenta:

 “Ao longo da minha experiência médica como neuropediatra, pude atender alguns casos de TEA gravíssimos, em que os pacientes tinham sérios problemas de agressividade e dificuldade na convivência social. Quando passamos a inserir o uso de canabidiol no tratamento, ocorreu uma melhora efetiva nesses comportamentos, além de promover mais qualidade de vida para o paciente e para toda a família”.

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Entretanto, não podemos esquecer que o tratamento do canabidiol enfrenta vários desafios, desde a falta de diagnóstico, preconceito da área médica até decisões de entidades que dificultam o acesso a esses produtos.

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