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Como saber se a sua saúde intestinal está boa

Considerado o segundo cérebro, o intestino produz serotonina, absorve os nutrientes e prepara o resíduo que será eliminado pelo nosso corpo

Por Amanda Ventorin
Atualizado em 30 Maio 2022, 08h15 - Publicado em 13 dez 2021, 14h00

Você já se perguntou sobre a importância do intestino para nossa saúde e qualidade de vida? Sendo muito mais que apenas um órgão, ele é considerado o segundo cérebro de nosso corpo.

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Isso por ser um produtor de serotonina (hormônio da felicidade). “O intestino, além de ser um órgão que está extremamente relacionado ao bem estar da pessoa (tanto é que usamos adjetivos como ‘enfezado’ para quando o intestino não funciona e a pessoa fica chateada), é basicamente chamado de segundo cérebro por conta da alta produção de serotonina, que é fundamentalmente utilizada pelo cérebro para preencher diversas situações do dia a dia”explica o gastroenterologia e cirurgião do aparelho digestivo Leandro Peradin de Castro.

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As funções do intestino são vastas e vão desde absorver os nutrientes até preparar o resíduo que será eliminado pelo ânus. Porém, ele também é considerado um órgão de defesa do organismo, sendo colonizado por uma grande quantidade de bactérias, fungos e vírus, fazendo uma barreira de defesa para que patógenos (organismos que são capazes de nos causar doenças) não agridam o corpo. Ele também apresenta forte influência nos genes e na inflamação, podendo auxiliar na modulação do humor, além de ser responsável pela produção de nutrientes, aminoácidos e neurotransmissores. Quanta coisa, não?

Ó QUE É MICRIBIOTA INTESTINAL?

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Desenvolvida no nosso nascimento, a microbiota é a composição de todos os micro-organismos (bactérias, fungos, vírus) que vivem no intestino e estômago e é moldada por fatores genéticos, ambientais e alimentares. Muitos deles nos ajudam na defesa do organismo, formando um equilíbrio entre os que são bons (que matam ou impedem bactérias ou vírus nocivos de se proliferarem, ajudam fazendo a digestão de alimentos que nós não digerimos e possibilitam absorver vitaminas ou outros nutrientes que nós precisamos) e os ruins, que muitas vezes são os causadores de doenças.

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“A microbiota intestinal apresenta uma importante função na produção de vitaminas como a K e complexo B, aminoácidos essenciais e serotonina-hormônio do prazer e felicidade” conta Flávia Rodrigues, nutricionista. E completa que estudos recentes sugeriram que o microbioma intestinal desempenha um papel importante na modulação do risco de várias doenças como: dermatite atópica, diabetes tipo 2, obesidade, aterosclerose, dentro outras.

COMO SABER SE MINHA SAÚDE INTESTINAL ESTÁ BOA

Segundo Leandro, problemas intestinais podem ocorrer por uma má digestão devido a intolerâncias ou mesmo a ingestão de um alimento que não lhe caiu bem, causando sintomas como:

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A escala de Bristol, método de avaliação foi desenvolvido pelo Dr. Ken Heaton na Universidade de Bristol e publicado no Scandinavian Journal of Gastroenterology em 1997, e é um modo de analisar a saúde intestinal, segundo Flávia. “O ideal é que as fezes estejam entre 3 e 4″, conta a nutricionista.   

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Ilustração escala de bristol
(Escala de Bristol/Divulgação)

Além disso, é importante ficar de olho nas alterações. Está perdendo ou ganhando peso? A frequência de evacuação teve alguma alteração? Há dores? Estes, de acordo com os profissionais, são os grandes sinais que podem indicar alterações da saúde intestinal. “Também é importante estar sempre atento ao sinal de sangramento, seja pela boca, em vômitos ou saindo também nas fezes. São sinais muito importantes e claros de que a saúde intestinal não está boa” finaliza Leandro.

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ESTILO DE VIDA E INTESTINO

Alguns estudos demonstraram que praticantes de exercício físico apresentam micro-organismos diversificados na microbiota, tendo uma prevalência das bactérias benéficas, auxiliando na permeabilidade intestino, ajudando no manejo da inflamação

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Outro grande beneficiário das atividades físicas é o cólon. “O cólon, que é a parte final do intestino, tem como principal função, como eu disse, a absorção de água e o preparo desse bolo fecal, para sair na forma de fezes.  Uma analogia que foi feita pra mim, e eu gosto bastante dela e de transmitir isso aos meus pacientes, é que cólon é como se fosse um tripé, então ele precisa de três coisas fundamentais para que ele funcione bem: água, fibras e atividades físicas. Ele precisa se mexer”, explica Leandro. “Então, toda vez que a gente anda e que a gente faz uma atividade física, a gente melhora o funcionamento intestinal. A atividade física, para mim, é absolutamente fundamental para o bem estar da pessoa”.

O estresse também pode alterar o funcionamento do intestino. As células neurais estão presentes no intestino e alterações de humor podem desencadear problemas intestinais, assim como eles também podem afetar o humor, por conta da ligação de neurotransmissores presentes no órgão. “Lembra quando nós falamos que ele era o segundo cérebro? E que ele fazia a produção da serotonina? Mas quem aumenta ou diminui a capacitação dessa serotonina é o próprio cérebro. É ele que comanda se você capta mais ou menos. E conforme você ocorre o ajuste na captação deste hormônio, você vai ter uma alteração da funcionalidade do intestino que vai desde alteração simples,  por exemplo: agora estou trabalhando, estou no meio do dia, estou com muita adrenalina e acabo não evacuando. Já, para situações onde pessoas ficam extremamente ansiosas, nervosas, ou vai entrar em uma reunião e tem vontade de evacuar, são fezes mais amolecidas”, explica Leandro, “Isso é o que vamos compreender como uma doença que tenha acometido muitas pessoas que é chamada de “síndrome do intestino irritável”, onde o intestino se altera conforme o funcionamento emocional do paciente, e esse funcionamento emocional vai alterar também a função alimentar. Assim, aquilo vai virando uma bola de neve que não fica bem para o paciente”, conclui.

Um outro fator que causa problemas intestinais é a forma que nos alimentamos – comendo o que dá, na hora que dá, de maneira rápida rápido, mastigando mal, engolindo a comida muito rápido. Isso pode acabar criando três tipos de problemas “Quando nós acabamos comendo ou exagerando em certos tipos de alimento e temos má digestão, essa sensação de estufamento, sensação de que a comida não está sendo bem digerida. Em segundo lugar, um problema bastante comum do intestino é o paciente que acaba tendo muita cólica e muita diarreia, muitas vezes motivado por situações emocionais, então ter um equilíbrio emocional vai ajudar muito esse intestino a funcionar adequadamente. E o terceiro grande problema é a constipação, o chamado intestino preso, que na maioria das vezes está relacionado com falta de água, falta de fibras em quantidades adequadas ou atividade física”, explica Leandro.

COMO A ALIMENTAÇÃO AJUDA O INTESTINO

Sendo o ponto fundamental, a alimentação pode ser uma grande aliada quando estamos falando sobre a saúde do intestino. “Além de identificar se existe alguma alergia ou intolerância aparente a algum alimento, o ideal é que o consumo de açúcares, alimentos refinados, excesso de gorduras saturadas, gorduras trans, carnes vermelhas e adoçantes artificiais sejam reduzidos” diz Flávia.

Dar preferência para alimentos mais naturais como frutas (banana, abacate, mamão, maçã), vegetais (couve, repolho, espinafre, alface), legumes (abóbora, abobrinha, berinjela, brócolis) e a carne (que deve compor apenas 25% da dieta) é indicado pois uma alimentação colorida terá vários tipos de nutrientes, que são importantes para que se tenha uma boa função do intestino. 

Além dos alimentos é de extrema importância aumentar o consumo de água para que o trânsito intestinal funcione corretamente.  Flávia ensina um cálculo que ajuda a saber se es está consumindo água de maneira adequada

“Pegue o seu peso e multiplique por 35, o valor total será a quantidade em mL que você deve consumir no dia. Ex: 60kg X 35mL =2 litros e 100 mL“.

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Pré-bióticos e Probióticos

prato de iogurte com flocos e frutas no topo
(Julius David / Unsplash/Divulgação)

Pré-bióticos são alimentos muitas vezes utilizados para ajudar na defesa do intestino, no seu funcionamento e que ajudam as bactérias boas do órgão a terem um melhor funcionamento, promovendo um equilíbrio entre elas e as bactérias ruins. São um grupo de carboidratos não digeríveis, mais comummente conhecidos como: Fibras. “As  fibras são componentes da nossa digestão que nós não absorvemos, mas elas são usadas tanto para formação do bolo fecal – um bolo fecal melhor, mas eficientes – quanto por outras bactérias intestinais para aumentar sua eficácia. Nós temos vários outros tipos de pré-bióticos que vão nos ajudar normalmente, e nós vamos encontrá-los em frutas, verduras, legumes e assim por diante”, explica o médico.

Já os probióticos são micro-organismos vivos que, quando utilizados da maneira adequada, podem ajudar na regulação intestinal. “Porem é de extrema importância que sejam utilizados de acordo com o sintoma, doença, objetivo. As cepas seriam os tipos de micro-oganismos adequados, bem como as quantidades” conta a nutricionista. Além de serem manipuláveis, pode-se encontrar algumas cepas de probióticos em alimentos, principalmente em fermentados como: iogurte natural, kombucha e kefir.

“Hoje existem diversas discussões sobre pró-bióticos, se nós devemos usá-los em tempo integral. Principalmente alguns tipos de laticínios acabam contendo esses pró-bióticos – eles nos ajudam em diversas funções, inclusive tem muitos trabalhos dizendo que é por causa de alterações da microbiota intestinal que existe um ganho de peso – talvez ainda seja uma grande discussão, mas sem dúvida nenhuma, a ingestão de pró-bióticos leva a uma melhora do funcionamento intestinal, leva a uma melhora da digestão como um todo, então eles são muito benéficos para a nossa saúde” completa Leandro.

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