Tocofobia: quando engravidar e dar à luz deixa as mulheres em pânico

A condição define o medo, às vezes, paralisante, que algumas mulheres sentem de engravidar ou do próprio parto

Por Marcela De Mingo
Atualizado em 21 out 2024, 16h31 - Publicado em 5 dez 2022, 08h00
tocofobia
 (Daniel Reche / Pexels/Divulgação)
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Não é nenhuma novidade que a gravidez dá medo. Afinal, a maternidade não é algo simples e muitas mulheres podem se sentir inseguras até, de fato, experienciarem a maternidade. Porém, tem-se falado cada vez mais sobre uma condição que mostra que, muitas vezes, esse medo passa do limite do aceitável: a chamada tocofobia, ou o medo excessivo da gravidez e do parto. 

O QUE É TOCOFOBIA?

“Tocofobia é o medo em excesso que leva, na realidade, a uma fobia específica: tanto o medo excessivo de engravidar quanto do próprio parto”, explica a Dra. Viviane Monteiro, ginecologista e obstetra especialista em medicina fetal e gestação de alto risco. “Geralmente isso se manifesta em diversas situações, é um transtorno de ansiedade, e essa pessoa apresenta sintomas.”

Segundo a médica, os sintomas mais comuns, nesses casos, são ataques de pânico, pesadelos, alterações no sono e no apetite. A paciente ainda pode perceber-se instável ao falar sobre o assunto, com uma sensação incomum de culpa ou de achar sempre que está grávida, mesmo em situações que nem teve relação sexual. 

“Realmente desenvolve uma fobia, um medo, e muitas vezes esse medo é tão excessivo que chega a um pavor”, continua. “Lógico, é um medo irracional, com uma sensação até de morte, principalmente se tratando do parto. Então, é um transtorno de ansiedade. Muitas vezes tem algum fator desencadeador, mas não necessariamente.”

Existem, até mesmo, adolescentes que desenvolvem esse medo, que podem ser potencializados por situações de ameaça. Quem nunca ouviu um “Cuidado para não engravidar!” ou um “Não me invente de ficar grávida!” de um adulto quando era mais jovem?

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TIPOS DE TOCOFOBIA

A tocofobia ganhou esse nome recentemente: foi só no ano 2000 que a condição foi reconhecida pela Universidade de Cambridge, no Reino Unido – até então, ela era considerada apenas como parte dos transtornos de ansiedade. 

Desde então, apesar dos estudos sobre a tocofobia ainda serem limitados, sabe-se que a doença pode ser divida em dois tipos: 

  • Primária: a mulher, em si, não passou por uma situação geradora de gatilho, mas viu uma pessoa próxima sofrer um trauma obstétrico, um abortamento ou outras situações potencialmente traumatizantes. 
  • Secundária: a mulher passou por uma condição geradora de gatilho, seja um trauma obstétrico, um abortamento ou uma situação de alto risco durante a gravidez. 
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TOCOFOBIA TEM TRATAMENTO? 

Assim como muitas doenças mentais, a tocofobia depende de um tratamento multidisciplinar para melhorar – mas a melhora é possível. O primeiro ponto é a mulher que sofre dessa condição encontrar uma rede de apoio – ou seja, pessoas que a cercam e que a acolhem, com quem ela pode contar e conversar sobre o assunto. 

O segundo ponto é procurar um profissional de saúde mental – um terapeuta, psicólogo ou psiquiatra -, que possa ajudar essa mulher a administrar as suas emoções e fobias. E, sim, passar por esse aprendizado faz parte do processo. 

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