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“Nunca vou me esquecer do dia em que comprei meu primeiro jeans”, diz médica que perdeu 40 quilos

Uma cirurgia de redução de estômago não foi o bastante para que a médica Ana Luísa Vilela, 37 anos, superasse os dilemas com seu corpo. Para transformar o número na balança, ela apostou em pequenas mudanças no prato e no dia a dia. O resultado? Menos 40 quilos em 18 meses

Por Marina Campos
Atualizado em 22 out 2016, 19h51 - Publicado em 11 jul 2016, 17h05

Nunca vou me esquecer do dia em que comprei minha primeira calça jeans. Ao sair do caixa, abracei a sacola e comecei a chorar feito uma criança. Estava com 27 anos e, até aquele momento, só a ideia de experimentar roupa em lojas já me assombrava. Quando você convive com a obesidade desde cedo, ir ao shopping se torna um passeio nada agradável.

Achava que esse pesadelo tinha ficado para trás e que aquele jeans representava muito mais do que uma mudança estética. O motivo: havia passado os seis meses anteriores lutando pela minha vida com todas as forças, após uma cirurgia de redução de estômago. Por causa de complicações, fiquei em coma por três dias e, durante um longo período, só pude me alimentar por sonda.

Quando optei pela operação, estava no meu último ano da faculdade, com 108 quilos, hiperglicêmica (pré-diabética), hipertensa (tomava cinco medicamentos para controlar a pressão) e depressiva. Não conseguia sair de casa sozinha sem ter uma crise de pânico. Estava desesperada e, ao ouvir a recomendação dos meus médicos, não tive dúvidas de que era a coisa certa a fazer.

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Perdi 40 quilos e, assim que me recuperei, só tinha espaço para sorrisos no meu rosto. Não lembrava como era estar abaixo dos 100 quilos, imagine dos 68! A qualidade de vida melhorou bastante: larguei os medicamentos, passei a menstruar com regularidade, estabilizei minha taxa glicêmica… E o melhor é que o peso não interferia mais na minha rotina de atividade física. Sempre gostei de esportes, mas tinha dificuldade ao fazer vários exercícios porque sentia dor nas articulações.

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Esse mundo perfeito logo ruiu porque mantive os mesmos hábitos alimentares de antes da cirurgia. Minhas escolhas até eram saudáveis, mas eu não sabia quando parar de comer e acabava exagerando. Além disso, com a correria do dia a dia, deixei a academia de lado. Em um ano, ganhei 30 quilos. Voltar a engordar foi extremamente frustrante.

Aí que percebi que a mudança dependia de mim. De início, aprendi a me satisfazer com quantidades menores. Para isso, comecei a prestar mais atenção no que estava comendo (o sabor, a textura e a sensação de estar satisfeita). Repetir o prato? Jamais! E criei uma regra: sempre conseguir ver o fundo dele. Os lanchinhos saudáveis também entraram na minha rotina, a cada três horas. Já para compensar a falta de tempo para o esporte – só consigo treinar com meu personal duas vezes por semana –, apostei em pequenas mudanças na rotina: parei de usar elevador e carrinho de supermercado (carrego as compras em bolsas até passar no caixa), abandonei o carro para curtas distâncias e, agora, costumo sair mais cedo do trabalho para caminhar perto de casa. Em um ano e meio, atingi os 58 quilos.

Hoje já não sofro mais com problemas de saúde e tenho o prazer de dizer que sou uma mulher que superou a obesidade. Mais do que alegria ou qualquer outra coisa, com a revolução no meu estilo de vida ganhei conhecimento. Aprendi tanto que resolvi compartilhar. Peguei meu diploma de medicina e me especializei em nutrição clínica. Atualmente, entro em contato todos os dias com pessoas que lidam com o que eu passei. Juntas, traçamos um caminho para que elas também adotem hábitos saudáveis – e possíveis, é claro. A verdade é que minhas pacientes me inspiram e não me deixam desanimar. Cada dia vira um novo desafio.”

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