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Livre-se da prisão de ventre e desinche a barriga

Dá, sim, para pôr um fim ao incômodo, que atrapalha a vida (até a sexual!) e faz a barriga inflar como um balão

Por Thaís Cavalheiro (colaboradora)
Atualizado em 21 out 2024, 19h17 - Publicado em 29 jul 2014, 22h00
Gustavo Arrais
Gustavo Arrais (/)
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Travou. De novo. Você já nem se lembra qual foi sua última ida ao banheiro? Intestino de mulher é coisa complicada mesmo. Cheio de caprichos, fica preguiçoso ao menor sinal de turbulência emocional – medo de perder o emprego, ciúme do namorado, desânimo com os quilos a mais. Pode também desandar. A prisão de ventre, porém, é a queixa mais frequente. Além do óbvio desconforto, o acúmulo de gases infla a barriga. Será que existe algo de novo no front para atacar o mal?
O que há, na verdade, é um estudo de fôlego que confirma o que já se suspeitava: incluir atividade física na rotina provoca efeitos mecânicos no intestino, aumentando o fluxo sanguíneo em toda a região abdominal, melhorando o tônus muscular e favorecendo, assim, os movimentos que fazem o órgão funcionar todos os dias. A megapesquisa, conduzida pela Oxford University, na Inglaterra, estudou o estilo de vida de 20630 homens e mulheres e comprovou a influência dos exercícios para um bom ritmo intestinal. Estes são os quatro melhores:

1. Pular corda
Vinte minutos é o suficiente para aumentar o fluxo sanguíneo para o intestino. Se você estiver fora de forma, suas pernas e joelhos vão se ressentir. Por isso, comece a pular um pouco por dia sobre um tapete macio, para amenizar o impacto, e vá aumentando o ritmo gradativamente. Também vale pular sobre uma minicama elástica (sem a corda, claro!)

2. Caminhar rapidamente
O tempo ideal para movimentar os órgãos do trato digestivo fica entre 35 e 45 minutos.

3. Praticar ioga
As melhores posturas são as que contraem o abdômen e as flexões para a frente.

4. Ficar de cócoras
Nessa posição – e com o tronco curvado para a frente o máximo que puder -, você “acorda” o intestino. Algumas práticas, como a ioga e a ginástica natural, exercitam esse movimento, mas você pode fazê-lo em casa uma vez por dia, durante mais ou menos um minuto.
A vida sem amarras
· Adotar estes bons hábitos diários é obrigatório:
· Pratique atividade física
· Faça as refeições em horários regulares
· Beba de oito a dez copos de água
· Inclua fibras no cardápio, comendo verduras, legumes, frutas e cereais integrais
· Tome iogurtes probióticos e/ou leites fermentados
Coisa de mulher
Nós tendemos a sofrer quatro vezes mais com essa chateação do que os homens. Por quê? O Estudo SIM Brasil – Saúde Intestinal da Mulher, feito pela Federação Brasileira de Gastroenterologia (FBG) em parceria com a Danone Research, centro de pesquisa da empresa de produtos lácteos, investigou 3500 mulheres de dez cidades brasileiras e chegou a quatro conclusões principais, que confirmam aquilo que nós, mulheres, já sabíamos.

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1. O intestino tem forte influência sobre nossas emoções. Stress, nervosismo, ansiedade e raiva podem dificultar os movimentos peristálticos que levam ao esvaziamento do conteúdo intestinal. “O órgão é o segundo local do corpo com maior enervação e funciona como uma caixa de ressonância dos sentimentos”, explica o gastroenterologista José Galvão Alvez, presidente da FBG. “Por isso, é o que mais sofre a somatização – um processo pelo qual distúrbios de origem emocional se traduzem em algum tipo de mal-estar físico.”

2. O sexo feminino está sujeito a estímulos hormonais que influem no funcionamento do intestino. Para você ter uma ideia, no período de ovulação, entre o décimo e o 16º dia do ciclo menstrual, quando aumenta o nível de progesterona (o hormônio que prepara o corpo para a gravidez), diminuem os movimentos do tubo digestivo. Por isso fica tão difícil fazer o número 2 nesse período.

3. A constipação está diretamente relacionada a comportamentos sociais. Quantas vezes você já não adiou a ida ao banheiro, apesar da vontade, porque não estava em casa, porque saiu da rotina, por pura pressa, para não se retirar no meio de uma reunião de trabalho ou por achar que tinha outras prioridades? “Quem age assim envia ao cérebro a mensagem de que a necessidade fisiológica deve ser reprimida”, fala a psicóloga Pamela Magalhães, especialista clínica e hospitalar. “Isso acaba condicionando o intestino a não funcionar.”

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4. Hábitos alimentares também têm tudo a ver com o problema. Dieta pobre em fibras, aliada a baixo consumo de líquidos, retarda o trabalho intestinal. E quanto mais tempo as fezes permanecem presas, maior será a dificuldade de expulsá-las. Isso porque o bolo fecal aumenta a cada dia. “Embora não haja estudos científicos conclusivos sobre o papel das fibras na prevenção de doenças inflamatórias, tudo indica que elas ajudam a eliminar toxinas irritantes das paredes do órgão – toxinas que, em tese, podem levar ao risco de câncer”, diz José Galvão Alvez.

Esse grande mapeamento da saúde intestinal feminina no país constatou que duas em cada três mulheres sofrem algum tipo de distúrbio intestinal – com prevalência de prisão de ventre, gases, inchaço e sensação de peso. Entre as pesquisadas, 57% declararam que o problema afeta a vida sexual, 69% relataram alterações de humor e 50% queixaram- se de cansaço e perda de concentração. O desconforto mexe também com a autoestima. O acúmulo de gases faz a barriga crescer e aparecer, você se sente feia, a última das criaturas. E, aí, cadê clima para o romance entre quatro paredes? A vida sexual vai para o brejo.
Tema tabu
O tema é tratado como um tabu pelas próprias mulheres. Dificilmente tocam no assunto. Segundo o estudo, 75% das pesquisadas não ficam à vontade para mencionar o problema nem mesmo para o médico de confiança. “É como se o intestino não fizesse parte do corpo feminino”, observa a psicóloga Pamela Magalhães. “Esse distanciamento explica por que tantas mulheres se referem ao intestino como uma terceira pessoa. Falta criar mais intimidade com esseórgão e é preciso ter claro que emoções mal resolvidas se traduzem em prisão de ventre.” A antropóloga Mirian Goldenberg aponta aspectos culturais e sociais como corresponsáveis pelos problemas intestinais.

“Desde criança, a mulher vai assimilando o conceito de que fazer cocô é algo sujo e inveja o homem porque faz xixi em pé e não corre o risco de pegar doença no vaso. Ela sente vergonha se numa festa for flagrada dirigindo-se ao banheiro. Quer preservar uma autoimagem de princesa cor-de-rosa, um ser etéreo que não tem necessidades fisiológicas e nem gases solta.” É preciso se libertar dessas amarras que provocam a prisão de ventre, proclama. De que maneira? “Levando a vida com mais leveza, pondo mais humor em tudo o que fizer, deixando de sofrer porque soltou um punzinho durante o sexo!”, diz a antropóloga.

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Intestino não tem vontade própria. Quem tem de estar no comando é você. Então, nada de minimizar o problema e achar que vai passar sozinho. Não vai. Faça a sua parte. Do contrário, você vai perdendo a vontade de ir ao banheiro. E aí o distúrbio pode até virar doença crônica. Para que o intestino funcione direitinho, siga o roteiro dos hábitos saudáveis de alimentação e atividade física. E, aí, adeus prisão de ventre!
Fibras para que te quero
Elas dão a maior força para o intestino – a recomendação é ingerir cerca de 25 gramas por dia. Estas são algumas das boas fontes:

· Farelo de trigo (1/2 xícara de chá): 24 g
· Chia (1/2 xícara de chá): 21 g
· Pinhão (10 unidades): 7 g
· Goiaba (unidade média): 5 g
· Pão integral (2 fatias médias): 5 g
· Batata-doce (unidade média): 4 g
· Brócolis (pires de chá): 3 g
· Quinua (1/2 xícara de chá): 3 g
· Flocos de aveia (1/2 xícara de chá): 3 g
· Pipoca pronta (1 ½ xícara de chá): 2 g
Solúveis ou insolúveis?
“Ambos os tipos de fibras beneficiam o intestino”, responde a nutricionista Vanderlí Marchiori, vice-presidente da Associação Paulista de Fitoterapia. As insolúveis, que não são absorvidas pelo corpo, aumentam o volume das fezes e facilitam a eliminação. Estão nas verduras, legumes, farelos, cereais e grãos. “Feijão e grão-de-bico devem ser consumidos sem sua película natural, que apresenta um fator antinutricional, que não é digerido, fermenta e forma gases”, explica a nutricionista. As fibras solúveis, que se ligam à água, formando uma espécie de gel no intestino, são encontradas na aveia, na maçã, na laranja, no limão, na lima, na pera e nas leguminosas. Como absorvem água, é preciso beber muito líquido para que cumpram seu papel. “As frutas que mais colaboram com o intestino são a manga, o maracujá e a maçã com casca”, diz Vanderlí.
Tire suas dúvidas
O intestino precisa funcionar todos os dias?

Não dá para precisar a frequência ideal, que varia de pessoa para pessoa. Evacuações diárias não são necessariamente normais e as menos frequentes não indicam obrigatoriamente um problema. Na prisão de ventre, tanto pode haver uma lentidão do trânsito, como é possível ocorrer um funcionamento diário, mas com volume reduzido e fezes difíceis de eliminar. Por isso, é importante a sensação de que o intestino foi completamente esvaziado.

Laxantes podem ajudar?
Sim, desde que haja indicação médica. Alguns tipos são capazes até mesmo de agravar a constipação ou provocar lesões no revestimento interno do intestino.

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Posso usar laxantes homeopáticos?
Assim como os alopáticos, os medicamentos homeopáticos também podem apresentar compostos químicos prejudiciais ao organismo quando usados sem orientação.

Os chás são eficientes?
Algumas plantas, como o alecrim, inibem a formação de gases. Outras, como a hortelã e o ruibarbo, funcionam como laxantes naturais. Mas cuidado: ervas também são tóxicas. As mais perigosas são a cáscara-sagrada e o sene, embora também ajudem no funcionamento do intestino. Para qualquer tipo, a recomendação é: tome três xícaras por dia, no máximo.

Suplementos de fibras são eficazes?
Sim, ajudam no trânsito intestinal e até dão saciedade, mas não devem substituir frutas, legumes, verduras e cereais integrais – as principais fontes de fibras solúveis e insolúveis. Os suplementos são bons coadjuvantes de uma dieta com déficit de vegetais. Os mais comuns são os pós à base de casca de maracujá, uva, maçã, chia, e farelo de aveia.

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