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Alimentação para pacientes com Alzheimer: como a dieta influencia o quadro

Segundo nutricionista, o padrão alimentar mediterrâneo tem sido relacionado à prevenção e tratamento de uma série de doenças, incluindo Alzheimer. Confira!

Por Ana Paula Ferreira
10 mar 2024, 10h00

Em todo o mundo, cerca de 47 milhões de pessoas são diagnosticadas com demência, com uma estimativa de 8 milhões de novos quadros a cada ano. De acordo com Adriana Zanardo, consultora e nutricionista da Jasmine, as causas mais comuns desta condição são a doença de Alzheimer (DA), demência vascular (quando falta sangue para o funcionamento adequado do cérebro) e fatores associados.

“Uma das possíveis explicações para os números estarem continuamente aumentando é que, atualmente, não existe um tratamento significativamente eficaz que possa modificar a evolução da doença. Além disso, as alterações patológicas parecem ocorrer muito antes de sua manifestação clínica, fazendo com que, quando diagnosticada, a doença esteja em um nível com certo grau de avanço”, explica a profissional.

Neste contexto, a alimentação pode ser um elemento chave para pacientes com Alzheimer. A seguir, Adriana explica qual é a relação e a importância de uma dieta equilibrada para essas pessoas.

Alimentação para pacientes com Alzheimer

Nas últimas décadas, os estudos relacionados ao impacto do padrão alimentar e da prática de atividades físicas no Alzheimer e outras doenças mentais têm avançado significativamente e apontam para um caminho em que a dieta pouco saudável parece ser um fator de risco chave, devido às ações anti-inflamatórias e antioxidantes que vitaminas, minerais e outros ativos exercem nas células cerebrais. No entanto, as evidências não são sólidas.

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Nesse contexto, Adriana destaca que o padrão alimentar mediterrâneo tem sido amplamente relacionado à prevenção e tratamento de uma série de doenças, inclusive as que acometem o sistema nervoso, visto que fornecem boas quantidades de antioxidantes, vitaminas do complexo B e ácidos graxos insaturados, os quais possuem ação neuroprotetora quando associados.

A nutricionista explica que a dieta é baseada, principalmente, em vegetais, frutas, oleaginosas e sementes como castanha de caju, nozes, avelã, amêndoa, semente de abóbora, gergelim, chia e linhaça, além de grãos integrais, por exemplo, além de grãos integrais, por exemplo, quinoa, aveia, arroz integral, amaranto, milho, feijão, grão de bico, lentilha e ervilha, bem como legumes, gorduras saudáveis, como azeite de oliva extravirgem, abacate, salmão, atum, sardinha, azeitona e proteínas brancas sem excessos de gorduras saturadas.

“Seguindo essa lógica, recomenda-se minimizar, o máximo possível, o consumo de carne vermelha, doces, alimentos processados de baixa qualidade nutricional e bebidas adoçadas com açúcar, os quais são frequentemente associados ao padrão alimentar ocidental que, por sua vez, tem sido diretamente relacionado ao risco aumentado de Doença de Alzheimer”, complementa.

Guia de conduta para os familiares de pacientes com Alzheimer

Antes de tudo, é imprescindível o acompanhamento médico. No Brasil, existem centros de referência do Sistema Único de Saúde (SUS) que oferecem tratamento multidisciplinar integral e gratuito para pacientes com Alzheimer, como também medicamentos que auxiliam a retardar a evolução dos sintomas.

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“A respeito da adaptação da rotina alimentar, depende da fase que o paciente se encontra”, pontua a nutricionista. Segundo as informações do Ministério da Saúde, o quadro costuma ser dividido em 4 estágios:

  • Estágio 1 (forma inicial): alterações em memória, personalidade e habilidades visuais e espaciais;
  • Estágio 2 (forma moderada): dificuldade para falar, realizar tarefas simples e coordenar movimentos. Pode ter agitação e insônia;
  • Estágio 3 (forma grave): resistência à execução de tarefas diárias. Incontinência (urinária e fecal). Dificuldade para comer. Deficiência motora progressiva;
  • Estágio 4 (terminal): restrição ao leito. Mutismo. Dor à deglutição. Infecções intercorrentes.

“Nesse sentido, as adaptações precisam ser feitas, principalmente, conforme estágio da doença, nível de consciência e estado nutricional, pois, em alguns casos, é indicado que o paciente não se alimente mais por via oral (boca) devido ao risco de broncoaspiração, sendo necessária a passagem de sonda nasoenteral. Não sendo esse o caso, ter uma rotina com horários bem definidos e ambientes organizados pode ajudar na adaptação. Os alimentos e preparações mais macias e úmidas, livres de sementes e cascas também podem ser bem-vindas”, detalha.

Dicas de nutrição para melhor adaptação do paciente com Alzheimer

  • Arroz integral bem cozido e úmido ao invés de mais sequinho;
  • Banana amassada bem misturada com aveia em flocos finos ou farelo de aveia ao invés da banana picada com aveia em flocos grossos;
  • Carne moída com molho ao invés de bife;
  • Pão integral com grãos e sementes já na massa ao invés daquelas opções com a borda com esses alimentos.

“O ideal é que a alimentação seja o mais variada possível, incluindo todos os grupos alimentares. É possível combinar os ingredientes da forma que funcionar para o paciente e cuidador, conforme nível de consciência, preferências alimentares, condições financeiras, dentre outras condições”, orienta.

Já no caso em que existe a dificuldade em mastigar os alimentos, a dica é sempre buscar a opinião da equipe multidisciplinar. “É essencial a avaliação do médico e fonoaudiólogo que, por meio de exames específicos, analisarão alterações na deglutição e, dessa forma, instruirão na melhor conduta. Caso a via oral seja liberada, a fonoaudióloga poderá indicar a melhor consistência, inclusive de líquidos, visto que, em alguns casos, é indicado o uso de espessante”, conclui a nutricionista.

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Vale lembrar que a Associação Brasileira de Alzheimer (ABRAZ) oferece suporte para os familiares e pacientes que estão lidando com o Alzheimer. Para mais informações, acesse https://abraz.org.br/.

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