Dor crônica x dieta: estudo mostra que alimentação saudável colabora com tratamento
Universidade do Sul da Austrália realizou testes em mulheres, que mostram a redução da dor crônica por meio de consumo de alimentos mais saudáveis

Dor crônica é uma condição que acontece após uma lesão ou até mesmo após um tratamento, onde pode ter diminuído a dor, porém, por diversos motivos, ela retorna. Normalmente, elas persistem por semanas e meses e, embora existam tratamentos para dor disponíveis, muitas pessoas não possuem esse acesso e acabam não fazendo nada para diminuir a dor.
Porém, um estudo divulgado pela Universidade do Sul da Austrália revela que a dor crônica pode diminuir graças também a uma dieta saudável.
O ortopedista Dr. Fernando Jorge, que é especialista em Intervenção em Dor, pelo Hospital Albert Einstein, e em Medicina Intervencionista em Dor, pela Faculdade de Medicina da USP – Ribeirão Preto, explica que isso pode ser uma alternativa acessível para que os pacientes consigam controlar melhor a dor crônica.
“É sempre importante que a dor crônica seja diagnosticada por um médico especialista e acompanhada para definir as melhores estratégias. No entanto, é fundamental que se entenda o papel da dieta para reduzir a gravidade da dor e melhorar a qualidade de vida desse paciente”, explica o ortopedista.
Já a nutróloga Dra. Marcella Garcez, diretora e professora da Associação Brasileira de Nutrologia (ABRAN) completa que esse estudo mostrou que um maior consumo de vegetais, frutas, grãos, carnes magras e laticínios foi relacionado a menos dor, independentemente do peso corporal. “Ou seja, a dieta saudável que compreende um padrão alimentar equilibrado, variado e o mais natural possível é uma excelente opção para o tratamento da dor”.
Gordura corporal x Dieta x Dor Crônica
Ainda de acordo com a pesquisa, ao fazer a associação entre gordura corporal, dieta e a dor crônica, o consumo de alimentos dentro das Diretrizes Dietéticas Australianas estava ligado a menores níveis de dor corporal, principalmente entre mulheres.
Para o ortopedista Dr Fernando Jorge, é muito comum pacientes com dor crônica retirarem alimentos da dieta sem qualquer indicação médica. “E isso, além de desnecessário, pode ser perigoso porque algumas carências de vitaminas podem impactar em outros problemas no corpo”, destaca.
Embora o sobrepeso e a obesidade sejam fatores de risco para dor crônica, o estudo concluiu que ter esse tipo de alimentação reduz a dor independentemente da composição corporal. “De qualquer maneira, reduzir o peso corporal nesses casos trará um resultado ainda melhor”, completa o médico.
No estudo, mulheres com dietas melhores tiveram níveis de dor mais baixos e melhor função física. “É possível que as propriedades anti-inflamatórias e antioxidantes dos principais grupos alimentares mais saudáveis sejam o que reduz a dor”, diz o Dr. Fernando.
O que posso consumir para combater a dor crônica?
Dra. Marcella ressalta um ponto importante que é, muitas vezes, ausente na dieta do brasileiro: o consumo de frutas e vegetais ricos em antioxidantes que possuem funções antiinflamatórias para a dor crônica.
“Opções como o morango, o mirtilo, a amora e a framboesa, a cenoura, o espinafre, o pimentão e os brócolis são interessantes, pois combatem o estresse oxidativo, a inflamação, ajudam a melhorar a saúde geral e a reduzir a ocorrência de dores crônicas”, diz a médica.
O ômega-3 também é outra gordura essencial que pode ajudar na dor crônica: “Pessoas com artrite e outras condições inflamatórias nas articulações podem se beneficiar do ômega-3, pois ele ajuda a reduzir a inflamação e a rigidez, melhorando a mobilidade e diminuindo a dor. Podemos encontrá-los em peixes como salmão e atum, e em sementes como a de chia e de linhaça, e nas nozes”, diz a Dra. Marcella.
“Uma dieta saudável e nutritiva traz múltiplos benefícios para a saúde, bem-estar e controle da dor. E embora estratégias personalizadas de controle da dor crônica devam ser adotadas, uma dieta saudável é uma maneira acessível, econômica e eficaz de controlar e até mesmo reduzir a dor”, finaliza o Dr. Fernando Jorge.
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