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Treino 3D - Corpo, Mente e Espírito, com Samorai

Bacharel em esporte, Samorai (@samorai3d) é criador do método de treinamento 3dimensional para reabilitação, prevenção e tratamento de lesões e performance. Aqui, auxilia praticantes e treinadores na busca por harmonia.

As causas das dores – parte 1

Por Samorai
Atualizado em 21 out 2024, 22h28 - Publicado em 18 ago 2021, 12h40
Dores: causas podem ser infinitas
Dores: causas podem ser infinitas (Rawan Yasser on Unsplash/BOA FORMA)
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Hey folks, falar de lesões e de suas causas é sempre uma tarefa complexa, pois como expliquei nessa coluna, as dores são resultados da perda ou falta de várias capacidades, logo, não há, em geral, uma causa específica, mas uma somatória de diversos fatores. Então, hoje, como disse na minha última coluna, vou iniciar uma série que pretende abordar esses fatores. Alguns, talvez sejam óbvios, mas outros nem tanto. Alguns deles, isoladamente, não produziriam efeitos negativos, mas combinados com outros ou quando um deles tem uma frequência muito grande, ao longo do tempo se tornam motivos dessas dores.

Outro fator importante é que quando falamos de função do corpo humano estamos entrando em uma área de estudos que, com muita boa vontade, a ciência sabe 15% dessa função. Levando em conta que as causas podem ser infinitas e que sabemos uma porcentagem tão baixa da função, quando pensamos em tratar essas dores, precisamos construir uma abordagem holística, que dê margem para as perguntas e as observações das respostas.

O que quero dizer aqui é que não devemos começar com as respostas, e sim com as perguntas, em um processo de tentativa, de aprendizado e saber que, dado o modelo da performance global do ser explicado aqui, em um sistema integrado, qualquer melhora é parte do processo de reabilitação e isso pode ser em corpo, mente e espírito. E se, qualquer melhora de capacidade, seja ela qual for, pertence à reabilitação, a perda dela também é parte da causa.

Um outro olhar interessante é que, apesar de diferentes causas, podemos interpretar esses mecanismos que geram lesão em dois pontos: sobra de energia e compensação. O que aqui chamo de sobra de energia é quando colocamos mais do que o necessário em uma tarefa. Por exemplo, ao pegar um copo descartável com água, há uma quantidade necessária de força que posso aplicar. Se aplicar mais, há um excesso e todo excesso gera um problema. Nesse caso, o copo será amassado e derramará a água.

Compensação é quase o oposto. É quando falta algo. Quando alguém não faz sua parte na tarefa. Porém, para que a tarefa aconteça é necessário que outra parte compense a ausência e, normalmente, ela fica sobrecarregada. Quando isso ocorre por muito tempo, essa parte sobrecarregada se manifestará por meio da dor. Entendido isso, vamos às causas.

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Causa das dores: coordenação

Coordenação é a harmonia de um movimento. Por ser algo complexo e integrado, deve haver uma organização. A coordenação é o maestro do movimento. Como em uma orquestra sinfônica, cada instrumento tem a sua hora de participar da sinfonia, o tom que está afinado, o andamento, o volume. No nosso movimento é a mesma coisa. Existe uma ordem nos movimentos, uma amplitude, uma quantidade ideal de força, uma estabilização, velocidade, sequência. Quanto mais preciso e mais coordenado, mais eficiente é o movimento. Por outro lado, quanto mais descoordenado e aleatório, menos eficiente ele é. E quando temos ineficiência, temos excesso de energia e compensação. E, por conseguinte, lesão.

Um bom exemplo pode ser quando vou arremessar uma bola em um jogo de handebol. Se eu tenho uma coordenação perfeita, todo o meu corpo participa do ato de arremessar, porém se ela não é perfeita, é possível que o ombro concentre mais o ato do arremesso e, com isso, fique sobrecarregado, compensando a não participação, por exemplo, dos quadris. Essa compensação gera um excesso de energia realizada pelo ombro que pagará a conta da coordenação inadequada do movimento, podendo desenvolver uma bursite ou tendinite. Sendo assim, uma boa maneira de melhorar nossas dores é trabalhar a coordenação e a eficiência de nossos movimentos, porque além de prevenir lesões, geram economia de energia, fazendo com que possamos realizar nossas tarefas por mais tempo.

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Causa das dores – sequência

Seguindo a mesma interpretação, temos a sequência. Todo movimento segue uma reação em cadeia. É como se fossem dominós, um de frente para o outro, e eu dou um peteleco no primeiro e crio essa cadeia até o último. Nosso movimento é igual. Ele tem uma reação que, em geral, inicia-se pelo quadril e termina em algum lugar. Por exemplo, um chute. Para ser eficiente eu puxo a minha perna para trás para carregar o sistema e após isso, para executar o chute, eu inicio o movimento pelo meu quadril e termino no pé do chute. Isso em um chute eficiente.

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Agora você já viu uma criança chutando? Ela inicia esse movimento pelo joelho. E com isso, perde eficiência. E quando perde eficiência acontece o que? Sobra ou falta energia que será distribuída ou compensada por outra parte do corpo. Todo movimento eficiente começa pelo quadril. Chamamos isso de aceleração proximal. Então, se você sente dor em algum movimento, observe se nele é o quadril que inicia a cadeia de reação. Se não for, trabalhe isso e veja como fica muito mais leve realizar essa ação.

Causa das dores – fatores emocionais

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E por fim, vamos falar de uma causa que sabemos que é causa de dor, mas muitas vezes não sabemos o que fazer com essa informação. Estou falando dos fatores emocionais. Uma pessoa muito deprimida pode expressar essa tristeza por meio da dor. Uma pessoa estressada no trabalho também pode gerar dor. Ansiedade também pode se manifestar no corpo em forma de dor. Ou seja, por sermos integrados em corpo, mente e espírito o corpo manifesta o que sentimos. Nossos medos, frustrações, traumas, anseios. E quando a raiz está aqui ela é o drive principal. Se não levarmos isso em consideração, não há nada que possamos fazer do ponto de vista físico.

Como personal 3Dimensional, eu tento criar elementos desafiadores nas minhas sessões que empoderem, gerem autoestima, coragem, mas, principalmente, me importo com esse cliente. Ajudo-o a dar o próximo passo, a ressignificar essa dor, acolher, dar a mão. Porque se o nosso corpo trabalha de forma integrada a fim de um movimento mais harmônico, a harmonia de corpo, mente e espírito, de modo universal, se dará por meio da harmonia entre a pessoas. Quanto mais humanos no trato formos, mais possibilidades de cura promovemos, seja para o outro ou para nós mesmos. Não posso interferir em conceitos emocionais do meu cliente, mas posso encorajá-lo, respeitá-lo, motivá-lo e ser um parceiro nessa caminhada e, assim, ajudá-lo a superar esse obstáculo, que é dele, mas pode ser compartilhado. Até a semana que vem com mais causas de dores.

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Forte abraço,

Samorai

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