Roacutan e o ressecamento labial: entenda os motivos e como evitar
A isotretinoína, muito lembrada pela famosa marca Roacutan, é uma medicação de uso oral usada principalmente no tratamento da acne.
Inicialmente, era indicada apenas para casos mais intensos ou graves, quando surgiam nódulos inflamatórios ou abcessos na face. No entanto, isso foi revisto e ampliado ao longo do tempo e, hoje, a isotretinoína também é recomendada para casos moderados que não respondem ao tratamento com substâncias tópicas e antibióticos orais e para casos em que as lesões tendem a deixar cicatrizes.
O que é a isotretinoína?
A isotretinoína pertence ao grupo dos retinoides, sendo derivada da vitamina A. Ela atua na regulação de todos os fatores envolvidos no surgimento da acne, pois diminui a hiperqueratinização do folículo piloso, a produção do sebo, a proliferação da bactéria Cutibacterium acnes e a inflamação.
Por que o Roacutan resseca os lábios?
O efeito indesejado mais frequente durante o uso de Roacutan é o ressecamento da pele e das mucosas. Os lábios são, em geral, os mais afetados, podendo ocorrer desde ressecamento leve até um quadro de inflamação labial chamado queilite.
Além dos lábios, a boca, a mucosa nasal, os olhos e até a mucosa genital podem ser acometidos por ressecamento. Esses efeitos, embora sejam incômodos, são transitórios, normalizando após o fim do tratamento.
Como forma de prevenção, o uso diário de hidratantes labiais, faciais e corporais é altamente recomendado, além da proteção solar. Os produtos utilizados na rotina de higiene e de cuidados com a pele devem ser revistos e ajustados, dando preferência a cosméticos suaves, não abrasivos e não irritantes.
Lubrificantes oftalmológicos são recomendados para prevenir o ressecamento ocular e produtos específicos para hidratação da mucosa nasal também podem ser necessários.
A intensidade do ressecamento da pele e das mucosas varia de acordo com a dose do medicamento.
Assim, para pessoas com pele sensível, com outras doenças de pele ou para casos de ressecamento mais intenso, a dose da medicação pode ser ajustada de forma a permitir a tolerância ao tratamento. Doses mais baixas podem ser empregadas com boa resposta e mínimos efeitos adversos.
A duração do tratamento deve ser individualizada e determinada de acordo com fatores como como dose diária empregada, dose acumulada, melhora clínica e tolerância ao remédio.
Dra. Joanne Ferraz, dermatologista e professora do curso de medicina do Centro Universitário de João Pessoa (UNIPÊ).