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Maria do Céu e a Vida que Nunca Morre

Por Debora Pivotto
22 mar 2025, 18h00
céu documentário
Debora Pivotto reflete sobre o documentário Céu | (Câmara dos Deputaso/YouTube/Reprodução)
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Na última sexta-feira, dia 14, assisti a um documentário muito tocante: Céu. O filme de 2024, da jornalista Valtyennya Campos Pires, conta a história e o legado de Maria do Céu, líder da Associação das Louceiras Negras da Serra do Talhado, comunidade quilombola da Paraíba, vítima de feminicídio em 2018.

O documentário é curto – tem apenas 15 minutos –, mas consegue transmitir a força e a amorosidade que moviam essa mulher. Uma artesã que seguiu a tradição de sua avó, Rita Preta, na produção de peças de barro. Uma liderança que estruturou uma associação para que as louceiras pudessem trabalhar de forma mais digna e organizada.

Uma mulher engajada, que ligava para programas de rádio cobrando do governador da Paraíba a implementação de políticas públicas para sua região. Uma mãe de quatro filhos, uma filha muito amada. Uma amiga que nunca permitiu que suas companheiras próximas passassem fome.

Maria do Céu foi brutalmente assassinada pelo ex-companheiro. Ele jogou gasolina e ateou fogo em seu corpo na frente dos filhos. Uma violência inacreditavelmente comum, dolorosamente inaceitável.

O filme me emocionou profundamente. Saber que uma mulher como ela morreu de forma tão violenta e estúpida entristece e revolta de um jeito difícil de traduzir em palavras.

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Ao mesmo tempo, ouvir a mãe, a irmã e as amigas falarem sobre a importância de Céu em suas vidas é incrivelmente tocante. Nos lembra que há algo que nunca morre. Que podem até queimar um corpo, mas o amor manifestado por aquela alma permanece, floresce, cresce.

Também me emociona ver o cuidado, a força e o empenho de outras mulheres para manter esse legado vivo. A mãe que não sucumbiu à tristeza e pediu para que a outra filha, irmã de Céu, continuasse o trabalho na associação.

As amigas que seguem produzindo e lembram do conselho de Céu para criar peças novas e diferentes. A jornalista que se dedicou a construir essa história em um documentário para compartilhá-la com o mundo.

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Me pergunto que força é essa que não nos deixa desistir? Que, mesmo em meio a dores tão profundas, nos faz seguir resistindo e cultivando a vida? De onde tiramos energia para fazer o que precisa ser feito? São perguntas que tem ecoado dentro de mim neste mês de março, dedicado a luta feminista.

Há muitas formas de manter uma mulher viva mesmo depois de sua morte. Conhecer sua história e se deixar inspirar por ela é uma delas. Por isso, convido todos e todas a assistir ao documentário e celebrar a vida de Maria do Céu.

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