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Novos hábitos e atividades físicas podem diminuir o estresse infantil

A atenção dos pais é fundamental para identificar o problema e lidar com ele

Por Juliany Rodrigues
Atualizado em 21 out 2024, 16h33 - Publicado em 12 out 2022, 09h00
Criança deitada na cama com um ursinho
 (Artem Podrez/Pexels)
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Assim como os adultos, as crianças também podem sofrer com o estresse. Muitas vezes, o problema acaba passando desapercebido pelos pais ou é encarado de uma forma diferente.

Um estudo feito pela Faculdade de Medicina da USP (FMUSP) pontou que uma em cada três crianças e adolescentes apresenta níveis de estresse emocional que precisam ser avaliados.

Os sintomas do estresse infantil podem ser classificados em físicos e psicológicos, sendo que eles variam de acordo com a idade.

SINTOMAS

A Dra. Danielle Negri, pediatra e neonatologista, destaca que os principais sintomas físicos da condição são tiques, gagueiras, dores de cabeça e de barriga, diarreia crônica, falta de apetite, tensão muscular, bruxismo, náuseas e enurese noturno. Já os psicológicos envolvem a ansiedade, desobediência, pesadelos noturnos, medo excessivo, impaciência, agressividade, insônia e choro ininterrupto.

Entretanto, a especialista esclarece que esses sintomas se manifestam de uma maneira particular de acordo com a idade da criança. “Mas esses sintomas podem variar com a idade da criança”, inicia ela.

Segundo a médica, no caso de crianças menores de 5 anos, o estresse infantil pode se evidenciar por meio de apego aos pais, dificuldades para dormir, chupar o dedo, fazer xixi na cama, demonstração de medos, como de doença, de estranhos, de ficar só e do escuro, além de relatar dores e não saber explicá-las.

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“Dos 6 anos aos 10, a criança estressada já pode apresentar demanda por mais atenção, tristeza por estar em casa, demonstração de saudades de amigos ou da escola, desatenção, agressividade ou regressão, como pedir ajuda para se vestir sozinho, mesmo já sabendo fazer isso. Já a partir dos 11 anos, a criança que está com quadro de estresse procura ficar mais silenciosa, nega seus medos, reclama de dores físicas (por não saber identificar o que incomoda no plano emocional) e entra em conflito com autoridades”, completa.

IDENTIFICAÇÃO E CAUSAS

Para identificar o problema, é preciso que os pais tenham atenção ao comportamento dos filhos, com o objetivo de notar se há algo estranho acontecendo. Por isso, eles devem saber reparar nos sinais tanto físicos quanto psicológicos. Vale ressaltar que esses sinais podem ocorrer simultaneamente.

“O estresse é uma reação do organismo diante de situações extremas (muito difíceis ou excitantes), que acaba acometendo tanto os adultos quanto as crianças. A sobrecarga é uma das principais causas do estresse infantil. Vivemos em um século onde quase tudo é cobrado demasiadamente e em alta velocidade. Exageros com as responsabilidades, cobranças e críticas excessivas geram descontrole emocional e estresse, além de alterações e problemas no âmbito familiar como brigas, divórcio, luto por algum membro da família, violência física, superproteção, bullying e mudança de escola ou cidade”, esclarece a Dra. Danielle Negri.

ATIVIDADE FÍSICA

O exercício físico pode ser um aliado no combate ao estresse infantil. No entanto, antes de tudo, é fundamental descobrir qual prática agrada a criança, pois a imposição de alguma específica pode gerar ainda mais estresse.

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Para isso, a médica sugere que os pais tenham uma conversa com a criança e levem em consideração o momento e a personalidade dela na hora de escolher entre as várias opções de atividade física.

Os exercícios aeróbicos, por exemplo, liberam hormônios que ajudam a aliviar a tensão e a proporcionar uma sensação de bem-estar. A prática de esportes, que trabalha o body mind da criança, é boa para o desenvolvimento de valores e disciplina.

“Existem atividades que podem ser realizadas até em conjunto com os pais, como caminhada ou aulas em grupo com outras crianças, o que pode melhorar ainda a relação social dos pequenos, ampliando o seu leque de amizades e conhecimento. A Organização Mundial de Saúde recomenda que crianças pratiquem, pelo menos, duas horas de atividade física por dia”, afirma a pediatra.

NOVOS HÁBITOS

A Dra. Danielle Negri também informa que novos hábitos podem trazer impactos positivos em casos de estresse infantil.

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O tempo livre é bastante relevante para os pequenos descansarem o corpo e a mente, por isso, é indicado diminuir as atividades e ações extracurriculares, de acordo com a especialista.

As cobranças afetam a vida dos adultos e podem desencadear ansiedade e depressão e isso não é diferente nas crianças. Diante disso, destaca-se que os pais devem entender que os pequenos não vão conseguir atender às suas expectativas sempre, uma vez que eles estão em uma fase de aprendizado, que é repleta de erros e falhas.

É indicado ter atenção aos mimos, já que, de acordo com a médica, fazer todas as vontades da criança não é uma boa ação e pode resultar em um indivíduo que não aceita correção e disciplina.

“Notando comportamentos diferentes, devem procurar o pediatra o quanto antes para analisar o que de fato está acontecendo e o que pode ser feito. O pediatra pode até trabalhar em conjunto com um profissional de psicologia. Para prevenir o estresse infantil é essencial que a criança tenha uma rotina equilibrada, com diminuição e restrição do uso de aparelhos eletrônicos, principalmente antes de dormir, presença dos pais no
desenvolvimento pessoal e emocional, e principalmente tempo livre para brincar e se divertir. Afinal, criança precisa ser criança!”, conclui a Dra. Danielle Negri.

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