Fumar voltou à moda entre os jovens? Veja como combater o hábito
No Dia Nacional do Combate ao Fumo, confira dicas de como conscientizar os jovens sobre os efeitos do cigarro a curto e longo prazo.
Décadas atrás, aqui no Brasil, um comercial bem filmado de um cowboy em um campo ensolarado anunciava uma marca de cigarros. O comercial passava na televisão em horários restritos, mas, hoje em dia, nem isso. O movimento que vemos é contrário, de combate ao cigarro, com campanhas preventivas e de conscientização.
Tanto que este domingo, 29 de agosto, é marcado pelo título de Dia Nacional de Combate ao Fumo, uma data que traz à tona a importância do combate ao hábito, especialmente entre jovens. Acredite se quiser, fumar está voltando à moda entre eles, muito por conta da pandemia de coronavírus. Segundo a Organização Mundial da Saúde, o mundo apresenta, anualmente, 40 milhões de novos jovens fumantes entre 13 e 15 anos, um perigo em tempos de COVID, já que o tabaco interfere na reação do corpo ao vírus, podendo gerar quadros agravados da doença.
É por isso que a tática mais recomendada para evitar esse novo boom do fumo é a conscientização: “A melhor forma de combater o fumo entre os jovens é esclarecê-los que o fumo prejudica a performance física e sexual”, explica o pneumologista da Clínica Alergo Ar, Dr. José Roberto Zimmerman. “A longo prazo, o fumo pode provocar enfisema, bronquite crônica, câncer de pulmão e bexiga, entre outros”.
Como conscientizar os jovens sobre o uso do cigarro?
O tabagismo é uma doença socialmente aceita. Assim como o consumo de álcool, gera dependência e sérias questões de saúde a longo prazo, como comentado acima. No entanto, o cigarro, muitas vezes, é visto pelos jovens como um símbolo de status: seja para parecer “cool” entre os amigos, seja como uma ferramenta de aceitação – no desejo de fazer parte do grupo, o adolescente entra na onda dos amigos e começa a fumar também. A publicidade também acaba tornando o hábito atrativo, o que alimenta o interesse por lucro dessas indústrias.
No Brasil, a publicidade sobre o cigarro é proibida – os maços podem apenas estar à vista em estabelecimentos onde são vendidos -, mas a publicidade subliminar é o que gera o maior interesse: personagens de filmes e televisão que fumam, estrelas de reality shows que falam o quanto precisam do hábito no horário nobre (Fiuk, participante da última edição do Big Brother Brasil, da Globo, é um claro exemplo disso, e virou meme na internet pela quantidade de cigarros que fumava por dia), entre outros, são o que alimentam esse imaginário de glamour em torno do hábito.
A questão é que evitar o assunto o torna ainda mais atraente para um adolescente. Nessa idade, é comum as pessoas irem atrás daquilo que é considerado “proibido”, como uma forma de transgressão dos padrões e a educação que receberam em casa. O ponto, então, é apelar para uma conversa franca e aberta, que estimule o jovem a tirar dúvidas e ter consciência sobre os efeitos do cigarro. Alguns pontos a se abordar:
- O investimento financeiro: uma pessoa que fuma com frequência tem um gasto mensal considerável em maços de cigarro, isqueiros e até em itens de higiene básica como desodorantes e enxaguantes bucais – afinal, o cheiro de cigarro impregna as roupas e a própria boca.
- O efeito na vida das outras pessoas: o cigarro é uma droga lícita que interfere na saúde do fumante e das pessoas que vivem próximas a eles. Filhos de pais fumantes podem desenvolver mais questões respiratórias do que filhos de pais não-fumantes. Essas pessoas são chamadas de “fumantes passivas” e também são mais propensas a infecções respiratórias.
- O efeito no meio ambiente: o plantio do tabaco gera desmatamento de florestas, contamina o solo e o ar por conta da secagem das folhas e do uso de agrotóxicos, fora o lixo – uma bituca de cigarro leva até 5 anos para se decompor completamente, e vemos muitas delas nas ruas, praças e calçadas.
- O impacto na saúde: a longo prazo, o cigarro acarreta uma série de doenças, dentre elas o câncer de pulmão, o mais frequente entre os fumantes. Questões cardíacas, como infartos, também podem ser uma decorrência do fumo, assim como acidentes vasculares cerebrais e bronquite crônica.