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Afinal, os vapers são mais prejudiciais que o cigarro normal?

Qual é a dessa nova moda? Fomos perguntar a um especialista

Por Amanda Panteri
Atualizado em 24 Maio 2022, 14h16 - Publicado em 4 out 2019, 18h22

No começo d e 2018, o Centro de Controle e Prevenção de Doenças, agência do Departamento de Saúde dos Estados Unidos, soltou um alerta acerca dos cigarros eletrônicos. O comunicado aconselhava a população a não comprar o produto de lugares não credenciados, e saiu na mesma época em que circularam casos na mídia sobre mortes no país que teriam sido causadas pelo equipamento. Não se sabe ao certo quais substâncias presentes nos também chamados vapers poderiam gerar danos letais para as pessoas. E a ciência ainda tem muito o que avançar nos estudos sobre a novidade. 

O problema é que a moda pegou. É cada vez mais comum gente trocando o cigarro normal pela alternativa eletrônica, ou até mesmo começando a praticar o hábito por causa dela. Por isso, fomos tentar entender: o que são os vapers e quais os possíveis prejuízos para a saúde que eles podem trazer? Para isso, contamos com a ajuda do pneumologista Mauro Gomes, diretor da Comissão de Infecções Respiratórias da Sociedade Paulista de Pneumologia e Tisiologia. 

O que é?

Não confunda mais: vaper e cigarro eletrônico são o mesmo dispositivo e têm o mesmo funcionamento, apenas são nomenclaturas distintas. A única diferença é que o termo vaper é mais usado para a descrição de equipamentos que esquentam e transformam em vapor qualquer solução ou aroma que foi feito para ser inalado. Já o cigarro eletrônico pode ser explicado como um tipo de vaper que vaporiza soluções (com sabor ou não) com nicotina

O equipamento é dividido em três partes: bateria, vaporizador e cartucho. É o último que armazena água e as substâncias como nicotina, aromatizantes e essências. O processo é bem simples. “A bateria é ligada a um sensor que detecta o momento em que o usuário faz a sucção e em seguida ativa a vaporização do líquido presente no cartucho”, explica o médico. 

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Existem vantagens com relação ao cigarro comum? 

Muita gente usa o vaper como alternativa ao cigarro comum – isso porque dizem que ele é mais saudável. Mas não é bem assim que funciona. “Não acho que podemos falar em vantagens ao compararmos os dois produtos, considerando que ambos fazem muito mal à saúde respiratória e cardiovascular, e têm grande potencial cancerígeno”, diz Mauro Gomes. 

Contudo, algumas coisas podem ser analisadas. Segundo o pneumologista, um único cigarro eletrônico contém o equivalente a quase dois maços de cigarros convencionais em nicotina. A substância age no cérebro e causa uma dependência grave ao fumo. 

Então a saída é continuar no tradicional, certo? Nem tanto. “O produto comum possui milhares de outras substâncias irritantes (que provocam alteração dos mecanismos de defesa do pulmão e a contração brinquial), alcatrão (cancerígeno) e monóxido de carbono (que diminui a capacidade de transporte de oxigênio).

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O que mais o vaper pode causar? 

A novidade cada vez mais usada por jovens pode gerar diversos problemas pulmonares. O propilenoglicol – líquido em que a nicotina é diluída nos cigarros eletrônicos – por exemplo, é inofensivo em seu estado natural. Mas, ao ser aquecido, se transforma em formaldeído, elemento diretamente associado ao câncer de pulmão. “Além dos metais pesados presentes, que causam doenças respiratórias como fibrose pulmonar e doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), conhecida como bronquite crônica e enfisema”, conta Mauro Gomes.

Os casos já registrados começam com sintomas de insuficiência respiratória (falta de ar) e podem evoluir para diferentes quadros de saúde, que ainda estão sendo estudados pela ciência. Alguns pesquisadores já até relacionaram o dispositivo com problemas cardiovasculares.  O Journal of the American College of Cardiology, este ano, publicou um artigo que apontava que o líquido presente nos cigarros eletrônicos (principalmente os de sabor canela) leva à disfunção das células endoteliais, importantes no controle da contração e relaxamento de nossas veias. 

Eles podem mesmo explodir?

Qualquer tipo de aparelho eletrônico possui riscos de funcionamento. É raro, mas pode acontecer”, diz o pneumologista. Ainda mais se o produto for fabricado com peças não confiáveis. Em junho deste ano, o New England Journal of Medicine publicou um caso de um adolescente de 17 anos que teve a mandíbula fraturada por conta da explosão de um vaper. 

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O Food and Drug Administration (FDA), outro órgão americano, recomenda que as pessoas guardem o aparelho em lugares que não tenham metais próximos. E que também evitem utilizar carregadores que não sejam feitos para ele, bem como trocar as baterias caso elas molhem ou danifiquem.

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