O que são (e porque sentimos) borboletas no estômago?
Sabe aquela sensação que você tem na hora de sair em um novo encontro? É fruto de um sistema primitivo
Quando começamos um novo relacionamento ou estamos conhecendo alguém melhor, é comum sentirmos “borboletas no estômago”. É aquela sensação curiosa de frio na barriga, uma mistura de expectativa com empolgação.
“O estômago é também conhecido como o nosso segundo cérebro”, explica Shana Wajntraub, psicóloga e neurocientista. “Em situações de emoções intensas, normalmente ocorre essa sensação de formigamento.”
Esse efeito é bastante perceptível quando estamos apaixonados ou em outras situações, como diante de uma plateia que consideramos desafiadora quando precisamos fazer uma apresentação impactante. “É um misto de alegria intensa com a ansiedade que o novo pode provocar e medo excessivo, no segundo exemplo”, explica ela.
Essas emoções fortes liberam diferentes hormônios, que podem levar a batimentos cardíacos acelerados, sudorese, pupilas dilatadas, respiração ofegante e, claro, as famosas “borboletas no estômago”.
BORBOLETAS NO ESTÔMAGO E A POSTURA DE LUTA OU FUGA
Sim, é isso mesmo que você leu acima: as duas coisas estão relacionadas. A postura de luta ou fuga é uma resposta natural do organismo diante do perigo iminente.
Essa resposta é tão antiga quanto o próprio ser humano: nossos ancestrais já se utilizavam desse mecanismo diante dos perigos da vida primitiva – por exemplo, um tigre dente de sabre ou um leão.
Por mais que fugir de leões e tigres não seja comum hoje em dia, o mecanismo se mantém: diante de uma situação aparentemente perigosa (por exemplo, quando você recebe aquele e-mail do seu chefe dizendo que vocês “precisam conversar”), o organismo aumenta a liberação de adrenalina e cortisol e manda o sangue do corpo para os membros, como braços e pernas – bem longe do sistema digestivo.
Esse é um ponto essencial na explicação sobre as “borboletas no estômago”. Afinal, com o sangue longe da região, os vasos sanguíneos do sistema digestivo se contraem, e a diminuição de fluxo sanguíneo na área gera essa sensação curiosa.
Ok, mas quando você está apaixonado, dificilmente está sentindo medo ou com vontade de fugir, certo? Quase isso.
O nosso organismo primitivo não sabe diferenciar muito bem as duas coisas, por mais que, conscientemente, fique claro para nós que um segundo encontro é algo positivo.
Porém, considerando que a reprodução também é uma necessidade primitiva de manutenção da espécie, ela pode ser considerada uma emergência – e a possibilidade disso acontecer (por exemplo, a partir de um novo encontro com uma mesma pessoa) gera todo o ciclo de “luta ou fuga” que ocasiona os mesmos sintomas.
Ou seja, o que diferencia uma situação da outra é a interpretação que fazemos delas. Nos exemplos acima, as “borboletas no estômago” são ruins porque demonstram o medo que sentimos de uma conversa com o chefe (que pode acabar em uma demissão). Por outro lado, elas são boas quando representam a empolgação de um novo romance – ou seja, observar as respostas do corpo e ressignificar essas sensações não só é possível, como válido!