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Veja a diferença entre paranoia, ansiedade e intuição

Psicólogo esclarece as diferenças entre paranoia, intuição e ansiedade, e fala sobre as características de cada um dos casos

Por Juliany Rodrigues
13 nov 2022, 10h00

Em alguns casos, ao enfrentar problemas psicológicos, é difícil compreender o que realmente está acontecendo e distinguir o que passa. Segundo uma pesquisa deste ano da Associação Brasileira de Psiquiatria, 50 milhões de brasileiros sofrem algum transtorno mental, por exemplo, depressão, déficit de atenção, ansiedade e outros. 

“Diferenciar a ansiedade da intuição é muito difícil pois depende de sua tranquilidade, quando surge algum sinal de que alguma coisa não está indo em um boa direção, quando você está tranquilo isso costuma ser a intuição. Agora, se for um momento conturbado, de muita pressão, é comum que a nossa interpretação seja muito negativa, ou catastrófica”, esclarece Luiz Mafle, psicólogo, professor na UNA e doutor em Psicologia pela PUC Minas e Universidade de Genebra. 

O especialista ressalta que os sinais podem variar de acordo com a realidade de cada indivíduo. “É importante ver seu estado de espírito no momento, porque quando estamos com muitas demandas é pouco provável que a gente siga nossa intuição, assim ficamos suscetíveis a interpretar tudo de forma negativa. Então o melhor sinal é entender o estado de espírito do momento”, diz.

ANSIEDADE E INTUIÇÃO

Em certas situações, principalmente quando não há o devido apoio psicológico, pode ser difícil distinguir o pensamento racional do futuro de casos de ansiedade.

“A ansiedade é um receio constante que a pessoa tem. Se ela tende a ter uma interpretação única, de que tudo vai dar errado, de que nada funcionará, é bem provável que a pessoa fique ansiosa. A ansiedade é uma reação, enquanto a intuição é uma tentativa de previsão que nossa personalidade tem. A ansiedade é uma reação ao medo de que tudo dê errado. O risco é acreditar que ela é a intuição, uma previsão do que vai acontecer. Quando é assim, acreditamos que o futuro será tenebroso e sem esperança”, afirma Luiz.

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Vale ressaltar que a intuição é um ato que faz parte do ser humano e, por isso, pode ser considerado como saudável e até é recomendado. Entretanto, o psicólogo alerta que é preciso pensar no futuro sem ter uma visão negativa.

“Pensar muito no futuro tende a ser um sinal de ansiedade, pensar que o futuro vai dar errado não é uma boa prática. Dessa forma, acabamos fugindo do presente projetando o futuro. É claro que é comum planejar o futuro, faz parte de nossa vida, o correto é depois voltar para a realidade e trabalhar para fazer o futuro acontecer, a pessoa ansiosa acredita que o presente está errado e busca uma solução no futuro”, declara.

A ansiedade e a intuição também podem ser confundidos com a paranoia, porém, há diferenças entre os três termos. “Em um estado de paranóia, a pessoa não tem controle de sua consciência, em geral isso é tratado apenas com medicação. Mas, se o sentimento de perseguição vem de um excesso de ansiedade, o que se pode fazer é confrontar, questionar o que está acontecendo e fazer um teste de realidade para enfrentar o problema”, fala Luiz.

De acordo com ele, a intuição pode e deve ser utilizada ao nosso favor, podendo atuar como uma bússola na nossa vida. “Precisamos estar atentos às nossas reações diante de cada momento, pois de lá vêm sinais que podem nos prevenir ou nos apontar novas oportunidades. Quando relaxamos e estamos em boa sintonia e conexão com a gente, a intuição se torna uma bússola excelente. Posso dizer que seja até uma necessidade”.

GRAVIDADE

“Paranoia e ansiedade são coisas distintas, a ansiedade é o receio de que alguma coisa errada vá acontecer, antecipando problemas, que geram pânico. A paranoia está mais ligada à esquizofrenia. Clinicamente temos a esquizofrenia paranóide, no qual a pessoa interpreta o mundo de uma forma persecutória, ou seja, sente o tempo todo que está sendo perseguido”, explica o psicólogo, relatando que a paranoia e a ansiedade possuem gravidades diferentes.

Diante disso, fica claro que há inúmeras diferenças entre todos esses casos e cada um deve ser tratado de uma maneira específica. Logo, é fundamental contar com a ajuda de um psicólogo.

”Situações de ansiedade trazem consigo mudanças orgânicas, como uma taquicardia, tremores, falta de ar e formigamento, coisa que a intuição não traz. A intuição mostra uma possibilidade. A ansiedade é uma certeza que vem com uma reação física. Ao longo do tempo, quando pensamos que tudo vai dar errado, é natural que isso se fortifique na mente, fazendo com que a pessoa se retraia do mundo”, finaliza Luiz Mafle.

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