Tati Machado: muito além da representatividade corporal
Fenômeno de 2024, a apresentadora contou como a fama influenciou sua vida ao longo deste ano - da beleza e glamour à pressão estética
Sucesso meteórico na televisão, Tati Machado estampa a última capa de Boa Forma em 2024 – e não à toa: este foi o ano dela!
Destaque do “Dança dos Famosos” no “Domingão do Huck”, a jornalista e apresentadora entregou carisma e uma série de coreografias marcantes que lhe renderam o título de campeã. Porém, mais do que a conquista na competição, Tati teve recompensa ainda melhor: uma melhora significante em seu desempenho físico e sua saúde.
“De tempos em tempos, eu olho todos os meus vídeos, todas as minhas apresentações em grupo e individuais, e eu nem me reconheço. Até hoje eu não acredito nos feitos, nas coisas que a gente fez”, contou à Boa Forma. “No final [da competição], eu tinha o mesmo desgaste físico do começo, ou até maior, mas meu corpo estava muito mais preparado, muito mais disposto”, completou.
Junto aos benefícios notados em seu corpo e mente, consequentemente sua participação no quadro também rendeu mudanças em sua forma física, a levando a receber milhares de elogios na internet.
Perguntada sobre como lidou com as mensagens a respeito de sua perda de peso, Tati assume que entende a problemática da relação ainda feita por muitas pessoas entre beleza e magreza.
“Eu acho que [o elogio] é aquele ‘tapa com beijinho’. Ao mesmo tempo em que eu entendia o teor daquilo, também nunca tinha recebido tantas mensagens falando que eu estava linda. E a gente quer ser aceito na vida. […]. É muito bom a pessoa achar que você está linda – e eu também estava me achando linda! Mas aí é que mora o perigo de buscar um corpo que, muitas vezes, é mais difícil, inalcançável para o meu biotipo, para minha rotina”, alertou.
Em nosso bate-papo, a apresentadora contou como a jornada durante e após o “Dança dos Famosos” repercutiu em sua vida e sua saúde ao longo deste ano, e compartilhou detalhes sobre sua rotina de autocuidado com o corpo e a mente. Confira a seguir a entrevista completa!
Body positive x cultura da magreza
Falar sobre body positive se tornou cansativo para você? Ter tantas pautas relacionadas a você girando em torno dessa temática te incomoda?
Ainda não me cansou, porque eu ainda recebo retorno das pessoas impactadas positivamente. Então enquanto isso acontecer, não quero me cansar desse assunto. O que me cansa mais é quando a intenção da matéria é construída de uma maneira para chegar nesse tema. Eu preferia que as pessoas fossem sinceras de quererem falar sobre esse assunto, então “vamos embora, vamos falar desse assunto”, e não aquela tentativa de costurar para tentar chegar de forma delicada. Porque o que acontece muito é que, às vezes, as pessoas não conseguem chegar de uma maneira tão legal, principalmente quando é sobre esse assunto, então acabam fazendo de uma forma mais abrupta, mais invasiva. E quando não é assim, costura-se de uma forma para chegar neste ponto. Mas cansar de falar sobre o assunto, não. Eu sei da responsabilidade que tenho. Foi um processo para mim também, porque enquanto eu estava inspirando as pessoas que viam meu corpo na televisão, na verdade eu também estava aprendendo a lidar com esse meu corpo. Eu não estava nem “me tocando” de que inspirava pessoas, eu estava só querendo me entender como uma mulher gorda.
A forma como você se enxerga diante do espelho mudou depois da fama? Você acha que ela te trouxe mais empoderamento, mais glamour?
Esse universo nos dá possibilidades de brincar, de ser ousada. Quando eu não era conhecida, quando não trabalhava na frente das câmeras, financeiramente eram coisas inviáveis, bem inviáveis. Hoje em dia a gente tem acesso a conseguir coisas emprestadas, mesmo que a gente não compre e gaste milhões. Para mim, este é um lugar que ainda estou pisando devagarzinho. Por exemplo, eu ainda não consigo fazer um ensaio fotográfico por minha conta, se precisar, porque ainda não consigo investir muito dinheiro. Sei que muitas vezes isso é importante para colocação no mercado, porque ter pessoas de nome trabalhando junto com você também impacta, mas para mim ainda é um lugar muito novo. Estou conquistando tantas coisas na minha vida pessoal, com minha família… Eu sei que ter esses gastos me projeta, estou tentando ter cada vez mais noção disso, mas ainda tenho muito medo de pisar nesse universo, de me colocar. Mas trabalhando com o que trabalho, nós conseguimos ousar mais. O que me ajudou muito a me aceitar e a aceitar meu corpo foram as possibilidades que meu trabalho me deu. Antes eu ia em uma loja e não conseguia achar uma roupa que ficasse bom em mim, mas a partir do momento que você trabalha com pessoas te vestindo, elas trazem uma possibilidade infinita, que na tua vida pessoal, você não ia conseguir. Então eu sei que, hoje, tenho esse privilégio que muitas meninas não têm. A maioria dos looks que eu uso na televisão são mais acessíveis, porque é algo que também faço questão, de que as pessoas possam ter possibilidades. Isso me ajudou muito a me empoderar como mulher, a me achar gostosa, sexy, interessante e a ter uma relação melhor com o espelho, mas ainda é um processo novo para mim. O ano de 2024 me ensinou muito em relação a isso, ao meu visual, a como me vestir, ao que vender de imagem, como me projetar, que estou investindo “aqui” mas é para ganhar lá na frente. Então tem tudo isso, mas ainda pisando fofo [risos], muito devagarzinho, para não ir com muita sede ao pote, e acho que tem dado certo. Eu sou mais pé no chão nesse sentido. Até porque é muito gostoso esse universo. Você deita numa cadeira e quando levanta está linda, com cabelo feito, com um carro para te buscar quando você precisar, pessoas te bajulando, um camarim com comida… Então é um trabalho diário de olhar para o passado, conseguir estar no presente e olhar para o futuro. Eu nunca estou só olhando para frente, estou sempre com um rabinho de olho no que passei lá atrás, para que eu me mantenha com o pé no chão e não mergulhe nessa coisa da glamourização. Muitas pessoas já acham que eu mudei. Já fui “hateada” por algumas pessoas. Em dado momento da minha vida, eu recebia mais comentários positivos do que negativos sobre meu trabalho, mas quanto mais fama e visibilidade você tem, maiores são os risco de existirem pessoas que não concordem com seu trabalho ou que só querem falar mal, e está tudo bem também. 2024 me fez experimentar todas essas coisas, então por isso eu tento sempre me manter firme, não esquecer quem sou, de onde vim e qual é o meu propósito.
Movimento, alimentação e bem-estar
Quais mudanças você notou em sua saúde durante e depois do “Dança”?
Eu tenho bronquite asmática e, apesar de sofrer mais quando era criança, sempre andei com minha bombinha. Então às vezes os exercícios em excesso me traziam um pouco de falta de ar. Tem aquelas vezes em que eu consigo ficar um pouco paradinha e controlar até a respiração ficar normal e tem aquelas em que fico mais impossibilitada e que preciso sugar minha bombinha. [O “Dança”] foram quatro meses, e por uns dois meses e pouquinho eu precisei dela, porque era muito cansativo. Eu usava a bombinha antes de entrar no ensaio para poder aguentar a parte física, mas terminei o quadro sem precisar usá-la. No final eu tinha o mesmo desgaste físico do começo, ou até maior, mas meu corpo estava muito mais preparado, muito mais disposto. Esse foi um benefício muito grande para minha saúde. E a elasticidade também. Sabe essas dores do dia a dia, que dói um pouco quando acorda, aí vai levantar da cama e sente que o joelho não está muito legal? Eu sentia dores no corpo inteiro [risos] e acabei ganhando uma elasticidade e um domínio do meu corpo que eu desconhecia. Para minha saúde, foi a melhor coisa do mundo. Foi bom não só para minha saúde física, mas para cabeça. Eu sempre fui apaixonada por dança e por música, e participar ali, mesmo sendo o período em que eu mais trabalhei na minha vida, com certeza absoluta foi o período em que minha cabeça esteve melhor, de me sentir feliz, plena. Experimentei uma rotina muito cansativa, mas minha cabeça estava tão feliz, que mentalmente foi muito bom. Pena que acaba e aí nossa rotina suga a gente.
Foi uma surpresa essa potência do seu corpo?
Ainda é! [risos] De tempos em tempos eu olho todos os meus vídeos, todas as minhas apresentações em grupo e individuais, e eu nem me reconheço. Até hoje eu não acredito nos feitos, nas coisas que a gente fez. Eu fui muito estimulada. Tive um professor que eu desafiava. Eu não queria fazer a mesma coisa que todo mundo fazia. Eu queria fazer coisas diferentes. E aí ele falava: “Ah é? Você quer coisa diferente? Então toma!”, e me jogava a pior coisa, a mais diferente [risos]. Então foi mágico! Me senti muito desafiada e acredito que a vitória foi realmente uma consequência, porque eu fui muito feliz ali. O primeiro mês, que foi um mês de apresentações em grupo, eu estava tão feliz, que por mim o quadro teria continuado em grupo, porque eu fiz grandes amigos, pessoas que fizeram falta na minha rotina depois que nos separamos, ao ponto de abrir um buraco no peito mesmo. Do tipo: “Como é que eu vou viver os próximos meses sem ter a “encheção” de saco do meu melhor amigo Mc Daniel? Como vou conseguir almoçar sem minha maior companhia, que é o Samuel de Assis?”. Foi muito difícil, mas mudou a minha vida. Acho que existe realmente uma Tati antes do “Dança” e uma Tati depois, e eu falo isso para todo mundo. Eu sou aquela pessoa que encontra algum famoso que nunca participou do quadro e fala: “Você participaria do ‘Dança’?”. Aí se a pessoa me responde que sim, eu já começo a falar do programa, mando mensagem para a direção dizendo que fulano gostaria de participar… Eu sou quase uma pastora levando a palavra do “Dança” para todo o Brasil [risos].
Depois da sua participação no quadro, você continuou se exercitando? Como é a sua relação com as atividades físicas hoje em dia? Você pratica algo?
Eu nunca fui fã de academia, apesar de saber o quanto ela é importante para mim. Nunca me encontrei nela. E aí o que aconteceu: meu marido começou a fazer futevôlei na praia e num belo dia, ele estava reunido com a nova galera dele e falou para eu passar lá. Quando passei, vi o Bruno com novos amigos e me bateu um ciúmes. Ele, todo tímido, cheio de amigos novos, eu falei: “O que? Eu vou começar a me inserir nesse negócio!” [risos]. Comecei a ir para um encontrinho deles, ficava só olhando. Depois, comecei a tentar, jogava um pouquinho… Até que comecei a fazer aula e me apaixonei. Eu vivia com areia da cabeça aos pés, virei essa pessoa! Mas quando vim para São Paulo a trabalho, eu meio que abandonei o futevôlei. Agora brinco que sou só esposa de jogador de futevôlei. Então eu não jogo mais, apesar de gostar muito, porque foi a primeira vez que encontrei – além de vôlei de praia, que eu adoro – uma atividade ao ar livre, que para mim fez toda a diferença. Às vezes, a gente passava 12 horas no fim de semana jogando futevôlei. A gente ia dormir, desistia de sair à noite ou de ir para alguma festa beber, justamente porque no dia seguinte tinha futevôlei. Essa atividade foi a que eu me apaixonei mesmo. Agora, fora isso, ir para a academia é só obrigada mesmo, porque sei da importância. As pessoas falam que uma hora você vira a chave. Minha filha, eu estou esperando essa virada de chave há tanto tempo! Mas vou lá, na força do ódio, porque sei que é para deixar memória muscular, para eu poder me limpar quando ficar velhinha, para eu poder ter minha independência. Faço porque sei da importância, é maior do que o meu “gostar ou não gostar”. Vou dessa maneira, mas paixão mesmo, é o futevôlei. Eu nunca joguei bem, jamais [risos]. Devo ter ganhado pouquíssimas partidas na minha vida, no meu histórico como atleta de futevôlei – ainda mais com 1,50m, correndo numa areia com bronquite asmática, imagina só? [risos] Mas os hormônios que eu exalo são realmente maravilhosos. Então começou com um ciúmes idiota da minha parte, mas ainda bem, que foi justamente nesse ciúmes que eu encontrei uma prática e eu e meu marido gostamos e que mudou nossa rotina, de passar a acordar mais cedo, ter expectativas… Eu gosto muito de quando encontramos alguma atividade, que também foi o caso do “Dança”, que você acorda com tesão naquilo, que ao invés de colocar o pijama, você já quer dormir com a roupa do dia seguinte. Gosto muito disso e sinto saudades. Está no meu plano para 2025 voltar a fazer isso.
Você tem outros cuidados com sua saúde física e mental?
O que estou tentando melhorar é beber água. Meu pai já morreu, mas todas as mensagens que ele me mandava terminavam com: “Já bebeu água, filhinha?”. Então quando ele morreu, eu fiz um compromisso comigo mesma para beber mais água. Só que às vezes nós fazemos alguns compromissos que não cumprimos, então tenho essa dívida em aberto. Acho que estou melhorando, mas ainda não como deveria. Mas eu já vejo o resultado na prática de como beber água faz a pele ficar melhor, faz tudo ficar melhor. Para o meu bem-estar, o que também tenho tentado fazer é aproveitar mais meus momentos de folga. Quando falamos no tempo que nos sobra após o trabalho, temos tanta coisa para resolver na nossa vida, como lavar a roupa que está pendente, arrumar o quarto, ajeitar a decoração da sala que não está bonita há meses… Mas ainda assim, eu tenho me dado o direito de ser inútil para o Brasil [risos]. Quero ser inútil, colocar aquele filme romântico para chorar, que você não precisa pensar, só relaxar, comer uma comida gostosa em casa… Estou dando mais valor a isso, especialmente agora que eu estou longe da minha família. Desde que começamos a morar aqui em São Paulo, sem nossas famílias, acho que pela primeira vez está batendo mais saudade, como nunca tinha batido antes. A vida sempre foi muito atribulada no Rio, mas chegava um final de semana e a gente acabava se encontrando. Então às vezes eu vou para o Rio e volto um pouco frustrada, porque é pouco tempo para conseguir aproveitar tudo, ver os meus dois irmãos, encontrar minha mãe e ainda encontrar os meus amigos, ir para uma festinha… Não dá. A gente tem que escolher quais batalhas abraçar por vez. Então meu bem-estar máximo hoje é ou estar descansada para conseguir aguentar o rojão da semana seguinte, ou encontrar minha família e meus amigos.
Beleza saudável
Você tem bastante sardinhas e não costuma escondê-las nas fotos. Elas já foram uma questão para você?
Eu amo esse assunto! Fui uma adolescente que tentou tirar as sardinhas, fiz alguns procedimentos com ácido para tentar clareá-las. Sempre cuidei bastante do rosto em relação a protetor solar. Sempre fui aquela pessoa que não fica muito exposta ao sol. Curto uma praia do começo ao fim, mas fico debaixo da barraca. Sempre foi assim, e por um momento eu praticamente as zerei na adolescência, só que com um pouquinho mais de sol, ela já saltam. Mesmo com todo o cuidado que eu tomo sempre que volto de férias, que costumam ser na praia, elas ficam mais escuras. No colégio eu já vivia aquela coisa de não me enxergar, porque não tinha nenhuma amiga com sarda, parecida comigo, então isso já era uma questão. Quando comecei a trabalhar na televisão, vi que a mesma coisa se repetia. Também não tenho tantas pessoas próximas a mim com sardas, mas hoje a gente já tem outras pessoas que expõem mais. Lembro de quando eu era mais nova, que vi a Letícia Spiller e falava: “Ela tem sardinha! Às vezes esconde um pouco, mas tem!”. A própria Marina Ruy Barbosa, Jade Picon… Sempre tentei não tampar, e também é muito difícil tampar. Não sei se te dou 100% de certeza que de alguma maneira foi uma vontade de não tão tampar ou se foi porque eu achava que ficaria rebocada demais. Talvez, se tivesse alguma coisa mais fininha que eu passasse e as escondesse, eu até poderia esconder. Mas hoje eu não quero esconder. Claro que as luzes do estúdio acabam nivelando muito o nosso rosto, então como ela vem muito direcionada para o rosto, acaba “lavando” a pele e parecendo que não tenho tanta sarda. Então realmente quando faço algum ensaio fotográfico quase sem maquiagem ou quando estou na minhas férias e faço alguns Stories, as pessoas começam: “Meu Deus, você tem sarda, eu não sabia! Mostra mais essas sardinhas”. Dá até uma excitação. Nas minhas últimas férias, o que me ajudou muito a me despir da maquiagem, foi isso. Sempre gostei muito de maquiagem, me sinto bonita, mas ao mesmo tempo também estou aprendendo a gostar mais das minhas sardas. E é tão legal ser hoje a única com sardas nos ambientes. Lá atrás era estranho ser a única, mas hoje, como uma boa leonina, eu gosto de ser a única [risos]. Então hoje em dia eu gosto muito e não tento esconder, não só pelos outros, mas por mim também. Elas fazem parte das minhas características, de quem sou, do meu DNA, e carregam muita história, de cada sol que peguei, cada cuida que já curti na vida. Hoje, eu abro um sorrisão para falar disso e me arrependo de alguma maneira isso ter me atormentado em dado momento da infância.
Como são seus cuidados com a pele? Você mantém uma rotina de skincare?
Confesso que não tenho um super cuidado, de passar mil produtos e ficar horas fazendo o skincare, mas eu não durmo de maquiagem de jeito nenhum. Sempre lavo o rosto com um bom sabonete e passo um sérum no rosto. Gosto de fazer um skincare mais básico, deixar o rostinho bem limpinho, bem tonificado, e usar protetor solar. Quando acordo, é quase como escovar os dentes. Já sei que vou ser maquiada no trabalho, mas sempre passo protetor solar. mesmo que seja com um fator mais baixo. Costumo usar um mais fininho para não me sentir muito oleosa e também tenho aquele de bastão que já vem com cor, que facilita a vida. Nunca fiz nenhum procedimento estético no rosto, mas brinco que quero botar botox, porque acho que chegou a hora. Eu relutei [risos]. Brinco que todo mundo tem um lado do rosto que é mais caído e o meu com certeza é o lado direito, então sempre fico levantando essa sobrancelha, então acho que uma hora eu vou flexibilizar para o botox, mas ainda não aproveitei as mil permutas que as pessoas mandam de mensagem, ainda não aproveitei isso da vida de famosa [risos].
Você precisou mudar seus cuidados com a pele depois que começou a trabalhar na TV para evitar possíveis danos causados pela maquiagem?
Eu era mais displicente no sentido de dormir maquiada, só lavar o rosto com o sabonete do banho… Depois que comecei a trabalhar na televisão, me tornei mais vaidosa, mas não por estar preocupada porque estou exposta, e por me conhecer mais, por testar mais coisas em mim. Então, com a própria possibilidade da maquiagem, do acesso à maquiagem que eu não tinha antes, tudo isso vai mudando. A minha relação com a vaidade e como me enxergo mudou muito mais do que a minha preocupação com que o outro vai achar. Eu acendi esse lado de autocuidado, de saber que isso também é uma forma de fazer um carinho na gente.
Depois de começar a ter essa rotina de produção para as câmeras, mudou algo em sua relação com a beleza natural? Você se sente bem sem estar produzida?
Isso varia. Às vezes chega o fim de semana e a última coisa que eu quero na vida é passar uma maquiagem, apesar de eu me sentir muito bonita com ela. Mas eu gosto que minha pele respire quando eu não tenho trabalho, porque raramente tenho um fim de semana de folga. Se for parar para pensar, eu me maquio por volta das 8 da manhã e às vezes saio do trabalho e vou para outro trabalho, desfaço toda a maquiagem, faço uma nova, desfaço todo o cabelo, faço um novo cabelo… Então é uma rotina que, quando você tem algumas horas sem essa produção, você fala: “Ah, está tudo bem ficar sem maquiagem”. O que mais me incomoda hoje são minhas olheiras, então muitas vezes eu passo só um corretivo nelas, toco vida e fico sem maquiagem. Vou na rua, passeio no shopping e está tudo certo, porque se eu entrar nessa “nóia”, acho que é um caminho sem volta, vai me impactar lá na frente. Então eu já tento fazer esse trato comigo mesma. Nem sempre dá certo, mas tem funcionado.
Para finalizar, o que significa estar em boa forma para você?
Vou devanear aqui [risos], mas acho que é estar bem. Estar em boa forma é, hoje, me olhar no espelho e me sentir feliz com o que vejo, mas principalmente com o que sou, com que tenho me tornado, com o ser humano que sou com minhas relações no trabalho e na vida pessoal. É me olhar no olho e falar: “Pô, garota, está tudo fluindo! Você está fazendo tudo de uma maneira certa e está tudo bem dar umas derrapadas às vezes, porque ninguém é de ferro. Está tudo bem você não se gostar tanto às vezes, dizer não para algumas coisas”. Então basicamente acho que é me olhar e falar: “Eu sou feliz assim”. Para mim, meu bem-estar é estar feliz, abrir um sorriso e querer mais da vida, das pessoas, dos amores, de tudo. É querer sempre mais!
Fotografia: @fbvasconcelos
Assistente de fotografia: @vitu.t
Retouch: Victor Wagner
Styling: Thiago Setra
Produção de moda: Pedro Augusto e Felipe Leão
Assistente de styling: Fernanda Miyazawa e Mariana Auricchio
Beauty: Juliana Boeno
Produção executiva & criativa: TDG CR
Texto e entrevista: Ana Paula Ferreira
Editora-chefe: Larissa Serpa
Diretora de núcleo: Helena Galante
Direção de arte: Kareen Sayuri e Caroli