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Atividade física rejuvenesce e mantém a pele jovem

Médica explica que exercícios extenuantes podem ocasionar o envelhecimento da pele precoce. Veja, então como a atividade física rejuvenesce

Por Juliany Rodrigues
Atualizado em 18 set 2023, 19h20 - Publicado em 6 dez 2022, 14h50

Segundo a cirurgiã plástica Dra. Beatriz Lassance, membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica e do Colégio Brasileiro de Medicina do Estilo de Vida, a atividade física rejuvenesce, podendo trazer um aspecto mais bonito para a pele, além de torná-la mais saudável.

Maior órgão do corpo humano, a pele é a defesa primária do organismo contra doenças e infecções, de acordo com a médica. Além disso, também oferece proteção contra traumas e danos causados pelas condições climáticas.

“A pele é um órgão complexo, capaz de se adaptar para garantir o bom funcionamento de todo o organismo”, explica.

“Existem algumas teorias que influenciam as variações do envelhecimento. Uma delas é sobre o estresse oxidativo. Para respirar, pensar, dormir, caminhar, existe um gasto de energia que gera naturalmente radicais livres. Nosso organismo é perfeito e possui uma defesa antioxidante com vitaminas, sais minerais e enzimas capazes de até reparar moléculas danificadas. Quando há excesso de radicais livres ou diminuição da defesa antirradicais livres, chamamos de estresse oxidativo. Este equilíbrio deve ser nosso objetivo ao longo da vida, com medidas que diminuem a produção de radicais livres e/ou aumentem as defesas antioxidantes. Inúmeras doenças são associadas a esse desequilíbrio”, conta a especialista.

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Como a atividade física rejuvenesce a pele?

O excesso de radicais livres traz prejuízos para a pele, uma vez que compromete as fibras de colágeno e a elastina, promovendo o envelhecimento. Por isso, o exercício físico, que estimula o sistema antioxidante, desempenha um papel fundamental quando o assunto é combatê-los.

“É a mitocôndria que transforma o oxigênio e a glicose que consumimos em ATP, que é utilizado para todas as funções das células. Usamos ATP para pensar, respirar, contrair músculos, produzir hormônios etc. E como efeito colateral da produção de energia, radicais livres são formados. Radicais livres são moléculas instáveis, faltam ou sobram elétrons e elas têm de se juntar a outras moléculas para se estabilizarem”, explica a profissional.

Dependendo dessa reação, a molécula “atacada” tem seu funcionamento alterado, pode ser uma proteína como colágeno, elastina, hormônio, gordura. Quando os radicais livres foram identificados e percebeu-se que quanto maior a produção de energia, maior a produção de radicais livres, surgiu a teoria de que exercício físico envelhece.

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Mas se ele envelhece, como as pessoas ativas vivem mais e melhor e envelhecem menos?

“Na verdade, o exercício físico de moderada intensidade aumenta um pouco a quantidade de radicais livres, mas provoca uma produção ainda maior de antirradicais livres”, destaca a médica.

Segundo Beatriz, quando produzimos muita energia e não a utilizamos (sedentarismo), ela fica acumulada na mitocôndria, o que acaba ameaçando a sobrevida da célula.

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“Ela simplesmente explode. Antes da célula sofrer, o núcleo celular, onde fica o nosso DNA, rapidamente manda matar a mitocôndria. Sem mitocôndria, sem produção extra de ATP, sem risco de morte para a célula. Porém, o lixo produzido pela morte das mitocôndrias é ruim (chamados DUMPS), são radicais livres e substâncias que causam inflamação em todo nosso corpo, podemos comparar a lixo atômico. Essa inflamação de forma constante afeta os vasos com doenças cardiovasculares, afeta o cérebro predispondo a doenças neurológicas como Alzheimer, aumenta a incidência de câncer e diabetes”, aponta a profissional.

“Mas, se utilizamos a energia produzida, uma quantidade adequada de radicais livres é formada, e nosso DNA é avisado por eles que estamos utilizando energia e merecemos mais mitocôndrias. O núcleo passa a produzir substâncias que provocam o aumento do número de mitocôndrias, além de melhorar ainda mais o funcionamento delas. O lixo atômico é reciclado em novas mitocôndrias, essa produção é o maior antioxidante que podemos oferecer ao nosso organismo”, relata.

A maior concentração de mitocôndrias é dentro dos músculos, sendo que quanto mais músculos, mais mitocôndrias e maior a capacidade antioxidante do organismo. Como consequência, o processo de envelhecimento se torna mais lento e a incidência de qualquer doença diminui, de acordo com a cirurgiã plástica.

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Como é o processo em pessoas sedentárias?

“Em pacientes sedentários, a produção de radicais livres pelas mitocôndrias é tão pequena que não há qualquer estímulo para produção de defesa antirradicais livres: aí chegamos no estresse oxidativo. Uma produção moderada de radicais livres provoca, como resposta, um aumento ainda maior nas defesas antirradicais livres. Essa teoria vai ao encontro da máxima de Friedrich Nietzsche: ‘O que não te mata te fortalece’. Como se a agressão sofrida pelos radicais livres provocasse uma reação protetora ainda maior, preparando o organismo para exercício ainda mais intenso. Na ciência, essa conta se chama hormesis. É o mecanismo de adaptação ao exercício físico. É um estímulo saudável, aquela dorzinha no dia seguinte ao treino, sensação de que os músculos foram exercitados”, afirma.

Estudos recentes pontuaram que os músculos em atividade conseguem produzir substâncias chamadas mioquinas, que são responsáveis por estimular a produção de colágeno.

“Inclusive, os pesquisadores mostraram reversão do processo de envelhecimento com melhora da qualidade da pele em pacientes que fizeram exercício de resistência por 12 semanas. Os trabalhos também comprovam que, imediatamente após uma sessão de exercícios físicos moderados, há um aumento na concentração de hormônio de crescimento e de substâncias responsáveis pelo crescimento do número de mitocôndrias tanto nos músculos quanto na pele”, comenta.

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No entanto, a médica enfatiza que, se o exercício físico é intenso demais (extenuante), a quantidade de radicais livres é enorme e a defesa não é o suficiente: o resultado também é o estresse oxidativo.

Nesse sentido, atletas de alta performance podem apresentar um envelhecimento da pele mais precoce e mais acentuado, especialmente se não tiverem aporte ideal de nutrientes.

“Ou seja, para não envelhecer: mitocôndrias e equilíbrio! Podemos traduzir em: dieta balanceada e saudável, exercício físico moderado, filtro solar e hidratação adequada. Simples assim. Força na sua fábrica de mitocôndrias”, conclui a Dra. Beatriz Lassance.

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