Continua após publicidade

Kitesurf: conheça o esporte pelos olhos da praticante Larissa Chehuen

Em entrevista à Boa Forma, ela compartilha suas experiências, desafios e dicas para quem quer experimentar a modalidade

Por Ana Paula Ferreira
28 nov 2024, 12h00
Larissa Chehuen praticando kitesurf
Larissa Chehuen praticando kitesurf (Larissa Chehuen/Divulgação)
Continua após publicidade

Que atire a primeira pedra quem nunca admirou os pássaros voando sobre o mar e se questionou como seria essa sensação de pura liberdade. Apesar de parecer uma realidade totalmente impossível para nós humanos, acredite, existe um esporte que pode te permitir viver algo próximo a essa experiência: o kitesurf.

“Não tem uma pessoa que não se apaixona depois de sentir o vento no rosto e a prancha deslizando na água. É de chorar de emoção”, afirma a praticante Larissa Chehuen.

Foi essa sensação de liberdade, inclusive, que motivou a modelo e atriz a se arriscar no esporte. Mas, apesar do desejo de vivenciar essa experiência, o caminho até conquistar independência no esporte demandou muita dedicação.

“[É preciso] muita calma, persistência e resiliência. São muitas horas de aula com um instrutor qualificado – eu mesma precisei de 15 horas”, contou, garantindo que tudo valeu a pena.

À Boa Forma, Larissa dividiu algumas de suas experiências e desafios ao longo de sua jornada no kitesurf, e compartilhou  dicas para quem quer experimentar a modalidade neste verão.

Continua após a publicidade
Larissa Chehuen praticando kitesurf
Larissa Chehuen praticando kitesurf (Larissa Chehuen/Divulgação)

Kitesurf pelos olhos de Larissa Chehuen

Como você começou a praticar a modalidade?

Um dia, no Rio de Janeiro, fui acompanhar meu marido, que já pratica kitesurf há muitos anos. Eu admirava ele indo para longe no mar com a maior facilidade do mundo, de uma forma tão leve, que pensei: “Um dia quero sentir essa liberdade”. Ficar só na areia não me parecia mais suficiente. Foi então que decidimos passar uma temporada no Nordeste, para que eu pudesse aprender enquanto a gente desbravava alguns estados do Brasil. Lá tem as melhores condições de vento, perfeitas tanto para quem quer aprender, quanto para um profissional. Comecei e nunca mais parei! Virou minha grande paixão.

Quais benefícios você notou em sua saúde física e mental?

Sabe aquela pergunta “quando foi a última vez que você fez algo pela primeira vez?”. Nós viramos adultos e perdemos um pouco a coragem de aprender alguma coisa nova. Mentalmente, me desafiei a ficar boa em algo que antes me parecia impossível e isso fez eu me sentir muito bem comigo mesma. Sem falar que ter a oportunidade de praticar um esporte no meio da natureza faz bem para qualquer pessoa. A prática de esportes ao ar livre diminui os níveis de cortisol, o hormônio do estresse, e a ansiedade, além de liberar endorfina e serotonina, que aumentam a sensação de bem-estar. Então, benefícios para a saúde mental é o que não faltam! Já os benefícios para a saúde física são mera consequência, afinal, passar horas dentro do mar praticando um esporte que requer muito do seu corpo não poderia ter um resultado diferente. O kitesurf fortalece vários grupos musculares, especialmente as pernas, abdômen, costas e braços, porque manter o controle da prancha e da pipa exige muita força e resistência. A atividade melhora a coordenação, o equilíbrio, a flexibilidade e a resistência cardiovascular, além de promover o fortalecimento do core e a capacidade respiratória. Também proporciona um gasto calórico muito alto, por isso eu adoro velejar com meu relógio para contabilizar quantas horas fiquei dentro do mar e quantas calorias gastei. É sempre um número surpreendente!

Larissa Chehuen praticando kitesurf
Larissa Chehuen praticando kitesurf (Larissa Chehuen/Divulgação)
Continua após a publicidade

Como é possível começar na modalidade?

Com muita calma, persistência e resiliência. São muitas horas de aula com um instrutor qualificado – eu mesma precisei de 15h! A primeira aula é só na areia, aprendendo os fundamentos de segurança, manuseio dos equipamentos, controle da pipa e a dinâmica do vento. Só depois que você entra na água, ainda sem prancha, para aprender o que é chamado de “body dragging”, que é quando você é literalmente arrastado pela pipa mar afora. Nessa parte nem preciso dizer o tanto de água que eu tomei na cara [risos]. É aí que muita gente já desiste, porque você se sente muito vulnerável dentro do mar com uma pipa enorme te carregando. Pode ser assustador. Na próxima aula, já te apresentam a prancha, para que você comece a se familiarizar com ela. Você aprende a recuperá-la caso a perca dentro d’água – o que acontece muito, até com os mais experientes. Por fim, o próximo passo é subir na prancha. Esse momento é muito divertido! A sensação que tive quando consegui finalmente velejar, mesmo que por poucos metros, foi o que me deu motivação para continuar. Lembra daquela sensação de liberdade que falei no início? Finalmente a senti.

É preciso algum tipo de acessório ou roupa específica para praticar?

Essa lista é longa, mas nada disso é obrigatório, você usa o que te deixar mais confortável. Eu, por exemplo, não abro mão do maiô esportivo, porque além de proteger do sol, ele também dá o conforto necessário para que você consiga focar nos movimentos sem se preocupar em cair e escapar algo para fora. Também gosto de velejar de óculos escuros, e para isso tem que ser um modelo próprio para esportes aquáticos, que tenha a alça que evita que eles se percam no mar. Outro acessório que só passei a usar depois que comecei a fazer downwinds (quando você veleja quilômetros de uma praia a outra) são as luvas de neoprene, que servem para diminuir o atrito com a barra e evitar a formação de calos na mão, e o colete salva-vidas, que também ajuda caso perca a prancha no fundo do mar e em outras situações mais perigosas. Passei também a usar botas de neoprene em lugares com muitas pedras e corais. Uma vez cortei meu pé e hoje sou muito cuidadosa com isso. Fora isso, ainda tem os acessórios obrigatórios, como o cinto trapézio (equipamento que envolve a cintura), a barra e as linhas, que conectam e controlam o kite, o leash (corda de segurança presa ao tornozelo para emergências), a prancha e a própria pipa, claro.

Larissa Chehuen praticando kitesurf
Larissa Chehuen praticando kitesurf (Larissa Chehuen/Divulgação)

Quais são as maiores dificuldades do esporte? O que é preciso aprender de técnicas?

A maior dificuldade eu diria que é abrir mão do ego para levar muitos tombos e água na cara antes de conseguir, finalmente, velejar. As primeiras aulas podem ser bem sofridas e muita gente desiste antes de sentir o gostinho do esporte. Eu garanto: com muita resiliência, você vai conseguir e vai valer muito a pena! A técnica mais importante para ganhar o verdadeiro “certificado” de kitesurfista é a orça. Orçar é quando você consegue velejar contra o vento (upwind), movendo-se em uma direção inclinada em relação à origem do vento. Para isso, você deve inclinar mais a prancha e é fundamental para ganhar ‘’terreno’’, evitar ser levado para longe da costa e conseguir ir e voltar para o mesmo lugar. Essa manobra exige coordenação entre o corpo, a prancha e o kite, e é uma habilidade importante para todos os níveis de kitesurfistas. Quando você vai alugar um equipamento sem instrutor, por exemplo, eles exigem que você saiba orçar para que você consiga velejar por conta própria sem ajuda.

Continua após a publicidade

Quais são os melhores lugares do Brasil para a prática?

O Brasil é o país perfeito para o esporte. Pessoas de todo canto vêm para cá praticar, principalmente no Preá, no Ceará, que é um paraíso para quem busca condições perfeitas. Lá existe uma combinação de fatores ideais para o esporte. Primeiramente, ventos fortes e constantes durante quase todo o ano, especialmente na temporada de agosto a dezembro. Além disso, o vento lateral (side shore) ajuda a manter a segurança, já que direciona os praticantes paralelamente à costa. A praia de Preá também possui águas rasas e sem grandes obstáculos, o que facilita tanto o aprendizado quanto a prática avançada, e a temperatura é agradável, dispensando o uso de roupas de neoprene. Além disso, o local oferece uma boa estrutura turística, com escolas de kitesurf, pousadas e restaurantes. Mas é claro que existem muitos outros lugares no país. Eu aprendi o esporte fazendo o que é chamado de Rota das Emoções, um famoso roteiro turístico que atravessa três estados do Nordeste brasileiro – Ceará, Piauí e Maranhão –, oferecendo uma experiência única ao combinar belezas naturais, esporte e rica cultura regional. O percurso conecta destinos impressionantes, começando pelo Ceará, passando pelo Piauí, como no Delta do Parnaíba, e terminando no Maranhão, onde você pode inclusive velejar nos Lençóis Maranhenses. É um verdadeiro sonho! Você passa por praias paradisíacas, dunas, lagoas cristalinas, manguezais e formações naturais de tirar o fôlego. A rota é popular entre os praticantes de kite por conta dos ventos constantes e a diversidade de cenários propícios para a prática das atividades. Tem gente que faz todo o percurso pelo mar, mas você pode ir de carro parando em cada cidade.

Larissa Chehuen praticando kitesurf
Larissa Chehuen praticando kitesurf (Larissa Chehuen/Divulgação)

Quais dicas você daria para quem quer experimentar a modalidade?

Não desistir por mais desafiador que pareça. Não tem uma pessoa que não se apaixona depois de sentir o vento no rosto e a prancha deslizando na água. É de chorar de emoção! Lembro como se fosse hoje meu primeiro pôr do sol na água com uma lua linda nascendo ao mesmo tempo. As lágrimas caíam involuntariamente de tanta gratidão em conseguir finalmente me conectar com o mar, com o vento, com o sol e comigo mesma. Me senti uma criança fazendo algo pela primeira vez. Talvez só quando você for praticante, vá entender a adrenalina e a sensação de superação e de gratidão genuína. Então, seja corajoso! Não tenha medo de errar, se permita conectar com a natureza no sentido mais puro. É uma verdadeira meditação ativa para conseguir dominar o vento e se deixar levar a lugares inimagináveis, do lado de fora, mas também do lado de dentro. O esporte é poderoso e transformador e o kitesurf em específico, é mágico!

Larissa Chehuen praticando kitesurf
Larissa Chehuen praticando kitesurf (Larissa Chehuen/Divulgação)
Publicidade

Essa é uma matéria fechada para assinantes.
Se você já é assinante clique aqui para ter acesso a esse e outros conteúdos de jornalismo de qualidade.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.