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Como ajudar meu filho com depressão?

Por Felipe Becker
6 jan 2023, 09h50
Mulher abraçando filho com depressão
Você tem algum filho com depressão? /  (Keira Burton/Pexels)
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O episódio depressivo ocorre decorrente de multifatores, como fator genético, interferência do núcleo familiar e de como se relacionam entre si, ambiente escolar e possíveis vivências de traumas entre outros. De modo geral existem alguns pontos a serem pensados para auxiliar o filho com depressão:

Nos casos em que já existe alteração de comportamento depressivo, como perda de interesse para atividades prazerosas, falta de ânimo, energia e disposição, preferência por atividades em isolamento, ansiedade ou irritabilidade, redução da necessidade de sono ou sono excessivo, queda do rendimento escolar.

Casos mais intensos podendo apresentar automutilação, pensamento e/ou planejamento suicida. Nestes momentos que o quadro depressivo já estiver trazendo prejuízos maiores para o seu psiquismo, é fundamental que se procure acompanhamento psicológico e se percebendo maior intensidade dos sintomas, procurar um médico psiquiatra de sua confiança.

Há alguns pontos que os pais devem refletir para auxiliar seu filho com depressão e também para prevenir que ele venha a desenvolver:

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1. A criança é reflexo do meio: Os pais devem se atentar a preservar a individualidade e o equilíbrio com o passar dos anos para que consigam ser referência para o filho com depressão. Tanto a mãe quanto o pai devem exercer os cuidados de forma complementar entre si e esses cuidados devem respeitar o espaço de desenvolvimento gradual e crescente de autonomia psíquica. É importante que os pais também procurem ajuda.

2. Sustentar a rotina diária: O básico precisa ser lembrado e sustentado, pois faz parte do processo de educação e amadurecimento. Questões básicas como:

– rotina alimentar: preservar as três refeições diárias, a qualidade e quantidade da alimentação e não permitir que as refeições ocorram no quarto.
– horário de dormir: atentar para que durmam cedo e tenham qualidade e reparação do sono, pois hoje com as telas facilmente os jovens dormem até de madrugada sem o conhecimento dos pais.
– horário dos estudos
– horário para auxiliar com algum dos afazeres da casa
– horário para higiene pessoal
– tempo de uso de telas e condições para que possam usar

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O ajuste da dinâmica da rotina deve ser combinado previamente com a participação dos filhos, mas ficando claro que alguns pontos básicos não são negociáveis e que devem acontecer diariamente.

Isso traz importante organização emocional deles e evita também que o relacionamento pais/filhos não fique sobrecarregado ou atritado devido a necessidade de pequenas cobranças diárias para que cada um desses pontos seja feito.

3. Uso de telas:  atentar quanto o uso excessivo de telas, tempo seguido de tela é bastante prejudicial, não podendo passar mais de uma hora e fazendo intervalos. Não permitir o isolamento no quarto, pois gradativamente vão se desorganizando e fechando sua rotina toda isolada e aqui entra também a desregulação do sono também.

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4. Momentos de conversa em família: Preservar o hábito de momentos descontraídos de conversa com os filhos para que se manter a par da rotina dos filhos.

5. Atividades de lazer: De preferência, que se desenvolva alguma nova habilidade como: tocar algum instrumento, pintura e outros.

6. Espiritualidade: Incentivar o culto à religiosidade de acordo com os costumes de cada família.

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7. Atividades físicas: Aeróbicas 3x/semana, preferencialmente em grupo e inegociáveis, pois têm papel fundamental como fator protetor para depressão na infância.

8. Desempenho escolar: Atentar de como está o desenvolvimento na escola, seja na questão de socialização, interação, comportamentos, desempenho acadêmico.

9. Traumas psicológicos: Atentar quanto a mudanças de comportamento pós-vivência de algo marcante, como período de divórcio dos pais, alienação parental, bullying na escola, falecimento de familiar próximo referência, vivência de violência psicológica, traumas físicos, até abuso e outros.

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10. Desenvolver e preservar a relação do pai e mãe com os filhos: Cada filho tem seu funcionamento, temperamento, afinidade e, por isso, terá facilidade de se abrir sobre determinados assuntos mais com pai do que a mãe ou vice versa.

Manter esta porta aberta de confiança, com diálogos que movimentem seu raciocínio a pensarem de outras maneiras sobre suas questões, sem julgamentos ou conceitos prontos.

Conseguir fazer isso certamente é fator importante de organização emocional para o desenvolvimento de maturidade psíquica através do desenvolvimento de habilidades e o distanciamento de quadros depressivos.

Respondido por:

Dr. Felipe Becker, psiquiatra.
Coordenador do Serviço de Internação Psiquiátrica do Hospital Infantil Dr. Jeser Amarante Faria e Professor de Psiquiatria do Instituto Abuchaim – Porto Alegre/RS. Instagram: @felipebeckerpsiquiatra

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