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Saúde sem estresse, por Regina Chamon

Regina Chamon une a medicina com as práticas de bem-estar para te inspirar a cultivar corpo, mente e coração mais saudáveis
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O melhor investimento para a sua saúde

Por Juliany Rodrigues
Atualizado em 4 mar 2024, 17h38 - Publicado em 4 mar 2024, 17h36

Imagine que você tem uma quantidade limitada de dinheiro para gastar. Não que isso seja verdade, não é mesmo?

Mas se fosse, provavelmente você daria prioridade para gastar com coisas que são fundamentais para a vida, como comida, casa segura, proteção contra o que te ameaça.

Se sobrasse algum, talvez você investisse em algo que não é essencial, mas que é muito legal – eu gastaria em livros e viagens, talvez alguns cursos.

E depois em fazer uma poupança para o futuro. Se sobrasse um restinho, ficaria de reserva, certo?

O orçamento do nosso organismo

Nosso corpo não tem reais nem dólares, mas também tem um orçamento fixo. A moeda que o organismo utiliza se chama ATP (adenosina trifosfato).

As células juntam glicose com oxigênio e produzem ATP e mais um tanto de lixo celular, que chamamos tecnicamente de radicais livres.

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Como a natureza é muito sábia, existe uma hierarquia para utilizar esta energia. E quando eu falo energia, não estou falando de nada esotérico, estou falando do ATP mesmo.

Primeiro gastamos energia para nos mantermos vivos, o que inclui manter a temperatura do organismo, produzir substâncias para manter as células funcionando e deixar o corpo pronto para fugir de ameaças (mesmo que elas existam apenas dentro da nossa cabeça).

Depois, gastamos nos preparando para o que a gente acha que pode acontecer no futuro, ou seja, planejando como vamos reagir ao que imaginamos que vai acontecer nos próximos instantes, e o corpo já se ajusta para isso.

Se sobrar ATP, aí sim investimos em restaurar as células e otimizar o funcionamento do organismo.

Nosso orçamento energético total pode ser gasto em velocidades diferentes.

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Uma analogia útil para isso é o bom e velho celular.

Corpo x celular

Um smartphone possui uma determinada carga de bateria que pode ser consumida mais ou menos rapidamente dependendo da quantidade de processamento interno em andamento.

Manter o telefone “ligado” custa energia, de modo que a bateria descarrega, ainda que lentamente.

A energia para manter o telefone ligado é o custo das funções vitais. No “modo avião”, o telefone consome menos energia e a bateria dura mais.

No modo normal, ligar a antena e procurar sinal, manter os aplicativos em execução e a prontidão para receber mensagens são processos que poderíamos dizer que são o planejamento do corpo para lidar com o que vem pela frente.

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Agora adicione mensagens de texto, conversas, assistir um vídeo no Youtube.

Tal como os fatores de estresse, estas demandas ativam processos internos de consumo de energia, esgotando a bateria mais rapidamente.

Estas atividades adicionais são como o estresse crônico, consumindo energia a uma taxa mais elevada do que seria necessário apenas para manter o dispositivo ligado.

A carga crescente de atividades que drenam uma quantidade finita de energia disponível é igualzinho ao custo energético das atividades estressantes no nosso corpo.

O que fazer?

Nem tudo está perdido! Temos muitos comportamentos que são excelentes investidores financeiros do organismo.

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São atividades que melhoram a eficiência no uso da energia pelo corpo ou que reduzem o gasto energético induzido pelo estresse.

As práticas que induzem ao relaxamento profundo, como yoga, oração, meditação e exercícios de atenção plena, fazem com que o cérebro reduza a percepção de ameaça e aumente a sensação de segurança.

Isso acontece porque estas técnicas, conhecidas como práticas mente-corpo, geralmente acontecem em ambientes físicos nos quais nos sentimos protegidos e cercados de pessoas que também nos dão o sentimento de apoio social.

Durante a prática, os pensamentos que nos colocam em estado de alerta são aquietados, criando uma sensação de segurança, paz, calma e contentamento, um estado que chamamos de segurança psicológica.

Outro elemento importante nesse conjunto é a respiração, que costuma ficar mais lenta e ritmada, estimulando uma parte do sistema nervoso chamada parassimpático.

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Quando a segurança é percebida nos níveis físico, social e psicológico, segue-se o descanso profundo.

Os recursos energéticos (ATP) deixam de ser gastos em manter o organismo sob constante vigilância em busca de ameaça e passam a ser investidos em atividades restauradoras dentro das células, permitindo processos de otimização celular.

Praticando atividades de descanso profundo com frequência passamos a investir nossos recursos biológicos na formação de células do sistema de defesa, na eliminação das células defeituosas ou potencialmente cancerígenas, na remoção dos lixos celulares, inclusive os cerebrais, na formação de novos neurônios e na manutenção da integridade do nosso material genético, aumentando nossa chance de uma vida longa e saudável.

Eu costumo dizer que saúde é algo que a gente cultiva todos os dias.

E se você quiser investir um tempo precioso neste cultivo meu convite é para que reserve alguns momentos para praticar o descanso profundo diariamente.

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