Câncer de mama: quando retornar às atividades físicas após o tratamento?
Especialistas dão as dicas para quem já passou por um procedimento cirúrgico

O câncer de mama é um dos mais comuns entre as mulheres no Brasil. Ele é causado quando as células da mama sofrem mutações que fazem elas multiplicarem de maneira anormal e, a partir disso, o tumor é formado.
“Existem diversos tipos de câncer de mama que variam de intensidade, e por conta de fatores genéticos, a doença evolui de formas diferentes” explica o Dr. Ramon Andrade de Mello, oncologista do Centro Médico Paulista High Clinic Brazil (São Paulo) e vice-presidente da Sociedade Brasileira de Cancerologia.
Em alguns casos, a remoção cirúrgica pode ser indicada, sendo uma mais simples, que é quando a retirada do tumor pode ser suficiente. Porém, dependendo das células, mesmo em tumores pequenos, a retirada de toda a mama pode ser necessária, ou ainda deve ser complementada com radioterapia, quimioterapia ou ainda hormonioterapia.
“Quando há a opção pela cirurgia, a reconstrução de mamas deve ser muito bem discutida e decidida em conjunto entre a equipe de mastologia, cirurgia plástica e a própria paciente. Todos os riscos, expectativas, opções de tratamento precisam estar bem explicados para o sucesso do tratamento”, afirma a cirurgiã plástica Dra. Beatriz Lassance, membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica.
De acordo com a especialista, no caso de pacientes que precisam retirar a mama inteira, estudos mostram que a sobrevida e a qualidade de vida da paciente são melhores quando a reconstrução é imediata, ou seja, quando é feita na mesma cirurgia da retirada da mama. “Porém, em alguns casos isso não é possível por estadiamento do tumor, ou condições clínicas da paciente para enfrentar cirurgia maior. A decisão é feita pela equipe médica visando o melhor à paciente”, comenta.
Mastologia x Mastectomia
A cirurgiã plástica diz que a cirurgia depende da quantidade de pele, gordura e glândula que precisou ser retirada. “O mastologista retira a quantidade de tecidos necessária para garantir a extirpação total do tumor com segurança. Se diagnosticado precocemente, um tumor pequeno e com diagnóstico histológico favorável, é retirada somente da parte afetada da mama – o que chamamos de quadrantectomia. Nestes casos uma cirurgia de modelagem da mama, com ou sem colocação de prótese mamária, deixando simétrica com o outro lado pode ser suficiente, ou então podemos reduzir a outra mama”, diz a médica.
Já em casos mais avançados, onde a mama toda é retirada, o nome do procedimento é mastectomia. “Se for possível preservar pele e músculo, uma prótese é colocada sob o músculo peitoral, se não há espaço suficiente, podemos colocar um expansor, que é uma prótese que será preenchida de soro, aos poucos, no consultório do cirurgião plástico para expandir gradualmente os tecidos e permitir a colocação de prótese de silicone com consistência e formato muito próximos ao de uma mama normal em outra cirurgia posteriormente”, conta. O expansor pode também ser colocado se for necessária radioterapia pós-operatória. A radioterapia altera e deixa a pele muito frágil – e aumentam os riscos de complicações com as próteses.
Atividades físicas: quando voltar?
Dr. Ramon afirma que, para quem realiza o procedimento de retirada das mamas (seja da forma menos ou mais agressiva), o tempo médio de retornar às atividades físicas pode variar muito e também depender da lesão. “Se era pequena ou era grande, se foi uma cirurgia conservadora, ou se foi uma mastectomia total. De qualquer forma, as atividades físicas podem ser retomadas em algumas semanas, em cerca de 4, 6 semanas, dependendo se a cirurgia foi mais tranquila, mais conservadora, se foi somente a retirada de um nódulo.
Agora, aqueles pacientes que fazem a mastectomia radical total, que tiram toda a mama e que às vezes tem até algum outro comprometimento, o oncologista destaca que, talvez, precisem ir mais devagar. “E a atividade física deve também ser paulatina, deve começar com atividades leves, caminhadas e seguir com a intensificação após alguns meses, quando a pessoa se sentir mais confortável sem dor ou tiver a cicatrização completa. Então vai depender muito do tipo de cirurgia e de como que a pessoa recupera”.
O profissional também ressalta que, se o desejo for iniciar uma atividade física após o procedimento cirúrgico, é sempre importante consultar o médico e entender que cada caso é um caso. “Mas no início, após uma mastectomia, você deve começar com atividades físicas leves, como caminhada, alongamento, pois o foco inicial é recuperar a mobilidade, fazer com que o braço, o ombro voltem a ter função e então a paciente não tem que ter dor”.
E completa: tem que respeitar também as limitações de retração que inicialmente podem ter. Mas à medida que ela vai recuperando a força, a função, aí a gente começa com intensificação da atividade física, podendo até incluir uma musculação mais orientada, sem ser sozinha. Outras atividades recreativas também, dependendo do nível de conforto, como natação, hidroginástica, yoga, mas é importante estar sempre guiada por um profissional
Diagnóstico precoce ajuda no tratamento
Dra. Beatriz reforça que há necessidade de rastreio do câncer de mama. “Com os recursos da medicina moderna, grande parte dos tumores são curáveis desde que diagnosticados precocemente”, explica a Dra. Beatriz.
Dr. Ramon Andrade de Mello ressalta que, embora muitos casos de câncer de mama estejam associados a fatores genéticos e hereditários, o estilo de vida e a alimentação desempenham um importante papel na saúde do corpo e podem aumentar ou diminuir sua suscetibilidade. O profissional listou medidas que podem ajudar a prevenir o câncer de mama, baseado em importantes estudos científicos:
- dieta balanceada, rica em frutas e vegetais
- evitar alimentos pró-inflamatórios como frituras e gorduras trans;
- evitar sobrepeso, já que a obesidade está relacionada ao aumento do risco de vários cânceres, incluindo o de mama;
- prática de atividades físicas regulares, pelo menos 1 hora, 3 dias por semana;
- evitar ingestão excessiva de bebidas alcoólicas e não fumar.
“Visitar regularmente o ginecologista e realizar a mamografia periodicamente de acordo com a orientação do médico também são atitudes importantes de prevenção”, finaliza o oncologista.
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