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Fobias mais comuns e como tratá-las

Confundidas ou minimizadas por pessoas que não conhecem o tema, as fobias podem oferecer prejuízo funcional na vida de quem sofre com isso

Por Ana Paula Ferreira
18 abr 2023, 10h12

Enquanto algumas pessoas só se assustam ao ver um inseto dentro de casa ou, então, ficam com frio na barriga ao olhar pela janela de um apartamento em um andar bem alto, outras sentem um medo muito forte ao viverem situações desse tipo, que podem ser classificadas como fobias.

Animais, altura, ambientes naturais… Esses são apenas alguns exemplos muito comuns entre os 100 tipos específicos com os quais muita gente vive, causando sofrimento e até, às vezes, um prejuízo funcional em suas vidas.

De acordo com a psicóloga Lala Fonseca, de São Paulo, o problema faz parte do quadro de transtorno de ansiedade e é caracterizado pelo medo irracional em relação a uma situação real.

“Quando a pessoa tem uma fobia, ela é tomada pelo terror e seu corpo entende que ela está sofrendo um ataque”, explica.

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O que é uma fobia?

Como diz Lala, as fobias são um tipo de transtorno caracterizado pelo medo irracional a alguma situação, lugar, objeto, animal ou atividade, mesmo que isso não seja qualquer motivo de perigo para a pessoa.

Os sintomas de alerta, segundo a profissional, são ativados quando o medo domina a cognição.

“Esse medo é intenso a ponto de comprometer o raciocínio lógico em relação à realidade. Nessa hora, os pensamentos ansiosos se tornam ruins e cheios de negatividade, causando o sofrimento ao extremo e, provavelmente, a evitação das situações que possam colocar a pessoa nesse lugar de novo”, explica ela.

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“Há, então, um comprometimento na vida da pessoa, interferindo em suas relações profissionais, sociais e no processo de reconhecimento de suas próprias capacidades.”

O que acontece com o corpo quando temos fobia?

Junto com o terror sentido pela pessoa, ocorre uma alta descarga de cortisol e de adrenalina em seu organismo.

“O corpo entra em uma ‘luta e fuga’. Assim, ele vê aquilo como uma situação de perigo e, com isso, tem o aumento da frequência cardíaca, respiratória e do suor, além da dilatação das pupilas, de tremores das mãos, etc”, aponta Lala.

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“Dependendo da quantidade de crises que a pessoa tem, o corpo vai entender que está sob stress e, assim, fica com o nível de açúcar elevado, com a pressão alta e com o sistema imunológico comprometido.”

Causas das fobias

Apesar de as causas ainda estarem em processo de estudos, a psicóloga diz que há uma combinação de fatores psicológicos, emocionais, biológicos e genéticos que levam a esse transtorno, sem falar no histórico familiar.

Há, ainda, a chance de fatores traumáticos serem os gatilhos de certas fobias. Neste caso, são situações vividas pela pessoa que podem ou não ter sido vistas como desconfortáveis e até mesmo ter sido enfrentadas no momento, porém, com o passar do tempo, se tornaram totalmente aversivas para ela.

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“Nem todos os pacientes se lembram de toda a situação de trauma que os levou à fobia. Contudo, usamos na terapia as técnicas para se enfrentar essas situações. Então, seja qual for a causa, a fobia tem um tratamento.”

Como ter o diagnóstico?

A única forma de dar o diagnóstico para a pessoa com fobia é observar seu comportamento e perguntar sobre os seus pensamentos e as suas emoções em algumas situações. Segundo Lala, com isso, normalmente o paciente fica inquieto e mostra muito desconforto, tentando fugir da situação.

Para começar a identificar o problema, deve ser feita uma avaliação para saber se o caso se trata mesmo de uma fobia ou se é, na verdade, um transtorno de ansiedade. Depois, é preciso analisar como e quanto o medo e a ansiedade estão prejudicando a vida dessa pessoa.

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“Normalmente, a fobia prejudica as atividades sociais, profissionais e até os relacionamentos. A tentativa de evitar a situação é intensa e, portanto, o confronto é quase uma morte para a pessoa. Por exemplo: ela prefere ser demitida a que ter que pegar um voo para fazer uma reunião”, diz a psicóloga.

“Há um treinamento clínico para os profissionais da saúde conseguirem fazer a avaliação e dar o diagnóstico, além de, obviamente, indicar o tratamento certo. Portanto, ao ver que uma outra pessoa tem alguns sinais do quadro, a oriente a buscar ajuda.”

Tratamentos para fobias

As fobias podem ser tratadas e contar com a ajuda de um profissional é o primeiro passo para a recuperação.

“É importante buscar a ajuda de um psicólogo ou de um psiquiatra. Além disso, o tratamento é feito com a terapia cognitivo comportamental (TCC) para ajustes nos pensamentos em relação às próprias emoções. Nela, usamos as técnicas de enfrentamento comportamental e fazemos as possíveis investigações de situações traumáticas”, aponta Lala.

Por fim, em alguns casos, ainda há a necessidade de se usar a medicação associada ao tratamento com o profissional. Contudo, tudo vai depender do nível de comprometimento da fobia na vida do paciente.

Principais categorias

As fobias são normalmente divididas nas categorias a seguir:

  • De animal: é o medo de animais ou insetos;
  • De ambiente natural: trata-se de um medo associado ao ambiente natural, como de trovões e de altura, etc;
  • Tipo situacional: medo de situações específicas, como por exemplo, elevadores, pontes ou de dirigir;
  • De sangue, injeção ou lesão: medo de ver procedimentos médicos invasivos ou de ver sangue, ferimentos, etc;
  • Outros: qualquer outra fobia que exista, como medo de sufocar ou de vomitar.

Fobias mais comuns

  • Acrofobia: medo de altura;
  • Aerofobia: medo de voar;
  • Agorafobia: medo de lugares abertos, fechados ou que tenham muita gente;
  • Aracnofobia: medo de aranhas;
  • Claustrofobia: medo de locais fechados e/ou muito pequenos;
  • Coulrofobia: medo de palhaços;
  • Fobia social: medo de situações sociais do dia a dia;
  • Glossofobia: medo de falar em público;
  • Hematofobia: medo de ver sangue;
  • Tripofobia: medo e repulsa por imagens ou objetos que tenham buracos ou padrões irregulares.
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