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Entenda os impactos da falta de sono em atletas de alto rendimento

Thiago Silva, capitão da seleção brasileira, citou que a perda de uma noite de sono pode ter influenciado no desempenho da equipe de Tite contra a Suíça

Por Juliany Rodrigues
Atualizado em 29 nov 2022, 23h19 - Publicado em 29 nov 2022, 17h30

Na segunda-feira, 28 de novembro, o Brasil venceu a Suíça pela segunda rodada da fase de grupos da Copa do Mundo 2022. O placar marcou 1 a 0, o que determinou a classificação da equipe brasileira para as oitavas de final da competição.

Após a conquista, Thiago Silva, capitão da seleção brasileira, comentou sobre as dificuldades da equipe contra os europeus.

Segundo o zagueiro, os adversários tiveram uma vantagem em relação ao Brasil: uma noite de sono a mais. Isso porque a equipe de Tite jogou contra a Sérvia na quinta-feira, às 22h (horário do Catar), enquanto a Suíça enfrentou Camarões às 13h (horário do Catar).

“Estava um pouco mais calor do que o primeiro jogo, eles tiveram um pouco mais de tempo de recuperação, eles jogaram à tarde e nós à noite (na primeira rodada). Perdemos uma noite de sono, sabemos o quanto isso influencia. Jogo ficou amarrado, eles jogando pelo empate, a gente queria a vitória”, disse Thiago em entrevista ao Sportv.

Em entrevista à Boa Forma, o Dr. João Gallinaro, médico psiquiatra especialista em Medicina do Sono pela USP, explicou como a qualidade do sono pode impactar no desempenho de atletas de alto rendimento.

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A importância do sono

De acordo com o especialista, um sono regulado é essencial não apenas para a saúde física como também para a saúde mental de todos os indivíduos, uma vez que os distúrbios relacionados ao período de descanso podem se associar a diversos problemas de saúde.

“Você dormir o suficiente, ter uma boa qualidade de sono e ter horários regulares para dormir e acordar são hábitos importantes para o funcionamento do organismo. Quem tem algum distúrbio ou dorme pouco acaba tendo riscos aumentados para doenças cardiovasculares, por exemplo, infarto agudo do miocárdio e acidente vascular cerebral. Além disso, o risco de desenvolvimento de doenças metabólicas, como diabetes, e de transtornos mentais também aumenta”, destacou.

Durante o sono, são eliminadas toxinas e substâncias metabólicas produzidas durante o dia e, quando dormimos bem, o funcionamento do sistema imunológico apresenta uma melhora.

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“O corpo fica mais preparado caso ele seja infectado por vírus ou bactérias, assim como passa a ter uma capacidade aprimorada de eliminar células defeituosas que podem ser produzidas durante o dia”, esclareceu o Dr. João.

Uma noite mal dormida pode gerar consequências negativas para o psicológico de um indivíduo. “A pessoa fica mal humorada, fica mais ansiosa, não consegue se concentrar nas atividades, fica sonolenta e impaciente”, relatou ele.

O sono dos atletas

No contexto de atletas de alto rendimento que estão participando de uma competição, uma boa noite de descanso se torna ainda mais indispensável.

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“Um atleta que dorme mal vai ter cansaço, fadiga mental, humor alterado, ansiedade aumentada, e vai estar mais reativo e impulsivo às situações. Algumas funções também ficam prejudicadas, porque dependem de um emocional bem equilibrado: o tempo de reação, a capacidade de tomada de decisões, o nível de alerta e de concentração. Isso vale tanto para o dia a dia dos treinos quanto para os jogos e competições”, afirmou.

O Dr. João Gallinaro explicou que a recuperação muscular é outro aspecto que pode ser afetado quando o atleta não tem um período de sono adequado. “Existem hormônios que são produzidos em uma fase do sono chamada ‘Não REM’. Esses hormônios têm relação com a síntese de proteínas que são importantes para a recuperação muscular”, disse.

De acordo com Gallinaro, um esportista de alto rendimento deve dormir de nove a dez horas por noite. Já para um adulto comum, a recomendação é de sete a nove horas de sono.

“Para os atletas de alto rendimento, como os jogadores de futebol, há a necessidade de um sono um pouco maior. Podemos colocar entre 9 e 10 horas de sono por noite. Se a gente compara com ‘pessoas comuns’, ou a média da população, os atletas precisam sim dormir um pouco mais”, pontuou.

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Diferença entre os horários do Catar e do Brasil

O Brasil e o Catar têm seis horas de diferença, um aspecto que, segundo o médico psiquiatra, interfere no sono dos jogadores da equipe de Tite.

“Quando você acaba viajando entre os fusos horários, mais do que dois fusos, você acaba entrando em uma condição que a gente chama de ‘jetlag’. É uma dessincronização do relógio biológico, ou seja, ele fica um pouco confuso, porque entende que é um horário, mas você viajou e a outra localidade está em um outro horário”, revelou.

Além dos problemas na hora de dormir, outras consequências podem surgir em razão da diferença entre os fusos horários, como o mal estar, a náusea e a perda de apetite.

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