Estudo revela impacto da menstruação na rotina de 83% das brasileiras

Segundo estudo, mulheres mais jovens, com idade entre 16 e 24 anos, possuem maior fluxo e tendem a sentir mais impacto da menstruação no dia a dia

Por Ana Paula Ferreira
Atualizado em 21 out 2024, 17h36 - Publicado em 14 Maio 2024, 10h00
Estudos apontam como o fluxo menstrual pode prejudicar a rotina
Estudos apontam como o fluxo menstrual pode prejudicar a rotina  (gpointstudio/Freepik)
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Todo mês, pessoas que menstruam sofrem com cólicas, dores nas mamas, oscilações de humor, dor de cabeça, indisposição e outros incômodos comuns da menstruação que acabam atrapalhando as atividades do dia a dia.

De acordo com um estudo nacional do Ipec feito com internautas e encomendado em 2023 pela divisão farmacêutica da Bayer, mais de 80% das brasileiras consideram que seu fluxo menstrual impacta negativamente sua rotina, sendo que 31% delas afirmaram que impacta muito.

Apesar de ser um processo natural e que faz parte do ciclo reprodutivo das pessoas com útero, quando os sintomas da menstruação prejudicam a saúde e a vida social, pode ser um sinal de alerta, como a perda excessiva de sangue, que costuma acontecer de forma silenciosa.

Outro dado importante revelado pelo estudo do Ipec, inclusive, é que mulheres mais jovens (com idade entre 16 e 24 anos) possuem fluxo menstrual mais intenso e tendem a sentir mais impacto da menstruação no dia a dia.

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Sinal de alerta na menstruação

Toda perda sanguínea menstrual que compromete a saúde física, mental, social, sexual e até mesmo material, acompanhada muitas vezes de desconforto, fraqueza, mal-estar ou taquicardia, é chamada de Sangramento Uterino Anormal (SUA), condição que pode afetar 1 em cada 3 mulheres em algum momento de suas vidas. Este fenômeno não apenas causa desconforto físico e emocional significativos, mas também pode trazer impactos adversos na qualidade de vida, saúde reprodutiva e bem-estar geral das mulheres.

Para Ilza Monteiro, médica ginecologista e Presidente da Comissão Nacional de Anticoncepção da Febrasgo, muitas vezes, os sintomas são tratados como “normais” ou como parte do ciclo menstrual padrão, sem uma investigação adequada das possíveis causas subjacentes.

“O sangramento uterino anormal não deve ser ignorado ou considerado como uma parte inevitável da vida feminina. É crucial reconhecer que, embora comum, esse sintoma pode ser um sinal de condições subjacentes sérias, como miomas uterinos, pólipos, distúrbios de coagulação do sangue, ou até mesmo câncer uterino. Portanto, a avaliação médica precoce e o tratamento adequado são fundamentais para garantir a saúde e o bem-estar das mulheres.”

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A falta de conscientização sobre a gravidade dessa condição pode levar a atrasos no diagnóstico e tratamento, colocando as mulheres em risco de complicações adicionais, de acordo com a médica.

De acordo com a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), 40% de mulheres no mundo possuem essa condição, no entanto, 59% das mulheres diagnosticadas com SUA consideravam suas menstruações normais e 41% delas acham que não existe tratamento disponível.

SUA: sintomas e tratamento

Além do volume excessivo de sangue, outras questões podem ser um sinal de alerta. Cólicas intensas, fadiga, fraqueza, anemia ou ter preocupação com extravazamentos da menstruação, evitar sair de casa durante o período menstrual ou realizar a prática de esportes, foram sintomas citados por mulheres com SUA. Todos esses são exemplos dos impactos negativos causados por essa condição.

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Quando diagnosticado, o sangramento uterino anormal conta com diferentes tipos de tratamentos, que podem ser medicamentosos ou cirúrgicos. “Falando especificamente dos tratamentos medicamentosos, algumas opções são o DIU hormonal, os anticoncepcionais orais, os anti-inflamatórios e medicações que ajudam na coagulação do sangue. A chave para o sucesso do tratamento do sangramento uterino anormal é a individualização do plano de tratamento para atender às necessidades específicas de cada paciente, por isso a importância da busca por um diagnóstico adequado, junto a um profissional da saúde”, explica Ilza.

A médica ressalta que, como parte essencial do tratamento, a conscientização do problema e o autoconhecimento são grandes aliados. “Conhecer ao máximo o seu corpo e o padrão do ciclo menstrual – que, em média, é de 28 dias, podendo variar de 21 a 35 dias, com uma duração de fluxo comum entre três e sete dias –, pode ajudar a identificar quando algo está errado com a sua saúde”, ela aponta. “Além disso, é fundamental fazer o acompanhamento regular com um médico ginecologista, que pode ajudar também na identificação de um problema, bem como na recomendação do tratamento mais adequado”, finaliza.

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