Trombose: Entenda o problema e saiba como prevenir
16 de setembro é o Dia Nacional de Combate e Prevenção à Trombose. Confira os pontos fundamentais para compreender a doença e descubra como evitá-la.
A trombose é uma doença que preocupa, principalmente, pessoas que trabalham sentadas e viajantes de longa distância. Isso porque ela ocorre quando um coágulo sanguíneo se desenvolve no interior das veias das pernas em razão da circulação inadequada, comprometendo a passagem do sangue.
A cirurgiã vascular Dra. Aline Lamaita, membro da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular, detalha quais são os sinais e sintomas da trombose.
“A trombose geralmente se manifesta como um quadro de dor na perna, principalmente na panturrilha, associado a inchaço persistente, calor, sensibilidade e vermelhidão o que vai levar quase sempre à procura de ajuda médica. Em casos mais raros, o coágulo pode ainda se desprender da parede da veia e correr pela circulação até chegar ao pulmão, causando uma embolia pulmonar que pode resultar até mesmo em morte súbita”, explica.
É importante ressaltar que a doença segue sendo constantemente estudada e tem relação com hábitos de vida. Entenda mais a seguir!
Assistir televisão em excesso é um fator de risco para a trombose?
De acordo com um estudo publicado no ano de 2018 no Journal of Thrombosis and Thrombolysis, o hábito diário de permanecer muito tempo assistindo à televisão pode desencadear coágulos sanguíneos, uma vez que, ao ficar sentado por longos períodos, pode acontecer a diminuição do fluxo sanguíneo para as pernas e para os pés.
Trabalhar sentado pode aumentar a chances de desencadear o problema?
Na rotina nos escritórios, é comum permanecer sentado por horas. No home office, esse aspecto tende a ser ainda mais presente.
“Temos o hábito de deixar tudo por perto, ao alcance das mãos, o lanchinho, o café, a água, o celular e às vezes até a televisão. Mas precisamos lembrar que se já sofríamos com a falta de mobilidade quando tínhamos a rotina do escritório, o home office só veio a piorar, em uma rotina no qual estamos confinados a poucos metros quadrados, num ambiente do nosso controle. Nossa mobilidade reduziu muito, e com isso um aumento de retenção de líquidos, dor nas pernas e até um aumento na incidência de trombose”, explica Aline.
Atividade física ajuda na prevenção da trombose?
De acordo com a cirurgiã vascular, a prática de exercício físico é indicada para a prevenção da trombose, já que um dos maiores fatores de risco para a doença é a imobilização.
Ao se exercitar, o fluxo sanguíneo dentro dos vasos aumenta, contribuindo para a circulação e dificultando o surgimento de coágulos.
“Qualquer exercício que trabalhe a panturrilha, a batata da perna, vai ajudar, sendo assim, apenas o ato de flexionar e esticar o tornozelo já será significativo. Pode ajudar usar uma faixa para ser colocada na ponta dos pés como resistência e fazer força para esticar os pés. Movimentos circulares com o tornozelo, abraçar e esticar as pernas e movimentos como o de bicicleta podem ajudar caso a pessoa tenha a capacidade de realizá-los sem dor ou incômodo, diariamente”, diz.
“Para quem não tem o hábito de realizar atividade física, o ideal é começar com pouco tempo, 15 a 20 minutos, mas diários, e ir aumentando. Tente realizar a atividade de preferência sempre na mesma hora: não espere a inspiração bater, levante e faça, por rotina. Pense que é pouco tempo: só 15 minutos”, aconselha a médica.
Gravidez e parto cesárea favorecem o risco?
De acordo com informações de uma revisão da University of Texas Health Medical School at Houston publicada em 2019, durante as 6 semanas pós-parto, o risco de acidente tromboembólico é 22 vezes maior do que quando já se passou um ano do nascimento. Levando em consideração que a cesárea é uma cirurgia que exige recuperação, ela também está relacionada com o risco de trombose.
“O risco de mulheres desenvolverem trombose aumenta substancialmente durante a gravidez e novamente durante a recuperação pós-parto. Isso porque, além da questão hormonal, o fluxo sanguíneo tende a ser mais lento devido à inatividade ou à pressão nos vasos sanguíneos causada pelo útero em expansão, o que torna o sangue mais propenso a coagular”, ressalta Aline.
E a pílula anticoncepcional?
A Dra. Aline explica que a utilização de pílulas anticoncepcionais combinadas pode ampliar a incidência de trombose de 3 a 5 vezes, sendo que isso depende do tipo de pílula e da forma como ela é utilizada.
“Isso ocorre porque a quantidade de hormônios presentes nas pílulas anticoncepcionais é capaz de alterar a circulação, aumentando o risco de formação de coágulos nas veias profundas. Por isso, o uso desse método não é recomendado por mulheres que já possuem predisposição ao problema”, inicia a doutora.
“Pílulas com altas doses de estrogênio também possuem maiores chances de provocar hipertensão arterial, principalmente em mulheres que fumam, tem mais de 35 anos ou já sofrem de hipertensão”, completa.
“Apenas o ginecologista poderá realizar uma avaliação levando em conta fatores como histórico médico e familiar para então recomendar o método contraceptivo mais adequado para você, seja ele hormonal ou de barreira”, conclui, destacando a importância de contar com o auxílio de um médico.