#Escapes: como foi a experiência de passar 3 dias no “pulmão do mundo”
No Amazonas, nossa colunista navegou pelo Rio Negro, conviveu com o boto-rosa, foi recebida por ribeirinhos e respirou um dos ares mais puros do Brasil
Não é novidade que sou apaixonada pela natureza e por todos os benefícios que esse contato nos traz, mas estar no local conhecido como “o pulmão do mundo” extrapolou todas as minhas expectativas.
Em Novo Airão, cidade de 18 mil habitantes a cerca de 200 km do Aeroporto Internacional de Manaus, de tamanho territorial cinco vezes maior do que a região metropolitana de São Paulo, explorei um bioma que se estende pela metade do território brasileiro e tem seu próprio modo de funcionamento.
Tendo como ponto de partida o hotel sustentável Mirante do Gavião Amazon Lodge – com suas construções em pisos elevados que preservam a permeabilidade do solo, iluminação e ventilação naturais, energia solar para abastecer o sistema elétrico e aquecimento de água –, navegamos com um pequeno barco a motor pelo curso principal do Rio Negro, percorrendo o Parque Nacional de Anavilhanas, segundo maior arquipélago fluvial do mundo com cerca de 400 ilhas (o 1º é a reserva de Mariuá, no alto Rio Negro). Foi possível ver com bastante frequência esguichos de água vindos de grupos de botos cinzas, animais que se parecem com pequenos golfinhos.
A região também conta com um flutuante onde podemos ter contato mais próximo com os botos cor-de-rosa. Dona Marilda, responsável pelo local que é fiscalizado pelo ICMBio, interage diariamente com um grupo de cerca de 15 botos – e chama cada um pelo nome. Lá não se pode nadar com os animais, mas só o fato de estar pertinho e observá-los já vale a pena! No momento em que estávamos lá, apenas Reginaldo e Curumim deram as caras e fizeram nossa alegria:
Seguindo o Rio Negro adentro – também chamado pelos indígenas de rio Quiary, Guriguacurú ou Ueneyá, pássaros como as araras-canindé, os papagaios-de-várzea, os gaviões e as gaivotas nos acompanhavam dos topos das árvores ou plainando pelas águas escuras e de temperatura média de 28°C.
Lá, tudo acontece no ritmo da natureza: nem sempre o planejado pode ser mantido e dependemos sempre da vontade dos animais em aparecer ou não, de a chuva torrencial estiar, de o sol voltar…
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Remar em meio á natureza é encantador! O fundo de areia clara dos igarapés se mistura aos reflexos da vegetação e de nuvens na água, o que nos dá a sensação de que estamos flutuando no céu enquanto contornamos árvores e escutamos cantos de pássaros. Nesse momento, como que em um combinado natural, evitamos falar entre nós e só curtimos a experiência.
E como estar lá e não adentrar a Floresta? Munida de muito repelente natural, como óleos de andiroba e de copaíba, galocha de borracha, calça e camisa de manga longa, lá fui em companhia de um ribeirinho, que além de ser o guia, caminha com um facão abrindo passagem e estava sempre pronto para dar mais informações sobre a cultura local, indígena ou sobre a flora e fauna!
Lá passei algumas horas em trilhas, respirando do ar mais puro do mundo e estonteada com tanta grandeza, como por exemplo, o fato de poder abraçar uma árvore com mais de 300 anos, beber água direto do cipó e de nascentes, extrair repelente extra direto da fonte e, até mesmo, comer frutos da floresta durante a caminhada.
Para fechar a experiência, Seu Antenor, especialista na focagem (observação de animais com hábitos noturnos) há mais de 30 anos, nos recebeu em sua casa. Lá estive em contato com outra realidade. Seus filhos e neta vivem às margens do Rio Negro, estudam em Novo Airão e divertem-se com coisas muito simples. A água que bebem é do rio. O peixe que comem é do rio. A brincadeira é no rio…
Valores, respeito, cultura e muito aprendizado estão presentes ali. E foi assim, em uma palafita, com redes na varanda, sem janelas, sem água encanada, com energia por algumas horas do dia que Seu Antenor, sua esposa, dois de seus filhos, sua netinha e eu, comemos o verdadeiro tambaqui assado, peixe amazônico de carne tenra.
No último dos 3 dias ali, me senti grata e privilegiada por viver essa experiência.
Quando visitar a Amazônia?
Para você que quer viver um pouco disso, saiba que a paisagem amazônica muda consideravelmente ao longo do ano, influenciada principalmente pelos nível das águas dos rios. Por lá, há basicamente duas estações fixas: extremo verão e extremo inverno. Na primeira, as chuvas costumam dar mais trégua e é quando o calorão é maior. Na segunda, a precipitação constante deixa a umidade do ar com altos índices, possibilitando um clima mais agradável (e rios mais cheios, em que é possível percorrer de barco a motor e não apenas de canoa).
Os dois períodos apresentam paisagens surpreendentes, entretanto, de fevereiro a maio, os animais se mostram ainda mais ativos e os pequenos braços de rios e canais são mais acessíveis de canoa.
Escolhi o mês de março para viver a experiência que você confere no vídeo abaixo:
Experimente novos #escapes, faça menos do mesmo e até a próxima semana!