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Oxandrolona: o anabolizante que oferece mais riscos do que benefícios

A substância, famosa nas academias e entre atletas de alta performance, é um derivado da testosterona

Por Marcela De Mingo
Atualizado em 6 set 2023, 18h56 - Publicado em 9 Maio 2022, 08h00

Todos os dias surgem novas substâncias que prometem melhorar o desempenho nos treinos e ganham popularidade nas academias e também entre os atletas de alta performance. Uma dessas substâncias é a oxandrolona, um tipo de anabolizante derivado da testosterona. Vamos entender melhor sobre ele – e os seus efeitos – nos parágrafos abaixo? 

O QUE É E PARA QUE SERVE A OXANDROLONA? 

Como comentamos acima, a oxandrolona é um esteroide derivado da testosterona, o hormônio masculino. Atualmente, é usada em alguns tratamentos específicos, mas também para ganho de massa muscular por conta dos seus efeitos anabolizantes – o que pode, de fato, ser um problema.

“A reposição hormonal é indicada quando você tem deficiência, ou seja, uma baixa quantidade de determinado hormônio no seu corpo, que pode afetar as suas funções biológicas e trazer prejuízos”, explica a Dra. Paula Pires, endocrinologista e metabologista. “Mas a maioria das pessoas não têm deficiência hormonal e mesmo assim usa hormônios em excesso com fins de aumento de músculos e performance.”

Aliás, esse é um ponto importante, afinal, o único “benefício” da oxandrolona é o auxílio no ganho de massa muscular. No entanto, esse ganho não supera os seus efeitos colaterais e os riscos. 

OS RISCOS NO USO DA OXANDROLONA

Em geral, as pessoas que utilizam drogas para aumentar o rendimento no esporte ou para fins estéticos fazem uso de diferentes tipos de anabolizantes e doses muito altas”, explica a médica. “Nesses casos, usados sem indicação médica, eles podem acarretar inúmeros efeitos colaterais.”

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Dentre eles, a endocrinologista cita: 

  • Acne
  • Calvície precoce
  • Elevação da pressão arterial
  • Alterações cardíacas
  • Lesão do fígado de gravidade variada (que podem promover o surgimento de tumores hepáticos ou de falência hepática grave ou fatal)
  • Atrofia dos testículos (às vezes, irreversível)
  • Diminuição da produção de espermatozoides
  • Aumento das mamas (ginecomastia)

Após o término do uso dos anabolizantes, os homens podem apresentar disfunção sexual (queda de libido)”, continua. “Nos jovens, o uso de anabolizantes pode acarretar o fechamento precoce das cartilagens de crescimento, o que pode levar ao prejuízo do crescimento e a perda da altura prevista.”

E se você acha que acabou… Tem mais. Nas mulheres pode ocorrer ainda o aumento do tamanho do clitóris, irregularidade menstrual, infertilidade, redução do volume das mamas, engrossamento da voz e surgimento de pelos em quantidade excessiva e em áreas onde apenas os homens têm pelos, como a face e o tórax. 

É por isso que a prescrição e o uso de substâncias como a oxandrolona sem orientação médica não é confiável, já que elas podem vir “batizadas” com outras substâncias que geram ainda mais malefícios ao organismo. 

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Outro ponto de atenção são os efeitos desse anabolizante específico na saúde do coração. Segundo o Dr. Caio Henrique, cardiologista e arritmologista pelo InCor USP, os estudos sobre a substância e o coração são inconclusivos, mas sabe-se que andrógenos podem diminuir os níveis de colesterol bom (HDL-c) e aumentar o ruim (LDL-c). 

A administração de andrógenos também está associada a uma maior produção de proteínas trombóticas e coagulantes do próprio organismo”, diz o especialista. 

QUAIS AS CONTRAINDICAÇÕES? 

Para começo de conversa, o uso de oxandrolona está contraindicado para pacientes de câncer de mama, de próstata, gestantes e pacientes com cálcio em excesso no sangue. 

Além disso, há também a questão do bom senso: “Sou contra seu uso para fins estéticos e considero o risco maior que o benefício na população geral”, diz a Dra. Paula. “Não há evidências científicas que demonstrem a segurança do uso indiscriminado dessas substâncias.”

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Caso o paciente apresente sintomas de deficiência de testosterona, a recomendação é procurar um médico endocrinologista para fazer uma avaliação adequada. No caso de ganho de massa, há formas naturais, que trabalham a alimentação mais uma rotina de treinos, que são bastante efetivas e geram menos efeitos colaterais no corpo – mas, para isso, também é preciso contar com orientação profissional.  

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