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Por que os alimentos ultraprocessados fazem mal para a saúde?

Confira 3 motivos (validados pela ciência) para você reduzir o consumo desses itens

Por Giovana Santos
1 nov 2024, 18h00
Alimentos ultraprocessados
Alimentos ultraprocessados podem fazer muito mal à saúde | (freepik/Freepik)
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Se você busca manter uma alimentação saudável, já deve ter ouvido falar que é interessante reduzir o consumo de alimentos ultraprocessados. Mas será que você sabe os motivos?

Alimentos ultraprocessados são produtos alimentícios que passaram por inúmeros processos industriais. Eles normalmente contêm vários aditivos químicos e conservantes para melhorar o sabor, a aparência, a textura e a vida útil. Por isso, são geralmente ricos em gorduras, açúcares, sódio e carboidratos, e pobres em vitaminas e minerais.

Para entender melhor o impacto da ingestão frequente desses itens, a ciência vem fazendo estudos com eles há tempos. A seguir, separamos três achados que te ajudarão a repensar a presença dos ultraprocessados no seu armário:

Os principais malefícios à saúde

Eles favorecem o risco de depressão

De acordo com um estudo publicado no Journal of Affective Disorders, os alimentos ultraprocessados são potencialmente perigosos à saúde psicológica.

“O estudo descobriu que essas comidas, que também trazem maior densidade calórica, além de descontrolarem a dieta, uma vez que podem desencadear adaptações neurobiológicas e levar a um comportamento cada vez mais compulsivo, também estão associados a quadros de tristeza”, explica a médica nutróloga Dra. Marcella Garcez, diretora e professora da Associação Brasileira de Nutrologia (ABRAN).

A especialista conta que os indivíduos que comem mais alimentos ultraprocessados acabam tendo uma dieta de má qualidade (pobre em proteínas, fibras, gorduras saudáveis, vegetais e frutas), o que representa um fator de risco para a depressão.

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“Tanto macronutrientes (proteínas, carboidratos e gorduras) quanto micronutrientes (vitaminas e minerais) podem ter impactos positivos no humor das pessoas que os consomem. Enquanto a ausência de determinados alimentos na dieta pode contribuir para deixar o indivíduo cabisbaixo, a presença de outros pode potencializar estresses e ansiedades”, diz.

Na pesquisa, 24.674 participantes completaram as avaliações de ingestão alimentar e o questionário de sofrimento psicológico no segundo acompanhamento. Os estudiosos também calcularam o consumo diário médio de alimentos ultraprocessados em termos de energia e peso, convertendo as frequências relatadas de consumo em gramas utilizando tamanhos de porções de alimentos específicos para o sexo e multiplicando-o pela frequência diária.

Com o objetivo de medir a aflição psicológica, foi usada a Escala de Angústia Psicológica de Kessler (K10), sendo que pontuações elevadas nessa medida apontam a presença de doenças mentais típicas.

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“Um total de 13.876 mulheres e 9.423 homens foram incluídos na análise final. Indivíduos que consumiam a maior quantidade de alimentos ultraprocessados ​​eram mais propensos a morar sozinhos. Também eram menos propensos a relatar educação superior, ser casados ou estar em um relacionamento de fato. Também eram menos propensos a se envolver em altos níveis de atividade física”.

Como detalha a médica nutróloga, as pessoas com o consumo mais alto de alimentos ultraprocessados ajustados para a energia apresentaram uma probabilidade 1,14 vez maior de sofrimento psicológico em comparação com aqueles que consumiam menos.

Essa associação, segundo ela, foi observada apenas em indivíduos que comeram uma quantidade significativa desses alimentos. “Eles não precisam ser completamente proibidos, mas o ideal é que o seu consumo seja minimizado”, aponta.

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Também estão ligados a um risco aumentado de demência 

Estudiosos da China decidiram investigar se alimentos ultraprocessados causam demência. Realizado pela Universidade Médica de Tianjin, na China, a pesquisa acompanhou mais de 72 mil pessoas acima de 55 anos.

A equipe de pesquisadores analisou dados obtidos do UK Biobank de uma base de informações de saúde de meio milhão de residentes no Reino Unido.

Os participantes, livres de demência no início do estudo, foram monitorados ao longo de cerca de 10 anos, resultando em 518 casos diagnosticados com o quadro ao término da investigação.

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Assim, os resultados, publicados na revista científica Neurology, apontaram que a dieta composta por alimentos ultratransformados – ou seja, carregados de açúcar, gordura e sal adicionados, mas carentes de proteínas e fibras –, está associada ao risco de desenvolvimento de diversas formas de demência.

De acordo com Jéssica Martani, médica psiquiatra especialista em comportamento humano e saúde mental, não é de hoje que os holofotes estão voltados para este tipo de alimentos, cujas características sedutoras podem esconder perigos inesperados.

A psiquiatra comenta, com base no estudo, que cada aumento de 10% no consumo desses alimentos ultraprocessados apresentou uma alarmante correlação com um aumento de 25% no risco geral de demência, 28% de acréscimo no risco específico de demência vascular e 14% risco de doença de Alzheimer.

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Por fim, já foram associados ao câncer

Recusar os alimentos ultraprocessados é importante para evitar um aumentado no risco de câncer, como o de mama, segundo um estudo francês publicado na revista médica British Medical Journal.

Batizada de NutriNet-Santé, a pesquisa baseada em questionários preenchidos por 105 mil pessoas (a maioria mulheres) com idade média de 43 anos, entre 2009 e 2017, constatou um risco mais elevado de câncer em geral (entre 6% e 18%) e de mama (entre 2% e 22%) em decorrência de uma dieta à base de macarrão instantâneo, bebidas açucaradas, salgadinhos, nuggets, almôndegas, embutidos (salame, presunto com aditivos) e pratos congelados.

Ainda são necessários estudos complementares para confirmar o  vínculo entre causa e efeito. Mas, para especialistas na área da saúde, os resultados da pesquisa francesa são bastante relevantes. “Eles reforçaram a percepção médica sobre os impactos negativos à saúde provocados pelo consumo frequente e excessivo de ingredientes artificiais”, diz o oncologista Andrey Soares, do Centro Paulista de Oncologia (CPO) – Grupo Oncoclínicas.

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