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Tríade da mulher atleta: o que é?

Por Moisés Cohen
5 jan 2023, 09h30

Por definição, a tríade da mulher atleta é constituída pela presença de distúrbios alimentares, osteoporose e ausência de menstruação.

Posteriormente, como objetivo de evitar o subdiagnóstico, e englobar uma parcela das mulheres que não preenchiam todos os critérios, o espectro da tríade foi ampliado.

A partir deste momento, não era mais necessário a presença de todos os constituintes, para o diagnóstico e seu nomes foram adaptados para: baixa disponibilidade energética, disfunção menstrual e alterações na densidade mineral óssea.

Mais recentemente, uma nova mudança ocorreu com a tríade da mulher atleta, desta vez no seu nome. Especialistas de todo o mundo, após uma conferência do Comitê Olímpico Internacional, entenderam que o termo Deficiência Energética Relativa no Esporte seria o termo mais apropriado para a síndrome.

Tal conceito, abrange, de forma ampla as diversas alterações na saúde e rendimento da mulher, que pratica esportes, tendo como base a deficiência energética.

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Dois mecanismos bem conhecidos podem levar as mulheres a apresentarem uma diminuição da disponibilidade energética, o primeiro deles e mais conhecido é a baixa ingesta calórica e o segundo, um gasto energético aumentado.

Mas de que forma tais condições poderiam afetar a adequada fisiologia da mulher? O corpo humano entende que existe uma baixa oferta de nutrientes para a manutenção de todas as suas funções. Deste modo, ocorre uma priorização dos sistemas essenciais, em detrimento das funções secundárias.

Independente do esporte que praticam, todas as atletas estão sujeitas a desenvolver esta tríade, porém aquelas que praticam esportes de resistência, como natação, atletismo e ginástica têm um risco aumentado.

Tais mulheres apresentam como fator limitante para o desempenho do treinamento, a ingestão calórica diária. De forma simples, um aumento no gasto energético deve ser compensado por um maior aporte nutricional, principalmente dos carboidratos, pois existe uma relação direta entre a oferta destes nutrientes e saúde esquelética e reprodutiva das atletas.

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O tecido ósseo do corpo humano é um sistema altamente dinâmico e é constantemente alterado pelas células que reabsorvem o osso antigo, e pelas que formam osso novo.

Tal mecanismo é regulado por diversos hormônios, entre eles, o estrogênio, que atua na prevenção da diminuição da densidade mineral óssea.

Como parte da tríade, a mulher atleta apresentam um estado de baixo estrogênio no corpo, que se correlaciona diretamente com a disfunção menstrual e que provoca uma alteração da matriz óssea, tendo como consequência o aumento da fragilidade do osso e consequentemente do risco de fraturas.

O profissional de saúde, ao avaliar estas mulheres, deve ter em mente que algumas informações são de extrema importância para uma adequada compreensão da tríade.

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De forma simples, uma história nutricional, psicossocial e menstrual detalhada deve ser colhida, além disso, passado de doenças na paciente ou em seus parentes também deve ser investigado.

Outro ponto que não deve ser esquecido está relacionado com o uso de medicações, como contraceptivos, e até mesmo sobre o abuso de álcool e drogas.

Informações complementares devem ser colhidas através de exames laboratoriais que possam analisar o perfil metabólico, a função renal, hepática e os hormônios da tireóide e sexuais.

Um teste bastante conhecido e de extrema importância é o beta-HCG, pois se apresenta como um dos principais diagnósticos diferenciais das mulheres com irregularidades do ciclo menstrual. Além disso, alguns exames de imagem podem ser solicitados para avaliação destas atletas, entre eles a ultrassonografia pélvica, radiografias e densitometria óssea.

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O tratamento da deficiência energética relativa no esporte deve ser abordado de maneira individualizada e abrangente.

A baixa oferta energética deve ser tratada com aumento da ingestão calórica, diminuição da atividade física ou ambos.

Para as disfunções menstruais, o médico ginecologista, deve iniciar a terapia de reposição hormonal com estrogênio e progesterona. A alteração da densidade mineral óssea pode ser tratada com vitamina D e cálcio ou bifosfonatos, dependendo da gravidade e dos fatores de risco para fraturas. Em alguns casos, pode ser necessário o acompanhamento com psicólogos para avaliação e tratamento.

Uma abordagem multiprofissional deve ser o pilar do tratamento desta tríade, pois ela apresenta consequências potencialmente danosas e irreversíveis à sua da mulher.

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A interação entre médicos de diversas especialidades, nutricionistas esportivos, psicólogos, fisioterapeutas e profissionais de educação física, devem ter como objetivo o restabelecimento da saúde e bem estar, físico e mental da atleta e o adequado rendimento e satisfação no esporte a qual ela pratica.

Respondido por:

Dr. Moisés Cohen, Médico Ortopedista do Hospital Israelita Albert Einstein e diretor do Instituto Cohen @institutocohen

 

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