Cansaço! Sem fim. Falta de energia, ausência de vontade, fazer só por obrigação, sem nem um pingo de prazer. Outras formas de expressar a mesma fadiga. Esta tem sido uma das queixas mais frequentes das pessoas que me procuram no consultório.

Um cansaço existencial.

Muitas vezes eu também me sinto assim. Para mim, mulher, médica, empreendedora, soa como fracasso perceber esses sinais do corpo. No último mês, convivendo em clã com muitas mulheres, percebi que esta exaustão de alguma maneira nos une. O tempo sempre em nosso encalço, os compromissos mordendo nossos calcanhares para que a gente caminhe mais rápido. Corra!

Preciso me lembrar diariamente que respeitar o meu cansaço me torna mais humana. Me afasta de ser uma máquina dando conta do ritmo artificial que se impôs no mundo. Descansar me coloca perto da natureza, da naturalidade de respirar tranquilamente, fechar os olhos, soltar o esforço desnecessário e me entregar para a restauração dos sentidos.

Por muito tempo, eu não soube descansar. Ainda hoje me debato com isso, mas tenho experimentado novas formas e formatos. Aprendi com a Dra Saundra Dalton-Smith que há 7 tipos de descanso necessários para bem viver. Eu estava apostando nos descansos errados! Talvez você também esteja.

Por isso quero caminhar com você por estas 7 formas de nos restabelecermos:

Descanso físico: talvez o mais óbvio e o primeiro que vem à cabeça quando pensamos no assunto. Ele pode ser passivo (sono, soneca, cochilo), mas também ativo (yoga, alongamento, massagem);

Descanso mental: muitas vezes percebemos a cabeça cheia e não sabemos ao certo como aliviá-la. Fazer uma pequena pausa no trabalho a cada 2 horas para “arejar” a mente pode ser um ótimo recurso. Aquele cafezinho e conversa fora com a turma do trabalho nunca foi tão bem vindo. Quando trabalho de casa eu costumo lavar louça para desopilar. Listas de afazeres e o chamado “brain dump” podem ser boas ferramentas também. Brain Dump (esvaziar o cérebro, em tradução livre) é basicamente pegar papel e caneta e escrever TUDO que está se passando dentro da sua cabeça, sem lógica mesmo. Apenas para “tirar” da cabeça e resolver em momento oportuno;

Descanso emocional: nossas relações podem ser ótimas. Mas também podem precisar de um respiro. Conhecer os seus limites emocionais e colocá-los de maneira gentil e clara para quem está ao seu redor permite que suas necessidades sejam respeitadas e que você se sinta emocionalmente seguro;

Descanso social: dar um tempo das relações que nos sufocam e nos engajar mais ativamente naquelas relações que nos nutrem. Observe também se você não precisa curtir alguns momentos sozinho, em sua própria companhia;

Descanso sensorial: desconectar um pouco da tecnologia, colocar uma luz mais indireta no ambiente ou mesmo fechar os olhos por alguns momentos, ouvir uma música agradável, fazer um escalda-pés, colocar na casa aquele cheirinho que você ama. Fazer um carinho nos seus sentidos e permitir que eles se recuperem dos estímulos que nos cercam constantemente;

Descanso criativo: já se sentiu travado nas ideias? Sem conseguir resolver problemas simples do dia a dia? Sua criatividade precisa de respiro! Sair para uma caminhada em um parque, estar em contato com paisagens naturais bonitas, visitar uma boa exposição de arte, fazer arte, ler um livro puramente por diversão são formas de descanso criativo. E quando a gente “volta” deste descanso pode ser presenteado com uma explosão de novas ideias;

Descanso espiritual: habilidade de se conectar com aquilo que realmente importa para cada um de nós. Aquela profunda sensação de pertencimento e de viver verdadeiramente de acordo com os nossos valores pessoais. Esse descanso pode ser cultivado através da meditação, da oração, de um trabalho voluntário, enfim algo que faça sentido para você.

É claro que a sensação persistente de cansaço pode ser sinal de uma doença ou algum mau funcionamento do organismo, falta de nutrientes ou anemia. Mas a grande maioria das vezes, após uma conversa com os pacientes e uma bateria de exames não encontro nada de “errado”. Encontro sim é uma carência de diversos tipos de descanso, tão necessários para que possamos existir. Para que possamos, apenas, Ser Humanos.

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