Ganho de peso na menopausa: afinal, o que é verdade ou não?

Endocrinologista e especialista em obesidade esclarece as principais dúvidas sobre o ganho de peso na menopausa

Por Ana Paula Ferreira
Atualizado em 21 out 2024, 17h40 - Publicado em 29 fev 2024, 10h00
Médica explica a relação entre a menopausa e o ganho de peso nesse período
A terapia de reposição hormonal é um dos tratamentos indicados para a melhora dos sintomas da menopausa | (shurkin_son/Freepik)
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À medida que as mulheres envelhecem, é comum que algumas notem certa dificuldade em manter o peso normal, sobretudo com a chegada da perimenopausa e da menopausa, quando o ganho de peso pode chegar até 1,5 quilo por ano.

De acordo com Daniela Hurtado Andrade, médica, Ph.D., endocrinologista e especialista em obesidade na Mayo Clinic em Jacksonville, na Flórida (EUA), considerando todas as alterações hormonais nesta fase, o processo de emagrecimento acaba se tornando bastante desafiador para essas mulheres, gerando angústia e dúvidas para muitas delas.

Diante disso, a profissional esclareceu algumas dúvidas importantes a respeito desta fase, destacando mitos e verdades a respeito da relação entre o sobrepeso, obesidade e a chegada da menopausa nas mulheres. Confira a seguir as explicações da especialista!

Ganho de peso na menopausa: mitos e verdades

1

É muito mais difícil perder peso após o início da menopausa

Verdade.

Segundo Daniela, é consideravelmente mais desafiador. Isso porque as alterações hormonais, por si só, não são a única causa do ganho de peso que também estão relacionados ao envelhecimento, estilo de vida e genética, mas elas contribuem para a mudança corporal. O declínio dos níveis de estrogênio e a queda de testosterona contribuem para a perda de massa muscular. Isso resulta em uma queima de calorias, seja em repouso ou durante o exercício menos eficiente, facilitando o acúmulo de gordura.

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“Muitas vezes a mulher na menopausa acaba utilizando a mesma restrição calórica e o gasto energético que costumava utilizar para emagrecer no passado, mas não obtém o mesmo resultado.” ressalta a profissional.

2

As mudanças podem começar bem mais cedo do que se imagina

Verdade.

“As variações no peso não estão limitadas à meia-idade ou à menopausa. Estudos indicam que o aumento de peso começa a ocorrer já na fase inicial da idade adulta”, esclarece a médica. “Por volta dos 30 anos, a massa muscular começa a diminuir de forma gradual como parte do processo natural de envelhecimento, intensificando-se durante a meia-idade devido à menopausa.” A redução da massa muscular resulta em um metabolismo mais lento, um fator de risco para o ganho de peso.

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A médica ressalta que é importante para a mulher reconhecer estas mudanças físicas antecipadamente para o monitoramento dos futuros sintomas e o desenvolvimento de um plano eficaz para reduzir o aumento de peso. “Estar ciente de que as mudanças físicas relacionadas ao peso começam antes da meia-idade pode ajudar as pessoas a compreender a importância de estabelecer e manter um estilo de vida saudável, que inclua uma alimentação adequada e exercícios.”

3

A terapia hormonal pode ajudar no emagrecimento

Depende.

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A terapia hormonal não serve exatamente para frear a perda de peso; é geralmente usada para tratar sintomas vasomotores, que são episódios súbitos de sensação de calor na face, pescoço e parte superior do tronco, geralmente acompanhados de rubor facial, sudorese, palpitações cardíacas, vertigens e fadiga muscular. No entanto, esses sintomas podem impor limitações nas tarefas do dia a dia, como fazer exercícios e ter uma boa noite de sono, fatores essenciais para o emagrecimento. O tratamento hormonal também pode ajudar a redistribuir a gordura que se acumula no centro do corpo ou no abdômen que costuma aumentar durante a menopausa.

4

Deve-se aumentar o tempo de exercícios aeróbico

Mito.

Quando uma mulher chega à menopausa, a perda de estrogênio tende a alterar a distribuição da gordura, que passa a se acumular mais na região abdominal. Diante deste aumento, é comum que algumas mulheres tentem aumentar o tempo de exercícios aeróbicos para reverter este processo, no entanto, essa pode não ser a estratégia mais indicada.

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Exercícios aeróbicos são importantes para a manutenção da saúde cardiovascular e para o aumento do gasto calórico, mas diminuir o impacto da perda de massa muscular gerada tanto pela menopausa quanto pelo envelhecimento deve ser prioridade.  Por isso é necessário adotar uma rotina de exercícios que envolva treinamento de resistência combinados se possível com treinamento intervalado de alta intensidade que tende a preservar mais os músculos.

“Isso pode ter um impacto significativo nos resultados da perda de peso”, explica ela. “Uma das razões pelas quais chegamos a um platô durante o processo de emagrecimento é a perda de massa muscular, levando a uma desaceleração do nosso metabolismo”, ressalta a endocrinologista.

5

É impossível reverter o ganho de peso de forma natural

Mito.

As mudanças corporais decorrentes do envelhecimento são inevitáveis; no entanto, com a adoção de alguns hábitos, é possível diminuir seu impacto. Adotar uma dieta de restrição calórica (entre 1400 a 1500 calorias), mas rica em proteínas, cerca de 1 a 1,2 gramas por peso corporal, pode ajudar a frear a perda drástica de massa muscular. Além disso, adotar um plano alimentar com menos açúcares, gorduras e alimentos processados e adicionar mais fibras e produtos naturais nas refeições auxilia comprovadamente a saúde feminina.

Também é importante adotar tratamentos que diminuam possíveis sintomas da menopausa e que podem interferir não só no sono como na disposição e na saúde mental da mulher. Reduzir o consumo de álcool e tabaco, suplementar nutrientes e vitaminas como: magnésio, zinco, vitamina K, vitaminas A, C e E, e os ácidos graxos saturados e até adotar terapias com fitoterápicos e fito hormônios  podem auxiliar melhorar o bem-estar da mulher nesta fase da vida.

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