Síndrome do impostor: como não se sentir uma farsa no trabalho
A síndrome do impostor não é uma patologia oficial, mas se alimenta da baixa autoestima e pode interferir no dia a dia.
Você trabalha muito, entrega o que é pedido sem problemas, e cresceu na carreira com constância. Ainda assim, quando é hora de receber um elogio pelo seu trabalho, um aumento ou até uma promoção, bate aquela dúvida sobre a sua própria capacidade. Talvez, o caso seja outro, e você sente que não é boa o suficiente para se arriscar profissionalmente ou crescer na carreira como um todo. Isso tem um nome, bastante falado na internet: síndrome do impostor.
O que é síndrome do impostor?
De acordo com a psicóloga Aline Melo, do Grupo São Cristóvão Saúde, a síndrome do impostor, também conhecida como fenômeno do impostor, é caracterizada por um sentimento ou uma percepção de que a pessoa é um impostor, ou seja, uma farsa, para si e para os outros. “A pessoa que sofre dessa síndrome tem dificuldades em validar e reconhecer suas evoluções e conquistas mesmo em um contexto que as deixe evidentes”.
Oficialmente, essa síndrome não é reconhecida como um quadro clínico, mas deve ser avaliada e reconhecida como uma desordem psicológica. Para isso, é preciso um profissional qualificado, como um psicólogo, e, o tratamento se faz através de psicoterapia, no intuito de colaborar com o paciente no processo de internalizar as suas qualidades e competências.
Como a síndrome do impostor interfere no dia a dia?
No começo deste texto você teve uma visão de como essa síndrome pode se manifestar. “As pessoas têm dificuldade em lidar com elogios, podem desenvolver quadros em paralelo de ansiedade e estresse, bem como apresentar sua autoconfiança e autoestima extremamente abaladas”, diz Aline.
Em especial, os ambientes de trabalho e acadêmicos podem ser fortemente atingidos na vida de pessoas que sofrem dessa síndrome, uma vez que o indivíduo pode autossabotar a sua evolução, tendo inseguranças em aceitar novos desafios, possibilidades de crescimento e oportunidades que o direcionem para o sucesso nessas áreas.
“Toda essa recusa apresenta-se associada ao medo de ser descoberto como uma “fraude”. Outro ponto que também pode ser afetado são as habilidades sociais, tendo uma tendência maior a serem pessoas com baixo convívio social e maior isolamento”, continua a profissional.
Como evitar a síndrome do impostor?
Importante lembrar que a síndrome do impostor tem uma ligação com a autoestima de cada um. Isso porque ela se alimenta da descrença e da desvalorização do indivíduo sobre as suas próprias conquistas. “O indivíduo se percebe como se ele fosse incapaz de merecer e receber elogios, realizações e sucesso”, diz a psicóloga. “Tal aspecto pode estar relacionado a situações e experiências desde a infância absorvidas como crenças que o fazem acreditar de fato na ideia de ser uma “farsa”, reforçando novamente a dificuldade de fortalecer sua autoconfiança uma vez que o paciente se sabota constantemente”, diz.
Por isso, desenvolver e manter a consciência sobre si mesmo é o caminho mais rápido e fácil para evitar essa síndrome. E, como é costume, esse tipo de percepção é alcançado com a ajuda de ferramentas de autoconhecimento, como a própria terapia e a psicologia.
“Outros pontos que podem colaborar para uma melhor avaliação e interrupção desse ciclo seria a confrontação de pensamentos autossabotadores, de maneira saudável e produtiva, baseado nas evidências positivas percebidas no cotidiano e em seus resultados”, explica Aline.
Para ela, validar e buscar trabalhar a aceitação do feedback dos outros sobre as conquistas individuais também podem ser um ponto positivo, assim como avaliar as próprias realizações de maneira mais racional e técnica.