Atleta que venceu câncer de mama conta como foi voltar a competir
Confira o depoimento em primeira pessoa de Raquel Viel, atleta paralímpica de natação
Em comemoração ao mês de conscientização do câncer de mama, convidamos seis leitoras para contar suas histórias de superação. A primeira delas é a atleta paralímpica de natação Raquel Viel, de 34 anos, que tem apenas 10% da visão e já foi campeã e recordista Panamericana (100 metros nado costas), das Américas (50 metros nado peito) e brasileira (100 metros peito). Confira o depoimento em primeita pessoa da nadadora:
“Um ano antes dos Jogos Paralímpicos do Rio, veio o alerta. Mas o médico disse que meu tumor tinha características benignas e que eu poderia competir. Não desperdicei a oportunidade: nadei 100 metros costas, conquistei o quarto lugar e o melhor tempo da minha carreira. Nem deu muito para comemorar. Após o evento, descobrimos que o nódulo era mesmo um câncer. Perdi minha mãe para um linfoma quando era adolescente e a imagem dela sofrendo com a quimioterapia não saía da minha cabeça. Como pensar em esporte de alta performance se eu estava era com medo de morrer?
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Por achar que seria impossível seguir como atleta profissional, continuei com a natação apenas para ter um motivo para levantar da cama e não tomar antidepressivos. No início, fazia um ciclo de quatro sessões de químio a cada 21 dias. Depois, o tratamento se intensificou. Apesar de cansada e com bem menos capacidade aeróbica, eu não deixava de nadar – sem exercícios, perdia ainda mais a disposição. Reduzi o volume dos treinos de oito para seis vezes por semana e, como eles ficaram mais curtos, aumentei a intensidade – tudo claro, com aprovação do médico.
Para minha surpresa, eu estava dando conta e, já que ia bem, decidi voltar a competir. Em abril deste ano, ainda durante o tratamento, me classifiquei para o Mundial Paralímpico de Natação, no México, este mês. Foi como ganhar um ouro! Desde que atingi o tempo, tive que retirar parte da mama, interromper os treinos e voltar lentamente, pois o nado de costas exige o giro completo dos braços. Hoje, já acompanho as outras atletas que competem comigo. Quando olho para trás, não sei como consegui lidar com tudo isso. Uma coisa é certa: o apoio da minha família, do meu treinador e da equipe médica foi fundamental. Ainda que eu não repita a minha marca do Rio, estarei feliz por ter a oportunidade novamente de tentar batê-la.”