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Mãe vence depressão pós-parto com muay thai e transforma o corpo

Foi só com essa modalidade que a catarinense Dani Cozzarin conseguiu superar a tristeza profunda após o nascimento dos filhos gêmeos

Por Daniela Bernardi
Atualizado em 8 jan 2017, 08h46 - Publicado em 8 jan 2017, 08h46

“Poucas pessoas têm coragem de falar sobre depressão pós-parto. Mas ela acontece – e com frequência – mesmo com as mulheres que sempre desejaram ser mãe. Não existe um motivo ou uma explicação. Você para de sentir vontade de viver, fica apática e vê os dias se tornarem cinzentos. Após quatro anos tentando engravidar, descobri que estava esperando gêmeos. Era tudo o que mais queria. Infelizmente, durante a gestação meus sogros faleceram e aquilo mexeu comigo. Chorava mesmo sabendo que não podia sofrer porque havia dois pequenos seres dentro de mim.

Depois do nascimento dos meninos, eu cumpria as funções de mãe – amamentava, colocava para dormir, trocava as fraldas –, mas não conseguia desenvolver afeto por eles. É loucura! Você quer amar seus filhos, mas fica presa a sentimentos de apatia. Cheguei a ficar três dias sem trocar de roupa nem tomar banho. Por causa do julgamento dos outros, tinha vergonha de procurar ajuda. Quando tive vontade de me jogar na frente de um carro, percebi que era hora de fazer alguma coisa.

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O médico sugeriu o muay thai, modalidade que nunca tinha praticado, para aliviar as tensões e as angústias. Logo na primeira aula percebi que essa seria minha salvação. A disciplina da luta e a adrenalina dos chutes e socos me ajudaram a descarregar a energia e voltar a me sentir viva. Artes marciais têm essa pegada diferente de seguir um ritual e manter a concentração – jamais poderia parar o exercício para tirar fotos, por exemplo. Isso fez com que eu voltasse a me conectar com minha mente e meu corpo e aprendesse a controlar as sensações.

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Apesar de as primeiras mudanças terem sido internas, logo os treinos feitos cinco vezes por semana mostraram resultado também no meu peso – ganhei gominhos no abdômen. Se um ano antes eu mal penteava o cabelo para sair de casa, agora sentia prazer em me cuidar. As pessoas notaram que minha felicidade interna refletia na beleza externa. Acho que, exatamente por nunca ter focado em emagrecer, consegui secar sem sofrimento. E não foi de um dia para o outro, viu? Não adianta se pressionar para conquistar mudanças rápidas. Demorou para eu passar dos 30% de gordura corporal para 10.

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Antes e depois de Dani Cozzarin
(Arquivo pessoal)

Na época, não existiam tantas opções fitness onde morava [Dani vive em Jaraguá do Sul, cidade de 160 mil habitantes]. Por isso, também fazia treinos funcionais em casa e aproveitava para ficar perto dos meus filhos. Até já brinquei de colocá-los no colo na hora dos agachamentos. Hoje, faço musculação três vezes na semana e vou ao muay thai outras duas. Já passei em cinco exames de faixa que não são nada fáceis: 100 abdominais, dois minutos de corda e dezenas de burpees. E se me convidarem para dançar também vou. Ou mesmo para correr. Topo tudo!

Meus pais sempre me influenciaram a ter uma vida saudável – do surfe no fim de semana às sopas da segunda-feira detox. Por causa desse hábito na infância, foi mais tranquilo entrar na nova rotina fitness – e logo me apaixonar. Só precisava de um incentivo para deixar de lado o fast-food e o refrigerante do café da manhã. Agora, opções naturais e orgânicas são sempre prioridade na minha despensa. Meus filhos, agora com 6 anos, só comem besteirinhas aos sábados e domingos e adoram leite de coco e grão-de-bico. Essas pequenas coisas do dia a dia abrem meu sorriso – tão difícil de ver logo após a gestação. As pessoas buscam insanamente a felicidade, que acaba sendo confundida com perfeição. Mas, no fundo, só precisamos ser gratas pela vida.”

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