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Coronavírus: o que você precisa saber sobre ele

O que é verdade e o que é mentira sobre a doença que já foi confirmada no Brasil

Por Amanda Panteri
3 mar 2020, 12h38

Desde a semana passada, dois casos de coronavírus foram confirmados no Brasil. As notícias geraram um certo medo, o que é normal, afinal, o balanço mais recente da Organização Mundial da Saúde (OMS) apontou que cerca de 90 mil pessoas já foram infectadas com o vírus ao redor do mundo. Mas quais precauções tomar? É preciso mesmo temer a chegada dele no país? Fomos perguntar ao infectologista João Prats, a BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo. E ele respondeu o que é falso e o que realmente é verdade sobre o coronavírus.

1 – Devo me preocupar? 

Em um certo modo sim, afinal, isso significa que o vírus está em circulação no território nacional. Contudo, o especialista afirma que isso não é motivo para pânico. “É uma infecção considerada leve, e o que se espera é que ela se comporte de um modo parecido com o vírus da gripe — com índices de mortalidade baixos, e mais perigosa para pessoas mais velhas e com doenças respiratórias. Por enquanto, o número de casos é muito pequeno para afirmarmos que há risco de uma transmissão em massa aqui no país”, ele diz. 

Ainda de acordo com ele, também precisamos levar em conta que não sabemos como o coronavírus vai se comportar sob o clima e infraestrutura brasileiros. 

2 – O coronavírus é um vírus novo?

Embora a cepa de vírus nCoV-2019 seja considerada nova, ela vem de uma família de coronavírus identificada pela primeira vez na década de 1960. Seu nome vem das projeções em forma de coroa em sua superfície e é derivado de corona, o termo latino usado para coroa.

3 – O que a doença tem a ver com os morcegos?

Esse animal é relacionado com a disseminação de diversas doenças, como Ebola, raiva, Sars e Mers. “Mas até aqui não se sabe se ele tem alguma relação com o novo coronavírus. Além disso, a sopa com o ingrediente não infectaria ninguém porque a fervura mataria o vírus”, diz João Prats. O perigo está na manipulação das carcaças e contato com o sangue do animal. 

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4 – O uso de máscaras impede o contágio?

Não. “O uso de máscaras é uma medida errada para prevenção de infecções porque basta a pessoa coçar o nariz ou tocar os olhos para estar exposta. As máscaras teriam de ser completamente vedadas, como aquelas usadas em ambientes hospitalares para tratar casos de tuberculose, por exemplo, além de proteger o nariz e os olhos”, João explica. Contudo, esse tipo de equipamento não é recomendado para uso extra-hospitalar. 

De acordo com o médico, a higienização das mãos é bem mais interessante nesse sentido.

5 – Álcool gel mata o vírus?

“Sim, o álcool funciona porque tem um efeito imediato sobre a camada de gordura que recobre o vírus. Entretanto, não é um efeito duradouro e, por isso, é recomendado que as pessoas lavem as mãos e usem o álcool gel muitas vezes ao longo do dia.”

6 – Desinfetantes vendidos em supermercados podem ajudar a limpar o ambiente e evitar esse vírus?

“Sim, os desinfetantes, principalmente aqueles à base de cloro, ajudam a manter o ambiente limpo e podem acabar com o vírus. O coronavírus é envolto por uma cápsula de gordura que o protege e, por isso, detergentes e desinfetantes funcionam para eliminá-lo.”

7 – Todo contato físico é um risco?

Para uma pessoa doente contaminar outra, é preciso mais do que um abraço. “Esse vírus não se propaga tão facilmente como o sarampo. Se alguém espirra, as partículas do coronavírus são pesadas e não ficam por muito tempo suspensas no ar. Isso o torna menos contagioso, ainda que o contato com as secreções em superfícies e nas mãos, por exemplo, sejam importantes para a disseminação do vírus”, explica João.

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8 – Há relação entre tomar chá de erva-doce várias e impedir a doença?

Não há comprovação científica nessa recomendação. “A erva-doce, inclusive, não tem relação alguma com o medicamento indicado para tratar e prevenir gripe como tem sido divulgado em algumas mensagens que circulam pela internet”, o médico alerta. 

9 – Há alimentos que impedem que o organismo seja afetado ou reforçam a imunidade?

Nenhum alimento tem esse poder de impedir que alguém seja afetado ou reforce a imunidade a ponto de combater um vírus. “O que sempre recomendamos é que as pessoas tenham uma alimentação balanceada e sigam hábitos saudáveis, que são bons para a saúde de forma geral.”

10 – Quais são os grupos de risco?

Idosos, imunossuprimidos e quem sofre de doenças crônicas — como pessoas com câncer, doenças cardíacas e pulmonares graves. Além destes, pessoas vivendo com HIV, quem faz diálise e transplantados.

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