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Tem dificuldade de dizer não? Psicólogos explicam o que fazer

Dizer não pode ser difícil para muitas pessoas, mas é importante defender os nossos limites e desejos. Saiba mais!

Por Juliany Rodrigues
Atualizado em 21 out 2024, 17h39 - Publicado em 20 mar 2024, 15h30
dificuldade de dizer não
Você acha muito difícil negar um pedido à alguém? | (cookie_studio/Freepik)
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Em algum momento da vida, você, provavelmente, já disse sim para algo que, na verdade, queria falar não. Segundo a Gislene Erbs, psicóloga, isso acontece com mais frequência do que imaginamos e por diversos motivos, por exemplo, o medo de desagradar, o desejo de evitar conflitos e até mesmo a pressão social.

“As vivências, as experiências, a educação e o perfil comportamental são responsáveis pela construção do nosso ser, dos nossos pensamentos, sentimentos e emoções. E todas essas questões modelam a nossa autoestima, amor-próprio e autoconfiança, que são fundamentais para a assertividade do dizer não”, explica.

Para ela, a necessidade de agradar tem relação, principalmente, com a carência, com o receio de ficar sozinho e com a preocupação com a opinião alheia. “Desde a infância, somos ensinados a importância de ser amado, agradável, de ter amigos e de ser bom” acrescenta.

A questão da personalidade também desempenha um papel importante. “Algumas pessoas têm uma inclinação natural para a doação e a prestatividade, enquanto outras podem ter uma tendência maior a se proteger e a estabelecer limites mais firmes”, destaca o Alexander Bez, psicólogo especialista em saúde mental.

“Ou seja, a dificuldade em dizer ‘não’ é influenciada por uma variedade de fatores, incluindo a sensibilidade individual, medos, mecanismos de defesa do ego e características de cada um”, resume o profissional.

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Impactos na saúde mental

Ter dificuldade em negar as coisas e se preocupar excessivamente em agradar o outro pode se tornar um ciclo vicioso, o que contribui para uma sobrecarga mental e emocional.

Esse padrão de comportamento pode gerar sentimentos de incapacidade, culpa, cansaço e fracasso, interferindo na nossa qualidade de vida e bem-estar.

“Quando isso ocorre sucessivamente, cada vez mais forte, podem surgir problemas mais graves, como estresse, depressão, ansiedade e muitos outros ainda mais complicados”, diz Gislene, que ainda lembra que sintomas somáticos, por exemplo, dores musculares, dores de cabeça e de estômago também podem se manifestar.

Além disso, quando fazemos algo apenas por não querer desapontar alguém, sacrificamos os nossos próprios desejos, valores e necessidades, o que pode gerar a falta de controle sobre nossa própria vida.

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“A pessoa acaba não tendo seus limites pessoais, de saber de fato o que quer ou não, o que gosta ou não. Com isso, existe uma tendência maior dela se envolver em relacionamentos abusivos, por exemplo, pois vai se entregando a tudo e a todos. Essa situação contribui para transtornos de personalidade“, afirma Filipe Colombini, psicólogo e CEO da Equipe AT.

A dificuldade para falar “não” ainda pode desencadear um conflito interno. “A pessoa pode até desejar expressar um ‘não’, mas encontra obstáculos para fazer isso. Isso deixa ela em um estado de desconforto constante, agravando ainda mais a sua saúde mental“, conta Alexander.

Esse não é um ato egoísta

De acordo com Gislene, existem pessoas que negam tudo realmente por serem egoístas, sendo que poderiam ajudar, mas não fazem isso por falta de empatia e amor ao próximo.

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No entanto, se um pedido ou uma situação lhe causar desconforto, ir contra os seus valores ou te prejudicar, não há nada de errado em falar não, priorizando sempre o respeito e a assertividade.

“Compreender como dizer não é essencial, pois, quando você nega algo para alguém, você está, na verdade, afirmando algo para si mesmo. É preciso reconhecer suas próprias necessidades e limites antes de considerar a demanda dos outros. Definitivamente, esse não é um ato de egoísmo, é um ato de autenticidade“, alerta Bez.

“Se você se sente incapaz de ajudar ou se sente explorado, valorize esses sentimentos e aja de acordo com eles. Avalie todas as variáveis antes de tomar uma decisão pode te ajudar a viver com integridade o cotidiano”, completa Alexander.

Como exercitar o “não”?

Para aprender a dizer não, é fundamental praticar o autoconhecimento e melhorar a autoestima, determinando quais são suas metas, quem você é, o que é importante para você e quais são os seus ideais.

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“Comece a olhar suas competências e qualidades e agradeça por elas todos os dias. Ninguém é perfeito, mas mude o seu foco e pare de ser negativo consigo mesmo”, orienta a Gislene Erbs, que também é autora do livro Sim ou Não – A difícil arte de colocar-se em primeiro lugar na sua vida”.

Ao dizer não, contextualize a sua atitude de maneira clara e precisa. “Explique de forma transparente que, nesse momento, a ação requerida não é viável ou possível, para reduzir a frustração da pessoa”, indica Bez.

Também não se esqueça de validar o sentimento do outro, se interessando pelas emoções e perspectivas de quem está recebendo a negativa.

“Fale ‘olha, eu entendo que você está com raiva, eu sinto muito, mas eu preciso sim dar esse limite‘. Dessa forma, você torna as suas relações mais genuínas”, pontua Filipe.

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Livre-se da sensação de culpa por não agradar. “Concentre-se em suas próprias prioridades e não se deixe abalar pelas expectativas alheias. Reconheça que dizer não em certas situações é uma forma de autopreservação e não indica egoísmo”, alerta Alexander.

“O amadurecimento psicológico depende que você estabeleça seus limites e aprenda a lidar com a raiva/frustração”, reforça o CEO da Equipe AT.

Uma outra dica é pedir um tempo para pensar na resposta. “Diga que irá verificar a possibilidade, isso lhe dará mais espaço para analisar a solicitação e se colocar em primeiro lugar”, diz o especialista em saúde mental.

A terapia é uma ferramenta poderosa para auxiliar nesse processo de aprendizado e desenvolvimento pessoal.

“Aquilo que acredita como uma verdade absoluta pode ser apenas uma crença limitante ou um hábito. Na maioria das vezes, não percebemos os gatilhos emocionais que interferem em nossas respostas. Nesse sentindo, buscar ajuda é indispensável”, conclui Bez.

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