Treinar pode melhorar ou piorar a enxaqueca? Profissional explica
As atividades físicas podem ser benéficas para os sintomas da enxaqueca, mas apenas se forem feitas da forma certa. Veja as orientações de uma neurologista
Se você é uma pessoa que sofre de enxaqueca, provavelmente em algum momento já se perguntou se deveria ou não ir à academia em um dia de crise, por não saber se a prática de atividades físicas pode melhorar ou piorar o quadro.
De acordo com Thais Villa, neurologista, neuropediatra e idealizadora da clínica Headache Center Brasil, a enxaqueca é uma doença crônica que tem predisposição genética e é caracterizada pela hiperexcitabilidade do cérebro, que comanda todo o organismo.
“A enxaqueca atinge pessoas de todas as idades, mas tem o ápice entre os indivíduos de 30 e 50 anos. As mulheres são as que apresentam dores de cabeça – um dos principais sintomas da doença – mais fortes e incapacitantes, devido a questões biológicas e hormonais”, explica.
Quando se fala em exercícios físicos, a profissional afirma que eles podem, sim, ser benéficos para os sintomas da enxaqueca, desde que realizados sob orientação profissional e de forma regular, com condicionamento físico, de maneira progressiva e que não seja no momento da crise.
“Caminhadas leves são um bom exemplo de exercício para iniciar e depois evoluir para uma caminhada mais rápida ou até para a corrida. O exercício de maneira regular e orientada é muito importante, inclusive, para a prevenção de crises e controle da doença”, afirma a médica.
Então, devo treinar ou repousar quando estiver com enxaqueca?
Em momentos de crise, Thais indica que a pessoa com enxaqueca faça repouso, pois a dor pode ser piorada por mínimos movimentos do corpo, ainda mais durante a atividade física. “Depois de passada a crise, a orientação é que o paciente retome suas atividades de maneira tranquila, sem exageros, e com orientação.”
É importante dizer, ainda, que nenhum tipo de treino, prática esportiva ou atividade física pode causar enxaqueca, porque essa é uma doença hereditária. O que pode acontecer, segundo a profissional, é a atividade física ser um gatilho desencadeador de crises, principalmente em pessoas que sofrem com enxaqueca crônica, em que a dor de cabeça leve a moderada acontece em quase todos os dias do mês. “Essa pessoa sim está muito predisposta a ter gatilhos”, alerta ela.
Alerta para pessoas com enxaqueca
Thais ressalta algo importante para as pessoas que têm enxaqueca: evitem se automedicar para treinar ou para praticar esporte ou atividade física.
Segundo ela, muitas pessoas, em vez de controlar a enxaqueca, acabam tomando analgésicos para não terem dor de cabeça no treino. Há, também, aquelas que estão sem tratamento e, sempre após o treino, sentem piora da dor de cabeça, recorrendo a analgésicos, anti-inflamatórios ou remédios de crise.
“O uso excessivo dessas medicações só piora a enxaqueca”, ela alerta. Por esse motivo, o ideal é buscar ajuda médica para tratar a doença crônica e manter os sintomas sob controle.