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O que é e como lidar com o estresse financeiro

O estresse gerado pela nossa relação (ou falta de) com o dinheiro pode trazer consequências graves para a saúde física e mental

Por Marcela De Mingo
Atualizado em 12 set 2023, 15h20 - Publicado em 2 jan 2023, 08h00

O último ano não foi dos melhores para a economia brasileira, e dinheiro é um assunto muito presente no nosso dia a dia, mas que pode gerar bastante preocupação. O estresse financeiro é real, e aprender a identificar e tratar essa condição é importante, inclusive, para melhorar a nossa relação com o tema. 

O QUE É ESTRESSE FINANCEIRO? 

Estresse é um conjunto de reações psicológicas ou físicas apresentadas por uma pessoa diante de situações que exigem um grande esforço mental, físico ou emocional para serem superadas. Ou seja, o nosso corpo responde de um jeito diferente por conta das reações químicas que isso provoca.

“Costumo exemplificar aos clientes criando uma imagem de uma pessoa com manequim 42, tentando vestir uma calça 38 – e isso faz com que o tecido esgarce, por ter sido submetido a uma pressão maior do que sua natureza permite suportar”, exemplifica Rebeca Toyama, especialista em carreira, comportamento e tendências. 

Podemos experienciar o estresse por muitos motivos – talvez um dos mais conhecidos seja o trabalho, em que a pressão gerada pelos prazos e entregas pode deixar qualquer um sob profundo estado de estresse, ao ponto de evoluir para uma condição ainda mais complexa, o burnout

Por isso, não é nenhuma surpresa que o estresse também pode aparecer quando o assunto é o dinheiro. De acordo com Rebeca, essa resposta do organismo está muito conectada à escassez de recursos, principalmente os limitados, como dinheiro e tempo

“Vale ressaltar que o desencadeador é a relação com o dinheiro e não exatamente a quantidade que se ganha ou se gasta”, diz a mestre em psicologia clínica. “Essa relação é sustentada por uma série de preceitos, que nem sempre condizem com a realidade, e isso faz com que as decisões das pessoas tragam resultados indesejados, gerando estresse, e, muitas vezes, distúrbios financeiros e dívidas.”

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COMO IDENTIFICAR O ESTRESSE FINANCEIRO? 

As pessoas que sofrem com o estresse financeiro costumam apresentar alguns sintomas, como: 

  • Ansiedade, preocupação ou desespero sobre a situação financeira, independentemente da situação patrimonial.
  • Ausência de economias e reservas financeiras.
  • Excesso de dívidas e inadimplência. 
  • Falência, empréstimos pendentes, ou ambos. 
  • Conflito sobre dinheiro com familiares, amigos ou colegas de trabalho. 
  • Incapacidade de manter mudanças nos comportamentos financeiros. 

E, sim, dívidas podem ser consideradas um sintoma de estresse financeiro justamente porque podem demonstrar dificuldades com a administração dos próprios recursos, hábitos nocivos em relação a dinheiro, entre outros.  

COMO TRATAR O ESTRESSE FINANCEIRO? 

“Bem-estar financeiro não é algo que acontece ao acaso, é algo que pode e merece ser planejado”, diz Rebeca. “Devemos buscar informação e autoconhecimento e desenvolver as 4 competências promotoras de bem-estar financeiro.”

Essas 4 competências têm relação direta não só com os nossos hábitos, mas também com a nossa forma de pensar sobre dinheiro e a maneira como lidamos com questões financeiras ao longo do tempo. São elas: 

  • Comparar-se com os seus próprios padrões, não com outros (quadro de referência interno).
  • Ser altamente motivado para se manter na linha perante os obstáculos (perseverança). 
  • Ter a tendência de planejar o futuro, controlar impulsos e pensar criativamente para enfrentar desafios inesperados (funcionamento executivo).
  • Acreditar na sua capacidade de influenciar seus resultados financeiros (autoeficácia financeira).   

Fora isso, segundo a especialista é necessário usar essas 4 competências para adaptar e começar a praticar os seguintes hábitos: 

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  • Honrar com as despesas mensais para não se endividar. 
  • Ter as finanças sob o controle (ou seja, manter um olhar atento ao seu fluxo de caixa).
  • Planejar o futuro respeitando o orçamento doméstico. 
  • Fazer escolhas assertivas de produtos financeiros.
  • Manter-se atualizado sobre questões financeiras e acompanhar seu balanço patrimonial. 

CONSEQUÊNCIAS DO ESTRESSE FINANCEIRO

Fato é: o estresse financeiro não tratado, assim como o estresse “tradicional”, tem consequências graves a longo prazo. 

“Impacta tanto na saúde mental quanto na saúde física. Quadros de ansiedade, depressão e burnout apresentam grande relação com o estresse financeiro, assim como divórcio, baixa produtividade e demissões”, explica a profissional. 

Por outro lado, tratar de forma efetiva esse estresse traz muitos benefícios. Para começar, gera liberdade de escolha sobre a vida presente, sem comprometer o futuro – por exemplo, você pode aproveitar o seu agora sabendo que a aposentadoria e o envelhecimento saudável a aguardam mais para frente. 

Fora isso, garante que você esteja preparada para imprevistos e choques financeiros, como desemprego, pandemias (a de covid-19 foi um ótimo exemplo disso) ou doenças.

“Fora ter qualidade de vida e realizar sonhos como: viagens, casa própria, carro, estudos e cuidar de pessoas queridas”, finaliza. 

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