Quando a pinta é perigosa?

Esclareça suas dúvidas sobre quando essas manchas podem ser um câncer de pele e conheça os sinais que elas dão de que são malignas

Por Cristina Nabuco (colaboradora)
Atualizado em 21 out 2024, 17h30 - Publicado em 20 jun 2018, 16h00
Quando a pinta é perigosa?
 (ChesiireCat/Thinkstock/Getty Images)
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Cobiçadas no tempo de Marilyn Monroe e sua charmosa versão instalada na bochecha, as pintas passaram a ser condenadas a partir da descoberta da relação com o câncer de pele. A ordem era remover sempre! Nos últimos anos, porém, reina o equilíbrio: a análise periódica permite diferenciar as perigosas das inofensivas e só intervir se houver necessidade. Sorte dos apreciadores!

O dermatologista Luís Torezan, de São Paulo, esclarece as principais dúvidas sobre o assunto:

Por que as pintas aparecem?

As pintas ou nevos, o nome científico, são pequenas formações planas ou em relevo, lisas ou rugosas na pele. A maioria apresenta tons de castanho e são compostas de células especiais, as névicas, que não têm outra função além de formar essas lesões. O que determina o aparecimento é a predisposição genética, mas a exposição solar também conta. Quanto mais toma sol, maiores os riscos de você ter pintas precocemente. Elas “nascem” geralmente na infância e adolescência, mas algumas podem surgir até a terceira década de vida.

Todas as pintas são perigosas?

Não, depende das características. Algumas trazem prejuízo estético, mas não oferecem risco de transformação maligna. Já outras, mesmo que discretas, podem causar maior preocupação.

Pintas e sardas são a mesma coisa?

Não, são formações diferentes. As sardas sempre são planas, têm coloração castanho-claro e decorrem do aumento na quantidade de melanina, pigmento que colore a pele e é produzido por outra célula, o melanócito. O principal fator desencadeante para quem apresenta tendência hereditária para desenvolvê-las é a exposição à luz solar. Por isso deve tomar muito cuidado especialmente na praia e no alto verão: o sol pode aumentá-las em quantidade e tamanho e vir a escurecê-las.

Por que são mais comuns em quem tem pele clara?

Tanto as pintas quanto as sardas se desenvolvem mais em ruivos e loiros em decorrência da sensibilidade aos raios ultravioleta. Mas morenos e negros não estão imunes e, portanto, também devem evitar exposição ao sol em horários de pico.

Pessoas com muitas pintas correm mais risco de câncer de pele?

Sim, elas são mais vulneráveis aos tumores de pele, inclusive o tipo mais grave, o melanoma, que tem alto risco de metástase (quando surgem focos do tumor em outros locais) e não responde bem ao tratamento, a menos que seja removido em estágio precoce.

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O câncer sempre se desenvolve a partir de uma pinta perigosa?

O melanoma, sim. Mas os cientistas não sabem dizer se as pintas benignas se transformam em malignas por traumas e exposição exagerada ao sol ou se isso acontece apenas com as que já nascem predispostas a originar o tumor. Já os tipos menos severos de câncer de pele (carcinomas basocelular e espinocelular) não têm relação com pintas.

As piores são as de cor negra?

Apesar de chamarem mais atenção, pintas negras não estão sempre relacionadas ao melanoma. O mais importante é a alteração na pigmentação: era castanha e ficou com as bordas pretas, adquiriu tripla coloração ou a cor se tornou irregular. Então, ela deve ser avaliada por um dermatologista.

Se a pinta tiver pelo significa que é mais perigosa?

Em geral, essas pintas aparecem na primeira infância e são inofensivas, mas devem ser vistas pelo médico, especialmente se tiverem mais de 6 milímetros de diâmetro.

Que parâmetros são considerados para analisar uma pinta?

As associações médicas desenvolveram o padrão ABCDE [saiba mais abaixo], sendo A de assimetria (um lado difere muito do outro); B de bordas (os contornos são irregulares, há reentrâncias para dentro e para fora); C de cor (a coloração é irregular); D de diâmetro (acima de 6 milímetros, o risco de melanoma aumenta); e E de evolução (refere-se ao crescimento acelerado).

É preciso ficar mais atento às pintas localizadas nas áreas expostas?

Embora seja mais frequente em áreas expostas ao sol, o melanoma também pode aparecer em locais escondidos, como embaixo do braço, nos dedos dos pés, na palma das mãos e nos genitais. Uma pinta nova em área não exposta tem que ser rapidamente avaliada.

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O exame feito no consultório pode afirmar que a pinta sinaliza câncer de pele?

O dermatoscópio, aparelho portátil com lentes que aumentam de 10 a 70 vezes o tamanho da pinta, identifica sinais precoces de câncer de pele. Mas o diagnóstico final só é dado após o exame no laboratório das células removidas da lesão.

Por segurança, todas as pintas devem ser extraídas?

Não. A tendência hoje é acompanhá-las. Se houver muitas, pode ser feito o mapeamento digital das pintas, uma técnica em que fotografias são comparadas em um programa de computador para estimar o risco de transformação maligna de cada uma. Quando alto, a orientação é a remoção cirúrgica. Do contrário, a pinta pode ser monitorada e reavaliada a cada três ou seis meses. Mas quando está localizada em área sujeita a atrito (sob o elástico do sutiã, na planta dos pés, embaixo do braço), recomenda-se a retirada, pois a agressão contínua pode favorecer a transformação maligna da pinta.

Em caso de câncer de pele, qual é o tratamento?

O mais importante é extrair a pinta e um pouco do tecido ao redor. Dependendo do estágio do tumor (essa avaliação é feita no laboratório), pode haver a indicação de quimioterapia e imunoterapia.

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O ABCDE das pintas

As primeiras cinco letras do alfabeto são um guia para perceber os sinais de alerta do melanoma. Confira:

Quando a pinta é perigosa?
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1. Assimetria

Dividida ao meio, os dois lados da pinta devem ser simétricos. A assimetria, quando as metades não correspondem, é sinal de alerta de melanoma.

2. Bordas

As pintas devem ter bordas uniformes e lisas. No caso de melanoma inicial, as bordas tendem a ser irregulares, e podem estar entrecortadas ou serreadas.

3. Cor

As benignas costumam ter uma cor só. Tons variados (marrom, castanho, preto) também são sinal de alerta. O melanoma pode mudar para tons de vermelho, branco ou azul.

4. Diâmetro

As pintas não malignas geralmente têm um diâmetro menor. Já as cancerígenas têm o diâmetro maior que 6 milímetros, mas podem ter um tamanho menor no início.

5. Evolução

Se suas pintas apresentarem mudança na cor, no formato, tamanho e relevo, sangrar, coçar ou formar crosta, consulte um médico.

Matéria originalmente publicada em julho de 2014.

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