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Saúde vaginal e probióticos: será que as “bactérias do bem” podem ajudar?

Entenda como esses micro-organismos vivos podem contribuir para a prevenção de problemas na parte íntima feminina

Por Juliany Rodrigues
Atualizado em 21 out 2024, 16h46 - Publicado em 13 mar 2023, 09h23
Entenda a relação entre os probióticos e a saúde vaginal
Será que esses micro-organismos vivos podem fazer a diferença para a saúde da vagina? | (Racool_studio/Freepik/Reprodução)
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Definidos pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como micro-organismos vivos que podem contribuir para a saúde humana, os probióticos são conhecidos, principalmente, por ajudarem na questão intestinal. Mas, ao que tudo indica, não é apenas para essa finalidade que eles podem ser interessantes.

Apesar de ainda não serem conclusivos, estudos científicos apontam que pelo menos uma cepa de probióticos, L. acidophilus, pode ser benéfica para a saúde vaginal, atuando na prevenção e no tratamento de problemas de desequilíbrio na região.

 

A FLORA VAGINAL

Saúde vaginal e probióticos
A flora vaginal é importante para manter a região sempre saudável | (freepik/Freepik/Reprodução)

A microbiota vaginal, ou flora vaginal, é o nome que se dá à concentração de minúsculos organismos que vivem na parte íntima feminina, sendo que uma grande parte dela é formada por um tipo de bactéria chamado lactobacilos.

De acordo com a Dra. Karen Rocha De Pauw, médica ginecologista, obstetra e especialista em reprodução humana, a microbiota acidifica a vagina, o que é indispensável para manter a região livre de patógenos que causam doenças como vaginose bacteriana e candidíase.

“Quando temos um desequilíbrio na flora vaginal, com a queda dos lactobacilos ou por condutas ou por uso medicações, o pH vaginal passa a não ser mais ácido. Com isso, a vagina se torna um ambiente adequado para a proliferação de bactérias que podem causar doenças”, detalha a Dra. Bruna Pitaluga, médica obstetra.

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Entre os principais fatores que podem causar esse desequilíbrio estão: relações sexuais desprotegidas, alterações hormonais e maus hábitos de higiene.

Para identificar que algo não vai bem com a sua vagina, é preciso prestar atenção na presença de odores, de coceira e de corrimento, segundo as médicas.

PROBLEMAS

 

Esses desequilíbrios na saúde vaginal podem resultar em algumas doenças, por exemplo, vaginose bacteriana, candidíase e tricomononíase. Também aumentam as chances de desenvolver infecções no trato urinário.

  • Vaginose bacteriana
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A vaginose bacteriana acontece por causa da proliferação exagerada de bactérias que ficam na região, especialmente a Gardnerella vaginalis. Esses micro-organismos adicionais geram o aumento do pH vaginal, reduzindo a quantidade de lactobacilos e, por isso, faz com que as mulheres apresentem ardor ao urinar, corrimento vaginal cinza ou leitoso, odor e coceira.

No geral, ainda não há certezas sobre o que causa a VB, mas alguns aspectos parecem colocar algumas mulheres em maior risco: ducha vaginal, ter mais de um parceiro sexual ou um novo, falta natural de lactobacilos.

  • Infecções fúngicas

A maioria dos casos de doenças fúngicas na vagina envolvem um fungo chamado Candida albicans, responsável por causar a famosa candidíase.

Quando as boas bactérias da vagina estão em ordem, elas controlam o crescimento desses fungos. Isso significa que, se há algum desequilíbrio com elas, os fungos crescem fora de controle dentro da região íntima.

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Os sintomas de uma infecção por fungos incluem: irritação, dor, coceira intensa, corrimento branco ou aquoso e sensação de queimação durante o sexo ou ao urinar.

  • Tricomoníase

Classificada como uma infecção sexualmente transmissível, a tricomoníase é provocada pelo protozoário Trichomonas vaginalis, que gera microlesões na parte interna da vagina e se manifesta por meio de coceira, queimação, vermelhidão no local, dor, desconforto ao urinar e alterações no corrimento.

A respeito dessa doença, os probióticos não ajudam no seu tratamento e na sua prevenção, porém vale a pena destacar que qualquer desequilíbrio vaginal, como a vaginose, aumentam as chances de ISTs. Para tratá-la, o ideal é consultar um ginecologista, que indica os medicamentos adequados, como os antibióticos.

OS PROBIÓTICOS

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Segundo a OMS, os probióticos são bactérias e, quando ingeridos em quantidades adequadas, podem conferir benefícios à saúde. No nosso organismo, a sua atuação mais conhecida é a recolonização da microbiota intestinal, impedindo a proliferação de bactérias ruins nesse órgão.

“Os probióticos são úteis para evitar sintomas de problemas intestinais, como a diarreia, a constipação e a prisão de ventre. Também são indicados para lidar com doenças, como colite, síndrome do intestino irritável, Doença de Crohn e inflamação intestinal”, detalha Ramiele Calmon, especialista em saúde da mulher e da qualidade de vida.

Além disso, Ramiele acrescenta que essas “bactérias do bem” podem auxiliar no combate ao câncer, doenças imunes e na prevenção de doenças neurológicas (depressão e Alzheimer, por exemplo).

Podem ser consumidos por meio de suplementação ou pela ingestão de alimentos como iogurte, leite fermentado, kombucha, kefir, chucrute, miso e tempeh, de acordo com Sabrina Theil, nutricionista clínica e pós-graduada em nutrição funcional, estética e fitoterapia.

 

SAÚDE VAGINAL X PROBIÓTICOS

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Saúde vaginal e probióticos
Consuma probióticos! | (chandlervid85/Freepik/Reprodução)

Não existem conclusões científicas de que os probióticos realmente são eficazes no tratamento ou na prevenção de problemas relacionados ao desequilíbrio vaginal. Na verdade, os antibióticos continuam sendo indispensáveis para esses casos.

No entanto, evidências científicas sugerem que os probióticos, encontrados em iogurtes, cápsulas e supositórios vaginais, podem desempenhar um papel significativo quando o assunto é prevenir ou tratar algumas condições que afetam a parte íntima feminina.

Um estudo de 1996 mostrou que mulheres que consumiam iogurtes probióticos repletos de Lactobacillus acidophilus tinham uma quantidade maior de bactérias boas na vagina em comparação àquelas que não fizeram isso. As que comeram o iogurte probiótico também apresentaram uma probabilidade menor de desenvolver vaginose bacteriana do que as outras. Diante disso, ficou evidente que os probióticos podem ter um “efeito protetor” da saúde vaginal.

Ainda sobre esse assunto, outros estudos registraram que ingerir uma cápsula probiótica diariamente pode entregar resultados eficazes.

Em um estudo, metade de um pequeno grupo de mulheres diagnosticadas com VB tomaram antibióticos mais placebo por sete dias para tratar a doença, enquanto a outra parte tomou esses medicamentos com probióticos por trinta dias.

Em trinta dias, no grupo que recebeu antibiótico e placebo, a taxa de cura foi de 40%. Já na outra metade, que recebeu antibiótico e probióticos, a taxa foi de 90%.

Outros estudos investigaram os efeitos dos supositórios probióticos vaginais para o tratamento da vaginose bacteriana. O resultado foi que 57% das mulheres que utilizaram essas alternativas se livraram do problema e conseguiram manter o equilíbrio da sua saúde vaginal. Entretanto, isso não permaneceu em muitas delas, sendo que apenas 11% das que receberam o supositório ficaram totalmente curadas da VB após a menstruação subsequente.

Para determinar se os probióticos efetivamente entregam todas essas vantagens para a saúde íntima feminina, ainda são necessários mais pesquisas.

A ginecologista Dra. Karen Rocha especifica que as bactérias que mais podem auxiliar na prevenção de doenças na vagina são as mais acidificantes, como é o caso da Lactobacillus acidophilus. Apesar disso, duas cepas importantes, Lactobacillus rhamnosus Lactobacillus reuteri, também vêm sendo analisadas para esse objetivo.

“Os probióticos podem contribuir para a saúde vaginal porque mantém o pH vaginal ácido, impedindo a ascensão de bactérias que podem causar doenças para as mulheres”, esclarece a médica obstetra Bruna Pitaluga, que ressalta que esses micro-organismos vivos podem ser grandes aliados para a saúde íntima feminina, quando utilizados em conjunto com outros hábitos saudáveis.

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