Conheça a mulher que criou a 1ª crew de corrida para negros
Debora Gonçalves é uma das líderes do grupo PRJCT Run, que busca mais representativade no esporte
“Tinha que ser preto mesmo!”, gritou uma ciclista quando Débora passou pela ciclovia enquanto corria com amigos na Avenida Paulista, em São Paulo. O ataque racista foi o estalo que a fez perceber quão mísera era a participação de negros num esporte que, teoricamente, deveria ser democrático.
“Não me sentia representada. Era quase impossível encontrar negros treinando na rua e até mesmo nas fotos marcadas com hashtags do assunto”, diz. Por isso, junto à educadora física Poliana Santana, ela criou a Prjct Run, primeira crew liderada apenas por negros na capital paulista. “É imprescindível que os jovens da periferia tenham alternativas para sair do sofá e das baladas e viver de forma mais saudável”, diz.
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Mega-animada, Débora já tinha sentido na pele como a atividade física transforma o bem-estar de uma pessoa, ainda mais de quem é tipicamente urbana como ela – com inúmeros deveres do trabalho, da família (são três filhos!) e de casa.
“Antes, treinava musculação, só que de forma engessada – todo dia, a mesma sequência”, conta. “Inspirada por um amigo corredor, arrisquei os primeiros passos no parque. Descobri o que era amar um esporte de verdade!”
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Em quatro meses, ela já havia completado uma meia maratona. “Ganhei qualidade de vida e transformei meu corpo. O exercício desafia a mente, quebra qualquer monotonia e faz com que a gente queira sempre mais”, afirma.
Toda essa emoção, por fim, precisava ser vivenciada por mais gente. “A corrida não tem que ser solitária nem competitiva. Dá para reunir a galera sem julgamento.” Com esse pensamento, Débora passou a liderar, todos os domingos, um grupo que acelera em um pace confortável (acima de 6 min/km) pela mesma Avenida Paulista. Carregando caixas de som que ecoam hip hop, ela e os amigos se asseguram de que ninguém fique para trás nem se sinta intimidado por ocupar as vias da cidade.
“Vamos driblar o racismo com corrida, música alta e alegria!”, afirma. Muita alegria! A crew chama a atenção não só por quebrar o silêncio da manhã – Débora usa um megafone para dar “bom dia” a cada um que cruza seu caminho –, mas também por juntar corredores tão heterogêneos (de todas as idades, cores e performances).
O movimento ainda é tímido, mas a audiência vem crescendo. “A corrida faz você superar o cansaço do dia a dia, quebrar barreiras que considerava intransponíveis e se esquecer das dores nas pernas”, comenta. Adrenalina e sensação de liberdade também estão na lista dos benefícios que ela enumera.
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Não à toa, a família inteira é muito ativa: o marido a acompanha na crew, o filho mais velho joga basquete, a filha prefere vôlei e o caçula até arrisca uns passinhos nos corres. Já no mundo virtual, o sucesso do grupo inspirou outros jovens da periferia a desenvolver projetos semelhantes em suas comunidades, sempre movimentando o corpo – e a sociedade.
#BeTheChange
O vídeo desta reportagem é parte do projeto #BeTheChange, uma série de minidocumentários sobre mulheres que, de alguma forma, promovem mudanças na realidade delas e, com isso, estão transformando o mundo. Além de BOA FORMA, se engajaram nessa ideia as marcas CAPRICHO, COSMOPOLITAN, ELLE e MdeMulher.