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Conheça a mulher que criou a 1ª crew de corrida para negros

Debora Gonçalves é uma das líderes do grupo PRJCT Run, que busca mais representativade no esporte

Por Maria Lucia Zanutto (colaboradora) e Daniela Bernardi
Atualizado em 13 mar 2018, 12h19 - Publicado em 8 mar 2018, 10h47

“Tinha que ser preto mesmo!”, gritou uma ciclista quando Débora passou pela ciclovia enquanto corria com amigos na Avenida Paulista, em São Paulo. O ataque racista foi o estalo que a fez perceber quão mísera era a participação de negros num esporte que, teoricamente, deveria ser democrático.

“Não me sentia representada. Era quase impossível encontrar negros treinando na rua e até mesmo nas fotos marcadas com hashtags do assunto”, diz. Por isso, junto à educadora física Poliana Santana, ela criou a Prjct Run, primeira crew liderada apenas por negros na capital paulista. “É imprescindível que os jovens da periferia tenham alternativas para sair do sofá e das baladas e viver de forma mais saudável”, diz.

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Mega-animada, Débora já tinha sentido na pele como a atividade física transforma o bem-estar de uma pessoa, ainda mais de quem é tipicamente urbana como ela – com inúmeros deveres do trabalho, da família (são três filhos!) e de casa.

“Antes, treinava musculação, só que de forma engessada – todo dia, a mesma sequência”, conta. “Inspirada por um amigo corredor, arrisquei os primeiros passos no parque. Descobri o que era amar um esporte de verdade!”

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Em quatro meses, ela já havia completado uma meia maratona. “Ganhei qualidade de vida e transformei meu corpo. O exercício desafia a mente, quebra qualquer monotonia e faz com que a gente queira sempre mais”, afirma.

Toda essa emoção, por fim, precisava ser vivenciada por mais gente. “A corrida não tem que ser solitária nem competitiva. Dá para reunir a galera sem julgamento.” Com esse pensamento, Débora passou a liderar, todos os domingos, um grupo que acelera em um pace confortável (acima de 6 min/km) pela mesma Avenida Paulista. Carregando caixas de som que ecoam hip hop, ela e os amigos se asseguram de que ninguém fique para trás nem se sinta intimidado por ocupar as vias da cidade.

“Vamos driblar o racismo com corrida, música alta e alegria!”, afirma. Muita alegria! A crew chama a atenção não só por quebrar o silêncio da manhã – Débora usa um megafone para dar “bom dia” a cada um que cruza seu caminho –, mas também por juntar corredores tão heterogêneos (de todas as idades, cores e performances).

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O movimento ainda é tímido, mas a audiência vem crescendo. “A corrida faz você superar o cansaço do dia a dia, quebrar barreiras que considerava intransponíveis e se esquecer das dores nas pernas”, comenta. Adrenalina e sensação de liberdade também estão na lista dos benefícios que ela enumera.

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Não à toa, a família inteira é muito ativa: o marido a acompanha na crew, o filho mais velho joga basquete, a filha prefere vôlei e o caçula até arrisca uns passinhos nos corres. Já no mundo virtual, o sucesso do grupo inspirou outros jovens da periferia a desenvolver projetos semelhantes em suas comunidades, sempre movimentando o corpo – e a sociedade.

#BeTheChange

O vídeo desta reportagem é parte do projeto #BeTheChange, uma série de minidocumentários sobre mulheres que, de alguma forma, promovem mudanças na realidade delas e, com isso, estão transformando o mundo. Além de BOA FORMA, se engajaram nessa ideia as marcas CAPRICHOCOSMOPOLITANELLE e MdeMulher.

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