Manual do delivery saudável: o que escolher de cada restaurante típico
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por Amanda PanteriAtualizado em 12 jan 2022, 17h00 - Publicado em
21 Maio 2020
07h00
Optar por refeições equilibradas é difícil quando falamos em pratos por entrega. Confira como pedir um delivery saudável e veja dicas para evitar a contaminação do coronavírus na hora de comer.
Pedir comida em casa é um hábito que os brasileiros vêm adotando há um tempo. Segundo a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), as encomendas via aplicativo movimentaram cerca de R$11 bilhões somente no ano passado. E a quarentena imposta pela pandemia aparentemente está contribuindo ainda mais para esse cenário: muita gente aposta nas entregas de refeições para facilitar o dia a dia ou ter um momento especial com a família. Mas dentre tantas opções disponíveis, é possível optar por um delivery saudável?
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Comfort food
Quando nos vemos dominados por sensações como angústia, medo ou até tristeza (infelizmente muito presentes de uns tempos para cá), é natural que nosso organismo tente encontrar saídas rápidas para neutralizar esses sentimentos. Algumas pessoas, então, enxergam na comida o acalento que precisam. E é aí que entram as comfort foods. “Com uma refeição, é possível amenizar a saudade da terra natal, relembrar momentos do passado ou receber ganhos emocionais”, explica a médica nutróloga Marcella Garcez (@dramarcellagarcez), diretora da Associação Brasileira de Nutrologia.
Aquele bolo de fubá com goiabada quetinho, uma pizza de sexta à noite ou um pote de sorvete. O estômago fica cheio, mas parece que quem sai ganhando mesmo é o coração. Mas por que será que quando pensamos em comfort food, a primeira coisa que vêm à mente são ingredientes calóricos, gordurosos ou açucarados? Há vários motivos para isso.
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Culturalmente falando, a comida é vista como um prêmio.
“Desde pequenos, somos levados a construir esse tipo de relação com a alimentação. Se estamos tristes, ingerimos algo para nos animar. Se ficamos felizes, comemoramos com um jantar, por exemplo. Parando para pensar, a comida está presente em diversas ocasiões importantes de nossas vidas, desde festas de aniversários a formaturas e casamentos”, diz o psicólogo e doutor em neurociência do comportamento Yuri Busin, diretor do Centro de Atenção à Saúde Mental – Equilíbrio (CASME). A educação que recebemos na infância também reproduz a ideia de que alguns ingredientes devem ser merecidos. Afinal, quem nunca escutou dos pais ou familiares “se você parar de chorar, vai ganhar aquele chocolate que gosta”?
Certos alimentos estimulam a liberação de hormônios.
“Os gordurosos contribuem para a produção de leptina, conhecida como o hormônio da saciedade. As dietas muito restritivas também ativam a necessidade de compensação do cérebro e, então, quando a pessoa se vê diante de algo que ela não pode comer, exagera pela sensação de bem-estar que isso proporciona”, afirma a nutricionista Gabriela Cilla (@gabi_cilla), da Clínica NutriCilla. O açúcar é outro ingrediente muito conhecido pela onda de substâncias que libera no organismo (como a dopamina).
E também nossos sentidos.
“A comida provoca vários estímulos externos através dos sentidos, como boa aparência (visão), odor agradável (olfato), textura suave (tato) e sabor (paladar). Todos eles liberam neurotransmissores que chegam ao sistema nervoso e resultam em sensações agradáveis (ou não)”, diz Marcella Garcez. A memória afetiva também entra em jogo: alguns pratos são associados por nós a lembranças alegres ou pessoas importantes.
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Quando o conforto se torna um problema
Inserir momentos de prazer no cotidiano é essencial para manter a saúde mental e ajudar a enfrentar o contexto atual. “Cada um de nós está passando por um momento de sensações à flor da pele. Medo, angústia e até pânico parecem querer tomar conta”, afirma o psicólogo. O problema aparece, de acordo com ele, quando o indivíduo perde o controle e tenta compensar todo e qualquer sentimento na alimentação, chegando em quadros de compulsão.
Em qualquer sinal de compulsão alimentar, é recomendada a procura de auxílio profissional. Por isso, vale prestar atenção aos sintomas:
“Antes de pegar o celular para pedir a comida, faça uma breve avaliação das suas emoções. Se qualquer sentimento negativo estiver presente, é preciso repensar a real necessidade do alimento”, diz Yuri Busin;
Depois de comer sempre vem aquele sentimento de culpa? É um sinal de que a comida foi usada como escape;
Ficou com uma vontade súbita de um ingrediente específico (como algum doce)? Geralmente acontece quando a fome é mais emocional do que física;
Outro sintoma de que sua fome é emocional: quando ela não passa, não importa o quanto você coma.
Agora, se seu caso não é compulsório, está mais do que válido procurar um delivery de vez em quando, mas é claro que é aconselhável pedir os saudáveis. Veja como.
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Como escolher o delivery saudável ideal
A nutricionista Gabriela Cilla explica que uma comfort food não precisa, necessariamente, ser maléfica para o corpo. Um delivery saudável, por exemplo, pode suprir algumas necessidades do dia a dia e ainda promover a sensação de bem-estar. “Procure, no aplicativo, por restaurantes com uma pegada mais natural e orgânica. E encontre pratos gostosos, mas ainda nutritivos. É o caso do escondidinho, que contém fontes de proteína e carboidratos.”
Contudo, se a vontade for de algo mais calórico (tudo bem, isso acontece!), evite os fast-foods e preze sempre por lugares que usam ingredientes produzidos por eles. Afinal, um hambúrguer artesanal é muito mais delicioso que o industrial. Gabriela ainda dá dicas sobre o que optar em casa situação:
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Restaurante japonês: “Troque os itens fritos (tempurá, harumaki e hot rolls) por sashimi e sushis feitos com peixe cru. Peça um temaki sem cream cheese e vá de legumes assados.”
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Restaurante tex-mex: “Pratos com guacamole [mistura de abacate com limão, tomate, cebola e ervas] e bases assadas (tortillas e quesadillas) são ótimas opções. Em alguns lugares, os nachos não são fritos, então pergunte para o estabelecimento antes.”
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Prato-feito: “Escolha uma proteína menos gordurosa, como o peito de frango. E evite acompanhamentos como a batata frita – troque por legumes cozidos.”
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Pizzaria: “Recheios com pouca gordura e muita proteína são os melhores. Atum, frango, vegetais e legumes ficam ótimos na pizza. E evite o catupiry na borda, assim como os condimentos.”
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Hamburgueria: “Certifique-se de que a carne usada é a mais natural possível. Evite condimentos se você fizer questão de bacon.”
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Proteja-se do Covid-19
Além de prestar atenção na saudabilidade da comida a ser pedida, agora é preciso também atentar-se à higiene. Marcella Garcez explica que não há evidências de que a COVID-19 seja transmitida por meio dos alimentos, e o cozimento dos mesmos elimina o vírus. No entanto, há o risco de contaminação das sacolas e embalagens. “Elas devem ser limpas com água e sabão, desinfetante, água sanitária ou álcool de limpeza 70”, afirma.
Ao entrar em casa, você precisa esvaziar o conteúdo em um prato limpo, descartar a embalagem em um saco de lixo e lavar bem as mãos antes de comer. “Tire a comida do recipiente com uma colher e coma com garfo e faca, não com as mãos”, diz a médica. O reaquecimento da refeição é opcional, mas garante uma segurança extra.
Pratos como saladas, comida japonesa e frutas (que são crus) oferecem maiores chances de contaminação justamente por não serem aquecidos. “Porém os estabelecimentos que preparam esse tipo de alimento fresco para delivery e consumo seguem regras rígidas da vigilância sanitária e de controle de qualidade. Em virtude das particularidades desse momento de pandemia, uma boa dica é sempre que a opção for um pedido de comida crua e fresca, procurar comprar dos serviços conhecidos e tradicionais.”
E não esqueça: quando for pegar o pedido, mesmo que no portão de casa, você deve usar máscara, assim como o entregador também deverá estar com uma.